terça-feira, 31 de maio de 2011

Acabou chorare.

Ah sim, a situação agora é um tanto prática.
Há e sempre houve aqui um rio de sutileza, um rio que corre e espera o encontro com o mar, esperançosamente. A água é clara - não posso mais negar -, mas em certos pontos, tudo se aprofunda (e é bem de repente, sem avisos, sem solicitações) e o buraco se alarga, dá pra se perder, dá pra parar de respirar, dá pra desmaiar.
Dá medo, aliás. Muito. Sabia?
Mas o rio é manso, pode-se dizer. Não vai empurrar nada nem trazer a força nem coisa assim. Mas sabe? Se você judiar muito, o vulcão subterrâneo explode.
E hoje, a situação é mais prática, como eu ia dizendo.
A situação é assim: vem um vendaval, um dar e um não dar, uma chateação-quase e pronto, este novelo envenenado está pronto para ser jogado pra fora do rio. Por mágoa? Por tristeza? Por fúria? Por, então, falta de paciência?
Não.
O rio decidiu continuar correndo, mesmo quando alguma barreira insiste em fechar o seu desenlace.
Tudo bem, meu amigo. Venha com suas flores e bocejos e inquietudes e qualquer coisa, e depois se mande se quiser, faça como preferir mesmo. Porque agora a praticidade diz o seguinte: se algo der errado, eu não sou mais um fracasso, uma vítima. Não um ser menor do que era antes. Não uma semente que perdeu seu chão. Eu deito, choro, choro, choro e amanhã não me lembro mais.
Faço questão de não lembrar mais.
Fico agora sendo um grão de areia a flutuar no mar - existem faunas e floras lindas simplesmente esperando para serem descobertas.
(Há quem diga que isso é proteção de aço em volta do coração, e que, em paixão real, ela não funciona. Pode ser. Mas enquanto isso, pelo menos enquanto isso, que não é nada disso, não é qualquer chuvinha que vai desmanchar o organismo).
Porque, além de tudo "Nunca peça o que devia ser oferecido".

domingo, 22 de maio de 2011

Canguru

Que eu fique um pouco menos calma, assim, tudo bem também. Mesmo que ainda continue tentando proteger meu coração, colocando encalços e ensinamentos orientais, pra entender que tudo tem o tempinho certo, pra não me abandonar á ansiedade toda, também, tudo bem. Porque eu precisava de um pouco de batimento cardíaco, e isso me trouxe. Eu precisava, ao mesmo tempo, da fumaça azul e fresca que envolve aquelas pessoas, e aquele lugar com plantas e passarinhos, pra ter o sentimento de que, com certeza, de qualquer jeito, vou estar bem. Com ou sem jeito, com ou sem, vou estar bem - só porque eu e o mundo e as vidas e as moléculas estão sempre em movimento, e ele me dá a mão.

Give the hand.

domingo, 15 de maio de 2011

Árvore, pão e música.

Sinceramente, eu não quero mais ficar com a Depressão, ela já tomou por tempo demais o meu corpo e a minha história. Não quero mais achar tão difícil qualquer caso ou qualquer discplina, peço licença a tudo isso e prefiro seguir reto, ou em curvas, ou em atalhos, por outro caminho. Quero ficar respirando, e de olhos abertos, vendo o horizonte.
Licença, noites ruins, que se afundam e apertam meu peito sem nenhuma explicação aparente, trazendo agonia onde deveria haver calma, ou no mínimo silêncio. É só esfriar pra que eu começe a sentir um barril preto se aproximando, querendo me engolir e me deixar dentro do seu fundo, bem lá sozinha (muito estranho isso, será que é trauma?) - agora eu já sei que é só recriar meu mundo e pegar um pote de sucrilhos com leite pra que as coisas começem a melhorar.
Licença a vocês alguns, que não tem culpa alguma mas que me desnorteam, com certeza por total culpa minha, isso sim - mas desnorteam, mesmo assim. A encrenca interna em que me botam tem um bom tamanho, e nem imaginam o quanto...tudo se limita. Escuro fica, sem sentido fica, sem ar fica. E eu me perco num lugar apertado que não existe, mas, pensando bem, é só olhar adiante, pro novo, pro que nasce, pro que vem agora e está aqui, planta verde que busca sol. É que é isso: essa atmosfera em que estão circundados remete a mim, ao eu velho e entristecido, a todos os problemas de estar perdida, por razões mil, psicológicas ou fisiológicas, em que sempre estIVE. Desculpe mas preciso pedir licença e deixar a semente ir nascendo, que quando eu já for planta, volto pra conviver...
Então que haja vôo, e pulmões cheios, e amor livre e amor principalmente, sem tanta dificuldade. Então que eu me perca e me encontre na mesma noite, e acredite no próprio barco pra me esconder de toda tempestade. E que haja mar e árvore e arte e algo que aceite o meu doar, algo que também deixe eu receber - porque o que eu quero é trocar, marjoritariamente. Tudo bem se são farpas ou abraços, estou, e estamos, enfim, vivendo, e depois a gente pode deixar tudo bem, afinal não precisamos ser tolos e portanto rígidos como metal, certo?
E só queria dizer que há algo a mais na beleza, e isso há. Obrigada.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

