sábado, 24 de abril de 2010

Vai embora.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

o vento de calmaria que a vida vem dizer

Enquanto eles dormem, menina, deixe-os dormir. Não se sente mal em tentar acordá-los á força? Sim, sente-se sim. Não sabe nunca o que fazer, não sabe nunca o que está acontecendo... não ajoelhe-se, está bem? Tem-se machucado demais, e machucado demais também. Venha cá, sente-se aqui...venha, sente-se aqui. Deite a cabeça em meu colo, escute, eu vou cantar. Está bem? Descanse um pouco, deixe-se cair nos braços das árvores como sempre quis. Fique calma, é da sua natureza, fique calma. Seu sofrimento deve vir disso, de não estar funcionando do jeito certo, entende? Tudo bem, fique com a música sim, fique com a humildade sim, fique com o seu desejo mais íntimo sim. Não brigue, pare de brigar, minha querida. Não vê que isso de nada adianta? De nada, nada mesmo? Escute, meu bem, pare de gritar, não mais chacoalhe ninguém, não queira que ninguém desperte por atingir algum limite. Olha, eu preciso lhe dizer: as pessoas acordam quando o sono acaba. Eu juro que é assim. Tente entender isso também, por favor. Eu sei, eu sei que vive pensando que o tempo é curto demais para perdas tão longas e para desperdícios tão nítidos, mas...pensar isso só piora tudo, é como um peso a mais para carregar, além da certeza do desperdício em si. Ah, se soubesse como dói em mim ver a sua ansiedade crescer, ver a sua dedicação em tentar salvar algo que vai se exvaindo, indo, indo embora tão depressa, tão sem notar a pena que é.. deixar de viver algo. Uma coisa que vai ficando rala, dispersa, cega, surda, pálida, vazia... sem notar ao menos. Um acontecimento sutil. Portador de um mar de potencialidades para uma gama de tormentas a mais a serem geradas. Eu queria pôr dentro de você uma coisa, uma pequena coisa... e eu vou continuar tentando, o tempo que for necessário, só para ver um sorriso sincero teu. Minha querida, conseguirei ainda que receba a certeza do amor, está bem? Porque você precisa disso. Sinto tanto que ainda não a tenha... pois olhe, olhe para cá. Eles estão voltando a dormir, não estão? Agora, quando sentir a necessidade de acordá-los novamente, não o faça - e saiba que será difícil. Olhe para cá, para mim, e olhe também para ali, logo ali onde está claro...veja: têm mais algumas pessoas acordadas, e você até conhece algumas delas. Vá lá viver o que quer viver, o que é capaz de viver. Por favor, dê a si o direito de fazer o que a natureza lhe pede para fazer, vá fazer o que as suas mãos sabem fazer. Entenda, está bem? Sem medo, sem medo. Estou aqui. Não sinta medo. Não há de quê. Não enxergue o véu negro, não mais. Vá pelas beiradas, alinhe seu coração, passe a mão nos enfermos, cante a eles uma música...assim está bom. Olhe, minha flor, por favor, não sinta receio em tocar; as pessoas são bondosas, elas serão capazes de aceitar o ser amor, não, não irão te rejeitar, está tudo bem. Pense nisso, por favor, veja isso. Como hoje o toque em seus cabelos...tão rápido, empregnou tanta coisa, não foi? Me admiro de ver como se importa tanto com tudo isso. Sorria, está bem? Pense naquilo que foi bom, pense nos instantes em que você e ele estiveram os dois acordados, e puderam conviver. Agora, ele voltou a dormir, como faz normalmente. Não chore, não sinta-se tão saudosa. Já lhe disse, há mais pessoas acordadas, esperando por você. Acalme-se, deixe-me conduzir as coisas... você não acredita em mim? Sim, não é? Minha querida, você logo entenderá tudo, e logo também conseguirá sentir-se menos perdida. Só deixe-me te ajudar, não vá tão sozinha, não pense que carrega todos em sua bolsa amarela nas costas e que, grande, ao seu lado, não há ninguém - porque há. Além de mim, um monte. Agora, sim? Permita que eu lhe tire essa armadura do corpo. Espere, só um pouco - eu sei que machuca -, pronto. Agora doerá um pouco porque fecharei as feridas, mas é rápido. Pronto. Viu? Está tudo bem. Pode levantar, querida. Beba um gole d'água, enxugue o rosto, seque a fúria. Pode olhar para aquele lado...está vendo? Eles te chamam, vá lá. Mas antes passe e dê um beijo nos teus amados que dormem. Acarecie-os a fronte e reze para que tudo melhore, e se alguém tiver febre, venha socorrer - mas não tente mais arrancar o sono de ninguém. Lembre-se do que mais quero que aprenda: se há dor, há algo fora do lugar. Cure isso e então haverá saúde. Fique bem, minha querida.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Do nosso mal, eu não sei mais o que dizer; num grito alto - você entende -, duma enxorrada de palavras voando furiosas em nossas direções e em sentidos opostos, dum gesto tão burramente não feito, dum orgulho tão fortemente construído do nada, eu quero me esquecer. Eu tento sempre, sempre, toda vez... é difícil - e fácil. Uma luta até que boa. E que aos poucos vem. Ruim é essa minha luta de não querer aceitar. Por que, por que diabos, por quê? Por que é que a natureza escolheu um método tão negróide para ensinar? Se no universo só existe esse tudo mesmo, e mais nada, então, ora pois, por que diaxo...ferir? Olha que eu penso muito, eu penso muito mas eu não consigo entender: qual a razão lógica para isso que tanto tanto tanto existe, o sofrimento? Então eu logo imagino que sim, será sempre difícil a minha existência nesse mundo, rejeitando muitas das regras que a natureza impõe. Primeiro de tudo: a minha ideologia está me machucando podridamente muito. Não quero provocar mal para provocar bem. Mas meu irmão disse - e isso eu aceito -: as pessoas só aprendem quando sentem na própria pele o que causaram. Isso, é, eu entendo: não há osmose de aprendizado. Você aprende vivenciando. E, portanto, quem te causa mal só entenderá esse mal quando senti-lo. AH! Que dor é pensar isso. A natureza diz por baixo: tá no lamaceiro querendo puxar ferido, terá de se sujar também. E é esse o caso. Esse é o caso por quê? Segundo: "na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". Isso. Então esse meu gosto amargo de culpa raiva nojo só vai passar quando eu transformá-lo em algo. (amanhã eu continuo...) mais feliz.

