domingo, 2 de outubro de 2011

vindo das mãos

Eu vou vagar, literalmente, enquanto não me encontro em adeus. Entendo o meu desespero, compreendo a minha incompreensão. Mas agora me elevo e penso em ti e em nossa comum redensão; dê-me tempo, dê-me sua mão. Nós aprendemos a andar em nós e tu me dizes pra desatar essas têmporas preocupadas minhas que tanto me atentam, e me pede pra lhe dar cumplicidade do mesmo modo que me dá. Eu tentarei. Percebo o frasco da vida e essa mania de andar em agonia, e penso então se me disponho a sentir bem. O Mundo me fascina, e essa possivel possibilidade de existir em magia. Agarro-me nisso, agrego-me nas flores, peço perdão. Sou intocável ainda, estou nesse momento existindo pouco em percepção. Os sensores me chegam devagar, as luzes fitam e dão o ingrediente pro crescimento. Não me julgo certa por ter molestado uma sensação, e percebo que toda falta veio da falta de aproximação. De mim, comigo, com esse laço proximo que já está aqui e precisa de aparição.
Voltemos ao acaso.
Semearemos entendimento.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Aprendizado com Fiamma. "I'm not selfish. I just want to go home."

Agora eu sou porco-espinho apenas, totalmente preocupado com as próprias culpas. Com a própria lembrança que me diz sobre uma parte feia, um monstro amarelado e nervoso, forte ás vezes, que machuca, sabe escolher as palavras pra aterrorizar.

Eu sou isso agora e apenas. E junto com a raiva que se mistura em mim também, de vocês, do mundo mesmo, e de todas essas projeções que faço. Que confusão, que confusão. Ser um animal me cansa.

As partes serenas e gentis adormecem; será que posso ser isso? Mesmo com meus atos carregados de formalismo, de cópia, de medo de estar debandando, de medo de não corresponder ás formas certas. Meus atos feios, meus atos de fuga, meus atos de saída trapaçeira, sujando o outro com um sorriso e uma palavra que pareça desfazer meu erro.
Será que posso conviver com ambas coisas, tanto belas quanto monstrengas? Será que essa minha porção cínica não tapa todo o resto quando olho pra ela ou quando ela se faz...aparente?

Mas, agora me concentro. Há alguns minutos ter esse peso da crueldade parecia suficiente pra anular todo o resto bom. Só que nesse instante, sentir que sou também joio me dá uma espécie de força. Não sei por que, mas é assim, sem saber explicar. Como se eu fosse mais inteira. Mais completa.

Enquanto isso, e talvez sempre assim, melhor ficar em silêncio e guardar as palavras.
Eu pensava que essa história de dignidade era babaquice. Mas não. É bem verdade.

"I'm not selfish. I just want to go home."

sábado, 23 de julho de 2011

Que parte escolhESTE?