And by protecting my heart truly, I got lost in the sounds...

Por favor esqueça dos meus dedos como dedos apenas. Queria que os visse então como dedos dançantes, assim está bom. Porque eles, os seus, quero dizer, assim são para mim - sempre os vejo desse jeito. (Sempre achei tão bonito alguém compartilhar algo com alguém, e ultimamente venho me fechando pra isso...em cada esquina, cada risada, é preciso estar armada? E a doçura que sobra é tão mecânica, sem organismo...)
Eu sempre achei tão bonito o que é bonito, e preferi as palavras cantadas, mas agora estou como um livro de Dostoievski. Tão dura e sarcástica, e pedindo licença para que não encostem... mas na verdade foi um pedido, não? Tornar-me independente, de qualquer amor, de qualquer necessidade, estar apta a sentir frio e agulhadas sem dor - e quem não sente dor, também tem um pouco de morte, não?
E que sonhos estranhos tive. Adormeci a noite e de dia, e prossigo adormecendo sempre...mas nos sonos sonhei, e sonhei feio. Eram lugares desconhecidos, passos sonâmbulos, eu fora de mim, e todo o resto de fora úmido, muitas pessoas, pouca roupa, bolo, arruaça descabida, sem nada, sem nada de presença.
Dura, dura... dura, pedra dura. Sem olhos cativos, nada de alegria. Nada de companhia, nada de lago profundo. Estou vivendo uma casca nova, toda sem contorno. Por que tanta risada? Por que tanto interesse? Eu costumava me preocupar com os seus sentimentos e agora estou como você... distante, egocêntrica. Um rosto esquecido, perdido nos desenhos, nos poucos apegos, nos vários medos, nos vários devaneios, e na fuga de achar que a liberdade é falta de cuidado e falta de pudor. Eu quero meu mundo de novo...
Então eu vou em busca de Yael, em busca do hebraico e do russo, e do garoto desprovido de lembrança, que falou em abraço antes de beijo.
The fact is that I'm still a child...
Ich bin noch eine Kinder.
E que erros são esses? Não sei o porquê do sentimento ruim... como carrasca, como estúpida. E sou isso? Entorpecida pelas más energias que não sabem que me são más... e as culpo, ainda por cima. Não quero ficar, mas não quero repudiar. E preciso, no entanto, aceitar a parte ruim que me vem, a fase pela qual passo. A verdade é que tento distanciar o que se aproxima, e que não quero que se aproxime, com voz alta e dureza, mas talvez eu deva tentar apenas ficar quieta. Sim? E mesmo assim, ainda existem presenças sublimes mesmo em um lugar tão novo... e eles não estão sempre por perto, mesmo eu querendo que estivessesem.

All my friends says that it's gonna get better, better better, better, better...

Por isso hoje, fiquei cansada de seriedade, tá bem? Não quero conversar sobre nada tão científico, nada tão masculino. E não quero também manter uma conversa falsa sobre egos que se aumentam...acho que pra mim foi demais. Acho que gostaria de estar naquele lugar aconchegante, tomando café e escutando little joy. Só preciso da risada de vocês, acho que seria esse o meu remédio... carinho que vem de longe, e já estabelecido.

domingo, 1 de maio de 2011

Blue

Desdobra.
Nasce sem saber como caminhar.
Mas percebe o mundo.

Eu sei que estive furando as paredes pra passar para outros lados, sem saber ao certo o que poderia cortar, o que poderia engrandecer.... mas agora, estou aqui sangrando como devia, de repente aprendi.
Não há pra onde fugir,
Não há onde se esconder...
e isso é tudo o que eu poderia querer.
Deixe-me enfrentar.

E só essa música transmite o que se passa agora.
Desculpe. De verdade.

Nada nem ninguém entende, e isso é mais do que normal.