sábado, 17 de abril de 2010

um guerreiro não quer mais sua armadura pesada

Se eu pudesse ao menos um pouco mais, ao menos um pouco, entender a não-separação das coisas, a microscospiosidade de tudo, tudo, tudo... e de tão pequeno, tão invisível, tão indivisível, tão corruptível, por isso, em minha cabeça - por quê? Eu não queria ser assim, ou não quero (mais) agora, se de todo caso for. É ruim conseguir sempre sujar o todo inteiro multiplicando em minha própria mente a sujeira que é apenas parte do corpo... manchando coisas bem bonitas de alguém...para sempre (?). Já que triste é mais quem não sabe amar. Mas mesmo assim, eu mancho eu mesma também, toda vez, toda vez... controlando todos cálculos que deveriam ser naturais. Mas... queria ajuda, sim. Sabe, nunca me senti muito inserida ou totalmente confortável (em lugar algum), mas nunca tive a consciência de que talvez isso seja óbvio. É difícil um estrangeiro sentir-se em casa no país que não é dele...mas isso não é o que tento dizer agora. Começo desde algum tempo pensar que talvez as minhas lentes estejam muito desfocadas. A imagem do real que tenho talvez não seja a resultante verdadeira do mundo, da vida, das almas. Penso que pode estar tendendo pro lado torto, achando torto em tudo, tornando todo pequeno torto de um tudo num todo inteiro torto. Claro que não vai machucar ninguém isso... só eu mesma. O limite disso está beirando o transbordamento, tenho medo de ver em que lugar pode chegar o próximo passo - e se for naquilo onde termina o rio e começa a cachoeira? Não quero isso... quero começar a respirar o ar - já que criaturas da minha espécie enxem os pulmões de ar - e não mais permanecer fechando o nariz para não morrer afogada.
Moço, por que eu não entendo as incoerências? Penso ás vezes que se há silêncio agora, então sempre houve, e a fala nunca foi real... é isso? E se fosse isso, seria tão dolorido quanto descobrir que após a morte realmente não há vida. É isso? Pediria a você que me dissesse, já que com as minhas lentes certamente enxergaria algo errado, mas receio que daria na mesma... porque...pessoas mentem. Por um motivo, por outro, com motivos, é claro - quase sempre tão cruéis quanto as próprias mentiras - e então eu não saberia identificar se a sua boca estaria expelindo algo verdadeiro ou não - e começaria então a crescer em mim uma maior certeza ainda de que, se é capaz de dizer coisas para poder se proteger de alguma culpa ou coisa assim, também deve ter encenado coisas muito talentosamente para ter algo que queria no momento...não sei. Ah, é ruim acreditar no não-amor, na não-vida. Ah, é isso que eu quero entender. Como, como pode algo que um dia foi vivo...morrer? A morte é feia por isso. É como se, por causa das desconsiderações, desconsiderasse as considerações um dia existentes. Eu não entendo a morte como parte da vida. Eu entendo o afastamento para dar lugar a outros e depois o retorno, para que todos tenham vez. Mas a morte não entra na minha cabeça. E eu entendo as transformações. Como um sapo um dia vira adubo e depois um dia vira flor. Mas não entendo a transformação de um sapo em vácuo. Existe isso? Por isso pergunto: se há vácuo agora, então, nunca existiu sapo? Não tome o seu posto antigo de lenda. Responda, e vá embora. "Vire" vento soprando em outra direção como sempre foi. Tá bem? E aos deuses, eu peço muito: deixem eu separar sim, o bom do ruim, pra guardar na minha caixa de lembranças...como separar o joio do trigo, sim? Aham, só pra que a vida fique mais leve... e também, deixem eu me desgarrar, tá bem? Como deuses são, saberão. E...deixem as minhas lentes se acertarem, os tímpanos vibrarem na frequência certa, as mãos perceberem o real quente e o real frio... porque, essa desconfiguração me deixa tonta, tão tonta, a rodar feito em furacão, virando a cabeça muito, causando náusea desnecessária. E então, no mais, eu sei: eu peço, por tudo, para vós, para eles, e para mim: perdão.