Ficando por aqui há eu mesma. Talvez Ella, talvez Amy, talvez Eddie. Talvez um toca-músicas cantarolando sinistramente as dores de toda humanidade, ou melodias dançantes em torno da imaginção fatigada de doloridos coices de amor. Há a possibilidade de cor, de mundo criado, de balões grandes e azuis e vôos altos de pássaros verdes com cabeças transparentes para se ver bem os cérebros.
Há uma xícara de café pra quando não houver mais nada pra ocupar as mãos, para qualquer momento em que eu quiser ocupá-las com algo quente.
Há um amigo ou duas que têm colo grande e riso fácil - e palavrões bem feios para os instrumentos que materealizam as fatalidades da vida.
Há um livro, uma poesia e uma figura histórica - um ser humano bem mágico - pra mostrar com Verdade que a(s) sua(s) beleza(s) sedutora(s) podem ser bem menos se eu puder olhar pra dentro (de mim, de ti, da beleza, da doçura), e perceber que traços tão harmônicos e causadores de quentura no meu estômago são, na realidade, vagos.
Além disso há o mar amanhã. Verde, azul ou escuro, que lá está sempre e sempre e tanto, indo e vindo e subindo e descendo e acalmando e atormentando e entristecendo e alegrando. Ensinando que essa vida inevitavelmente vira e gira e arrebenta e exige: o que nela joga, um dia volta - é a lei da ressaca.
O céu lá fora que acaba de acordar. Aqui rosa e claro, e estrelado e quente. E um vento sereno, soprando e acariciando o ouvido sem pedir nada em troca. Vem de repente, vai-se de repente; aparece, some, fica solto, vem quando pode, quando é pra ser.
E o sol, que fica dizendo que sim, está tudo bem, tudo muito bem. E que pra lidar com peixe grande, não dá pra ser pequeno salmão. Tem que ter força, criar força, guardar força e mostrar força. Ou aceita o lugar de rio manso, ou parte pro enfrentamento grave. Já sabe que parte escolhESTE?
Sim. Jamais brando - quase nunca, pelo menos. Sempre, desde sempre, tudo difícil, tudo desafio, tudo corrida veloz. (Aliás velocidade agrada bastante). Sempre a voz grave, a personalidade ácida, o olhar cortante, o texto cheio de provocação. O ser mais obstinado e arisco. A vida mais extraordinária já vivida. A agonia do chove-não-molha, do ato contruído na surdina, como quem não quer nada, como quem engana a todos. A observação em peso, sempre a espreitar, sempre a tentar entender. O medo como agente complicador. A coragem como agente motivador. O entusiasmo ali. A alegria ali. A angústia ali. A luta ali. O amor como vontade absoluta e totalmente presente - se não em carne e osso e alma, ao menos em sonho. E a música pra estampar o pano.

domingo, 10 de julho de 2011

Límpida - que palavra bonita.

E me pus a pensar em tanta coisa, a cada tempo os pensamentos fazendo barulho na minha cabeça, os sentimentos indo do quente ao frio ao morno. Ás vezes parece tão nítida a resposta, tão aqui, nem em frente aos meus olhos, mas dentro deles mesmo, existindo já desde sempre comigo.
Eu queria dizer alguma coisa, explicar a minha imaturidade. Como tudo fica tão melhor quando a gente é honesto né?
Sou ainda criança, assim, emocionalmente. Ainda me antecipo quando vejo algo que quero, ainda corro e tropeço, não sei andar direito. Mas isso se explica pela minha vontade de chegar aí e de ter experiência daí me perco e morro e creço e não me perdoo e escureço e... E "aí" é uma pessoa. Principalmente uma, eu quero muito chegar de verdade a uma pessoa. É sonho antigo, é sonho bobo, mas pra mim é gigante. Escalar as ár vores ainda me parece tão difícil...eu olho de baixo. É por isso que não me entendem.
E é claro que não é fácil ver tanta coisa acontecer ao meu redor, e nada disso ser pra mim. Como sempre fui curiosa, veja, já me meti em cada lugarejo que me deixou com os joelhos todos ralados. Muita queda, sabe? E ainda não cheguei a pegar uma fruta da árvore para mim. Entende? Toda vez alguém mais bem preparado, mais bem esperto, mais cheio de coragem e de fala e de experiência vem, e alcança. É lógico que emudeço, encolho, e choro. É claro que choro...quem não faz isso? Não é por mal, mesmo que pareça.
Falo tanto "mim", "eu", afins. Desculpe. Querendo ou não o ego é sempre tão presente e vencedor... ás vezes acho que é por causa dele que tanto sofro. Preciso aprender a ficar no meu centro, no coração, que lá tudo é calmo, tudo tem uma razão de ser. Não é?
Veja bem, escrevo pra alguém. Sai tão mais fácil quando estou escrevendo pra alguém ler... não fica agressivo, procuro palavras mais suaves, um jeito mais suave, talvez. Já me cansei tanto de coisas obscuras, que fazem peso e me deixam exausta demais. Cansei de destilar venenos, jogados todos em mim mesma, suponho. (Meu pé continua frio e ainda estou com fome, mas não quero comer...) Sabe, esses sentimentos pesados são em grande parte culpa do meu sanguinho espanhol que os carrega. Oh meu deus, quanta intensidade.

