sexta-feira, 29 de abril de 2011

I'm a boat I - monólogo de construção, um barco a planar.

Enquanto névoa, só sei pairar. Nesse lugar que a gente vive, não há pra onde correr, o que fazemos é ficar - juntos. Mas se a matéria te empurra pra longe, se o monstro do medo te impede de construir qualquer coisa, se nada é suficiente, então está bem. É tormenta, e pra quando houver corrente, no meu barco estarei, e sei que dá pra me recolher e ficar bem. Não vai revirar, não vai ficar nada errado - e se ficar, depois eu só vou dormir. Enquanto aceito a dor, a felicidade ganha condição pra existir.

Fragmentos desconexos, sem pretensão, sem julgamento, só sinceridade.

Esse era o jeito que estava procurando ficar: vazia.
Agora, não há mais o de sempre aqui. De algum modo, a tontura de anos passou, uma tormenta enorme que foi embora - sinto. Ou não. (Sonhei com uma onda maior ainda que as de outros sonhos; o mesmo mar, a mesma praia, eu dentro da água, e o volume dela quase me comendo. Até senti o frio na barriga que se sente quando caimos de uma grande altura. O que será?) Mas eu continuo com a mesma conversa....
Não sei em que momento o encanto se quebrou, e será que me sinto melhor justamente por causa disso? Paixão, a gente só entende quando está dentro... qualquer coisa, a gente só entende quando está dentro, vivendo... se não, de fora, é tudo aparente, superficial, por mais óbvia que pareça essa observação.
No momento sou um barril-incógnita, com muitas células adormecidas, com muitos pensamentos sonolentos. Não quero pensar. Não quero sentir - ou quero? É que quando a gente chega ali, e vê que dali pra frente não há mais nada a se esperar, a gente perde o rumo, não sabe pelo que mais procurar, afinal.
A mesma coisa acontece com as pessoas, não é? Por pior que pareça o que vou dizer, não sei se se pode usar a hipocrisia de dizer o contrário. Não existem pessoas que são "até ali"? Parece um mundo raso, tão raso que dá um desespero. E não é por maldade, não é por nada disso... é por natureza apenas, e pronto. E quando eu topo com isso, entro em confusão por vários motivos. Primeiro: que desgraça que sou por pensar/sentir/achar isso. Segundo: o mundo é assim tão pequeno? Por isso que prefiro a dúvida, ultimamente. É melhor que haja o tempo e a vontade entre a gente e que possamos descobrir mais alguma coisa nesses intervalos... porque, o meu problema começa exatamente na limitação da dimensão. É melhor ser uma partícula solta no oceano, do que estar presa no encalço de uma semente pequena. Eu gosto desse espírito, só preciso que ele enxarque cada vez mais a minha alma... e eu pare de me desesperar com infinito que é na verdade a solução.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ludovico

Ninguém desgosta do que se faz com poesia, e eu interfiro nisso, eu me encaixo nisso. Não me deixe desaprender a reza só porque de longe tudo parece tão pequeno...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um desenlace em meio ao turbilhão.

Eu preciso de algo que desconecte os fios vermelhos e deixe-os frouxos, feito linhas mal entrelaçadas, que não seguram, e que não vão mais me amarrar por dentro.
É preciso que seja possível haver o desvencilhamento do que aperta o ar, e não deixa que as coisas corram contínuas como uma música... eu preciso me esclarecer.
Por que esses sonhos latejam incessantes durante a noite, sem explicar tanta coisa, sem me livrar verdadeiramente? É necessário atendê-los, mas por outro lado, a vida fica tão pulsante nesse momento. Mas talvez tudo ainda esteja errado - menos o meu mísero ditado enlouquecedor, que por anos prendeu o que havia de amor pela vida, e pelo novo, a um único ser, e que agora não prende mais.
Você não sabe do que eu estou falando; talvez nem eu mesma saiba. Eu só tenho que continuar procurando o que é.
Agora estava branca...


Não escafurdie nos meus temas - de tanto viverem, tornaram-se vivos. É um experimento, não me reprima. As coisas voam de todo altas, passam pelas nuvens e caem perto, pousam, melhor dizendo. Lá no céu há um milagre, uma chuva clara caindo no seu rosto.
Eu não sinto, podes tu sentir? De cara sabia eu que não menos que muito eras: sim, muito! Palavras doces não são postas em bocas, delas saem por lá terem nascido...ou por antes, antes mesmo no coração, ou no que chamam de alma, por lá terem germinado. Tu não me assustas. Tu não me matas. Não! Matas. Derradeiramente, assim que permites que eu não saiba... mas eu sei. Daqui pra frente é por dentro que sei - é com olho interno que olho.
Se as coisas belas demoram pra crescer, então assim deixo tudo: quieto. Por mais que não me engane mais de que não sou quieta, procuro aquietar as palpitações. Melhor: acalmar o ego inflamado, irado por não alimentá-lo de satisfação. Até que agradeço, agora, agora que o violino trouxe mais eu para eu mesma, por irritar o ego palpitadeiro. Preciso da arte, e da mão, e do gosto de alguma coisa, mas nada de exibições, nada de obrigações. É um favor que me fazes: deixar que te experimente por verdade, com teus rumos e aflições. Algo demonstra o vento, isso me alegra. De nada me adianta expectativas...e quanto mais quebradas, mais realmente a realidade poderá me tocar. Quebre, continue por quebrar. As coisas tem de acontecer com liberdade, nada de consentimentos e aberturas para o ditador entrar.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nada aqui é bem feito, fique com o que é bom de se entender.

Ficar triste mais uma vez, nada mal. Um zumbido melódico no ouvido, milímetros soltos mais um orgulho ferido, e eu nem me importo mais. Era uma tentativa, no começo, que se expandiu pra milhares. Quem sabe um pote de carinho por um tempo? Mas, que nada, as coisas vem e vão... explodem de repente. But than, don't come along, I'm gonna keep my secret, Well, weel, well. Deixe-me gritar em tom grave, deixe-me cantar um pouco mais alto. A dor fica pra depois. Cuz love is a losing game anyway... Blues, blues, blues. That's what I am. Um líquido engarrafado. Ácido no fundo. Não queria tanto, mas vamos lá beber.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Círculos em volta traçam um envoltório complexo, e eu me perco... eu me perdia. A vida enumera, sem chance e sem preconceito a gente encontra, alucinados, desligados, e vem, o que quer que seja. Um punhado de flores, um punhado de carinhos, um pouco de alguma coisa que a gente queria. E quando começa a ser anti-natural (eu sei, por minha culpa), então é hora de não ser mais... que pena. A minha cabeça, o nosso pacto não estabelecido, não recíproco, é tudo um pouco disso. Tolere a minha tentativa então? Ou não, só preciso entender se posso ou não ne aproximar, tá bem? Mesmo assim... Ás vezes é duro pra mim entender os cortes nas molezas nossas. É, bem, faço isso, então, é próprio da nossa natureza? Não dá pra entender alguém só por fora, por nada. E depois eu continuo, porque é preciso...