terça-feira, 13 de abril de 2010

isso eu chamo de vingança. eu preciso vingar. sem te ofender, eu preciso vingar: preciso matar a fraca e presa e amamentar a forte e a livre.

now i feel the strenght growing up inside me!
now i feel the strenght growing up inside me. HA

My fever burns me deeper than I've ever shown to you

Ninguém tem culpa mas ainda assim eu quero jogar todo o meu lixo em algum lugar. Sendo bem egoísta mesmo - foda-se é o que eu quero gritar na janela pra rua toda escutar, e trainar a voz pro mundo inteiro ouvir também. Com potência máxima. Rasgando. Aliás, vendo as bocas boqueabertas rasgando de tão abertas também. Olha, olha pra minha cara, escuta: ninguém, ninguém tem culpa, eu entendo. Entendo também uma pessoa cretina não ter a mínima culpa de ser cretina. E falsa também - e maldosa. Não tem. Entendo do fundo da alma. Mas porra! Eu não preciso ficar feliz com isso. Nem fingir felicidade. Feito? Feito o trato?
É, eu quero, então: esquecer muuita coisa. Pra começar, começar a desaparecer. E não voltar pra ver a falta (ou a não-falta) que eu fiz - perde um pouco a graça mas é mais saudável certamente. Eu quero: mudar de cidade. Aham, ir pra essa cidade bonita e ensolarada e esverdeada mesmo, e cheia de gente que deve ser bonita por fora (e por dentro) pra variar um pouco esse seu gênero. E aí é que vem o toque bom: nunca te avisar, jamais, nunca mais, nunca na vida mais. Aniquilar a esperança. (Pra que ela possa renascer mais viva voltada para outro lugar - um lugar mais merecedor e...vivo, é claro, verdadeiro. Não uma mentira inventada pela minha cabeça). De repente, depois de ter conseguido matar a esperança, eu até aceite, talvez, ver a sua cara de surpresa. Mas por pouco tempo pra não cansar a beleza. Hm, bem. Eu quero: escrever o livro pra deixar o vômito sair de vez. Eu quero: ir pra lugares quentes, ir pra África, pra Austrália pro Hawai (pensando bem Hawai é melhor: tem lembrança nem no nome...). Quero: gostar muito de alguém e de alguéns. Ver a parte boa da vida sempre. Sempre. Fazer algo pra mudar o mundo e parar de ronronar apenas (como temos feito). Conviver com crianças. Cantar bastante. Sentir mais amor do que revolta. Sentir mais presença do que ausência. Sentir mais sol do que frio. Nadar no mar. Dizer com o peito aberto: e u e s t o u f e l i z e dane-se você. * até lá serei capaz de mudar as últimas palavras: criarei amor por algo que praticamente só me fez mal.