Pare com as repetições.
Descanse de verdade.

Amanhã você pensa melhor. Amanhã o dia estará mais límpido. (:

E...eu sempre entendo depois.

Um pedaço de esperança, recolhido aqui, de seu rosto. Um pouco de adoráveis gestos...
Mas tampouco posso mentir a mim mesma. Se eu souber ler os sinais da vida, isso é só mais alguma coisa pra eu aprender; carga pesada, problema complicado, humanidades expostas abertamente, á flor da pele, uma ferida dura num coração. Mas tudo bem, somos bichos, então, e eu sei. E amanhã tudo é diferente.
A música me acalma.
Hoje é só pra eu ir em busca do que me fascina de vez, sem parar no meio porque algum vaga-lume acendeu e piscou para mim.

Pousa a cabeça, agora tudo que escuto é seu riso me apedrejar...
Tão lindo, tão longínquo, e o que há pra se falar?
Jamais prender o fluxo do rio, tentar impedir o linguajar...
Tudo que sinto é falta, todos podem te conhecer e eu não.
Da próxima vez minha atitude precisará mudar...

Brigada. Eu aceito. Aceito essas coisas que me dá e que é por amor, por querer que eu creça. Então, preciso refletir sobre tudo isso e só pensar em ficar bem por algum tempo, entender minha vocação. Entender as pessoas e o fato de ás vezes eu estar fora delas.
Desculpe, de verdade. É só que...me empolgo com a beleza delas, externa, interna, lateral..tudo. E é tanto que não sei, não sei como ter contato com isso tudo sem...agredir? Um gigante da felicidade.
Sem nada que faça sentido, meu ego estragado também precisa ser educado. De maneira intensa, mas tudo bem. Quem sabe essa seja uma preparação? Depois da desistência..e.. eu sempre entendo depois.

sábado, 9 de julho de 2011

Am I blue?

Pra ser sincera, é mais confortável esse sentimento de desolação do que aquele de vazio. Ora pois, é mais fácil sentir falta de algo, do que sentir falta de sentir falta de algo.
Essa minha alma é mesmo chorona...

terça-feira, 5 de julho de 2011

Eu vou ser, prometo que vou ser. Sem concordância, sem texto acima pra prender e pressionar. Aliás, vou apagar.
Você não disse do que era feito, eu disse que meus lábios ardiam quando eu punha vinho a boca.
Não, eu não disse. Eu pensei. Mas se estivessemos num filme, você acharia isso incrivelmente bonito.
E além disso estamos, e vamos, e seguimos, e vivemos. Leve e não leve, seguindo em contasenso. As pessoas riem do líquido que se vai sem controle, sem poder ser aprrendido, assegurado. Mas poderiam perceber a sua beleza, se não tivessem pressa de passar pela vida.

domingo, 3 de julho de 2011

Escutas atrás da escada.

Tudo bem, lá vem com a mesma coisa. É, você vai me dizer a mesma coisa, mas com um sorriso diferente do dos outros. Eu vou escutar a mesma coisa, e dizer as mesmas palavras. Com um sorriso triste diferente dos outros meus sorrisos tristes de sempre? Não sei. Talvez será com o mesmo de sempre mesmo...
Então há algo de estranho aí. Há pessoas que buscam fins antes que eles cheguem. Há pessoas que correm na frente porque o suspense estouraria seus peitos mais do que as espadas da batalha. E eu sou esse peixe. Desenfreado e covarde para as longas esperas. Já que o abismo me persegue, pulo nele agora mesmo.
Mas de leve.
Ninguém percebe, nem eu mesma. A minha desculpa de quero-mais é o meu passaporte pro verdadeiro propósito: demita-me agora. Não vou esperar a chuva brava pra sair correndo. Não vou ficar esperando o vulcão entrar em erupção pra resolver ir embora. A questão é exatamente essa: se eu não souber, desde já, se há risco de o terreno me engolir, com toda certeza o meu magma interno esquentará cada dia e cada noite mais - porque o sistema é bruto e caótico aqui dentro - e a erupção certamente virá violentamente. Eu já vi. Juro mesmo. E, sabe, não foi mole de ver não. Foi duro de verdade. Foi quase mortífero.
Então agora é o seguinte: imediatismo. Possessividade. Ciúmes. Tudo junto. E eu não quero jogar nada disso em você porque você é muita coisa bonita. Então junto todas esses trecos e peço pra ir embora de um jeito sutil que nenhum de nós perceberá.

E a história se repete. Repete, repete, repete. Até o dia em que eu mesma parar. Parar de soluçar, de inventar, de ser magma bruto e pesado e perigoso. Até o dia em que eu pôr essa energia em algum lugar bom. Usar isso. Aprender. Até o dia em que eu começar a gostar de viver em mim. Olhar pro espelho. Ver a sua beleza em mim mesma.
Até esse dia, sou um veículo em movimento rápido e suicida. A cabeça bate, os dentes se quebram, e levanto viva pra mais um dia.

Até lá é isso.
Depois de lá eu compro flores, faço um jardim e aprendo a cozinhar. Criarei meu ninho, e tenho certeza de que gostarei dele.
Um lugar pra onde voltar.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Educação, que nada..

Eu bato a cabeça, não me canso, não me canso
Ouço o tilintar dos sinos, já me eduquei a ser feliz
Mas insisto na outra direção
Mas quem disse?
É do ser humano querer sofrer
Ainda mais por amor...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Sobre o Inferno e os demônios

Hoje eu começei pelo título.
Porque o título, de fato, foi o primeiro a ganhar corpo concreto em minha mente, já que falo aqui propriamente de um Inferno - que se instala aos poucos. E de um Demônio.
Mas esses são apenas pedaços do quadro inteiro que quero comentar. Na realidade, pretendo falar de Infernos e de Demônios - em sua ampla totalidade.

Espere-me ressucitar.

Pronto. Começo pelos donos do muquifo. De onde vêm eles?
Há alguns tempos insistia em acreditar que nasciam assim e pra sempre assim ficavam: endiabrados, famintos, provocadores, cheios de energia maléfica circulando em seus corpos. Como se as coisas fossem divididas, com dois pólos definidos e eternos. Nada mudaria. Sem salvação. E isso é realmente mais confortável de se pensar, já que, desse modo, não é preciso forçar a cabeça e alimentar os esforços pra tentar compreender e até, quem sabe, modificar a natureza desgastante de alguns.
Só que daí me ocorreu, pensando racionalmente, que era muito pior as coisas estarem fixas, sem possibilidade de mudança, pois assim, caso eu estivesse incluída na parte "ruim" das coisas, jamais poderia sair dessa situação. É um tanto inteligente lembrar desse detalhe. Mas a coerência dessa linha se fortifica um pouco mais: oras, não há, mesmo que escondido a muitas chaves, uma pontinha de doçura e bondade no coração dos mais inescrupulosos? Sendo assim, se há algo que salve, mesmo que uma pequena parte, mesmo que um pequeno gesto bonito, então está provado que nesse coração existe uma semente, por menor que seja, de grandiosidade. Não é? Pois então, bingo! É só ter paciência pra deixar a semente crescer e virar planta, e virar árvore. Existe um potencial divino esperando pra explodir dentro de cada Demônio que seja. Osho que o diga.
Mas...e a paciência? E o tempo de espera?

Enquanto isso, eu choro, ele chora, a criança morre, o Mundo se degrada, as flores secam. Enquanto isso o veneno circula, e a ignorância corrói. Aliás, a ignorância é a senhora que corrompe, pobre e soberana. Está ali, ela, nas mentes dos chamados Demônios e no cerne de toda maldade.
É, pra mim é isso: ser ruim é ser ignorante. No sentido de ser cego, absurdamente tapado para a alma alheia, para o que está vivo ali - quanto mais doce, mais viva é a alma, pensei agora...olhos atentos, olhos vibrantes. A ignorância é o ponto de partida, e desenvolvê-la (des-envolvê-la) é conseguir abrir cada vez mais os olhos, pra ver o que é que enfim presta nessa vida.

Mas...
mas dizer que é facil ver um lugar ganhando estrutura quente e tensa, chapiscada com pontas agudas, perfumada com odor de fel, de ironia inflamada, de ferocidade violenta, isso não é. Nem um pouco. Pra dizer a verdade, desespera.
Pra dizer a verdade, desesperada é o que eu estava há pouco, quando começei a entrar na energia preta de um ódio totalmente descontrolado. Totalmente bruto. Estava mesmo é entrando de cabeça na situação.
Mas agora, já saindo, percebo apenas que preciso mudar de atitude. O que me resta é ficar em silêncio, lembrar que não adianta mexer na semente antes que ela mesma esteja pronta pra começar a subir. O que preciso fazer apenas é me defender se necessário, impor resistência quando o meu ambiente começa a ser perturbado. E não entrar na loucura de ninguém.
Se bem que...

O que você pede é socorro.

Não é?

Entendo o fato, e entendo a sua luta. Por mais desligada que eu pareça, de repente faço conexões, e percebo que o que faz é puramente defensivo. Puramente? Bem, isso não vem ao caso.
Compreendo, até. Mas acho que aprendi que a gente escolhe agumas coisas também, e ninguém pode se responsabilizar integralmente pela atitude de outra pessoa, que nem sequer autorizou isso. Perdoe-me, entendo o estado. E acolher foi a primeira opção. O problema é que agora as cores começam a mudar, e quando um grito de socorro se transforma em um soco objetivo de violência, então é preciso que haja um retorno também, afinal, como é que se pode sentir algo sem sentir de fato? Quero dizer, só será capaz de sentir a sua própria violência quando alguém jogá-la de volta em você.
Queria muito que não fosse necessário tal fato, mas é. É física até. E é o jeito que sabemos viver. Sofrimento, tapa na cara, embrulho no estômago ainda é o modo de se aprender - pelo menos a respeitar.

Indo e vindo nesse navio, peço que não subestime mais a inteligência dos brandos. Alguém um dia resolveu contestar e então as coisas começaram.

De repente, disse o que tinha pra dizer.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Estouro

Puta que pariu. O tom baixo afagou-se no rio. As águas do estouro tomaram a sala, invadiram nossas cabeças.
Vieram confrontar meu comportamento - que é inegavelmente diplomático -, dizendo que sou negligente, e pior, que visto uma máscara limpa - quando na realidade estou mesmo é completamente cheia de borrões pretos nos olhos, da noite passada - e não pude corar as bochechas, abaixar os olhos e sentir as lágrimas chegando. Tive de enfrentar.
Alardeei a quatro cantos o que me vinha há tempos, foi preciso deixar o outro quieto diante da própria ironia. Como assim atacas sem saber? Sem nem perceber o que quero dizer, o que tento fazer, como tento agir? Como assim esperar de todos o mesmo comportamento que usa para si mesmo? Sinceramente os berrões prepotentes e impulsivos já não me pegam mais. Sinto muito, mas é necessário que eu jogue, clara e sinceramente, na mesma roda em que me crucificas, o tamanho da traição que cometes ao entregar de bandeja um segredo importante que te confidenciei. Já é tempo de dizer aos fortes que quem falava baixo por medo, agora só fala baixo por gentileza, e nas horas devidas, não se acanha em subir o tom e mostrar o peito: quem apanha muito, de repente cansa. E aprende.
E nesse furdûncio, algo de bom fica. E a arte é toda nossa: a de dar uma reviravolta e deixar que o outro sinta o balanço ruim de uma fúria desmedida, que feriu quem não devia ferir, quem não merecia ser ferido, quem sempre deu mais carinho do que dívida, e recebe então, o mistério de ver um pouco mais do que um possível erro de comportamento. A gente é mais do que só um ângulo, né?





Mas quer saber mesmo?
Enxeção de saco é foda. É, é F-O-D-A mesmo.
Dane-se que não ajeito as minhas coisas, não faço as unhas, durmo na sala, não lavo as roupas no dia certo, não sou padrão para comparações, não uso toda maquiagem necessária.
O próximo que vier me dizer que ajo errado com a porra da minha vida vai ouvir. O próximo que vier dizer que tenho que mudar um milímetro que for vai ouvir. O próximo que resolver falar o que quer, bem a vontade, como se mandasse no mundo vai ouvir o que não quer mesmo...poxa, eu sei apelar, quer ver? Mentira. Se eu apelar, estarei sendo o que não quero ser. Tá bom, eu te livro desse constrangimento - não é por nada não, a volta seria pior do que o que veio. Beleza?
Uma coisa que já me enjou, que não me desce mais, é me sentir um lixo só porque não sigo os comportamentos exímios alheios. Olha, deixar alguém se sentindo assim não é coisa que se faça. Ninguém tem a razão, não. Será que era preciso falar isso? Não era pra ser óbvio?
Então o lance vai ser eu arrumar a vida sozinha mesmo, cada vez mais na minha, cada vez mais no meu caminho, pondo na bagagem da memória o que eu bem entender. Poxa, poxa vida.

[Um lugar com paredes brancas, bastante planta - margaridas, rosas, pimenta, árvore da felicidade, bonsai, figueira, etc etc etc -, tela pra pintar, cozinha com xícaras penduradas, laboratório de fotografia, incenso, café quente, almofada fofa, música serena e mais.]

Por hoje é só.
Se é que já não foi muito.
(:

domingo, 12 de junho de 2011

Tchau lero-lero

Prometi que não escreveria mais nada hoje, porque já escrevi demais. Mas não posso deixar passar uma coisa tão corriqueira...
Bem, não é bem assim. Poder, eu até podia, mas não quero, não.
Veja bem, acredita que tenho vergonha de olhar para uma foto sua? É que penso nas bobagens que você e seus amigos ainda tolinhos devem ter dito, e penso: como fui ser tão ingênua e transaparente justamente para os mais perigosos - os bobinhos que acreditam ser donos da lua? Que, justamente por possuirem tamanha ignorância, tornam-se ponteagudos? Olho para a sua foto e penso no quanto deve ter rido de mim, ou o quanto deve ter me menosprezado, e...poxa, que vergonha, não? É que, sabe, não era nada disso. Eu não precisava mesmo ter me preocupado tanto e tal, mas ah, preocupei-me né. Eu era assim mesmo antes: achava que o momento se resumia á pessoa, e não ao ambiente todo, o céu, as estrelas, as árvores grandes, a música, a moça cantando empolgada, as risadas amigas. Bem, talvez eu sempre resuma meus momentos nessa cidade a uma pessoa porque...onde está a liberdade e a novidade e a alegria nesse lugar? Sinceramente, de tão pequena, as pessoas aí acabam diminuindo também. Acho que prefiro então as conversas marginais e isoladas mesmo. Acho que prefiro o tempo com os especias e pronto. Preciso ser clara? É, oras, eu me canso mesmo das mesmas conversas e acabo precisando de aventura.
Ah, bem, vergonha pra que mesmo? Pode deixar que não tenho mais. Se precisam tanto de dureza e distância, oras, tento entender que é o tempo de vocês de perceberem que isso é ridiculamente inútil. E dou um sorriso. E vou caçar mamonas. E vou tocar uma músiquinha boa. E vou mergulhar no rio gelado. E vou falar besteira. Poxa. Poxa. Pra que mesmo tanta preocupação? Deus que me livre dessas idéias retardadas que eu tinha. Oh vontade de sofrer, que isso.
Enquanto isso, eu to na pista com alegria. Tchau lero-lero.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Sometimes life can be deceiving...

A plainar, então é preciso sentir o vento que é brisa; ponha-se no meu lugar, nada de melodias, nada se sambas, mais? Pois assim as coisas ficam tão mais banais... podia ter mais música, mais vinho, mais violino, não?
Oras, por que, sempre, precisamos morrer de medo?
Tá. Parei. Prometo.
Deixe-me comprar um livro e andar na contra-mão.
Quem sabe assim o mundo não se abre.
Certo?

quinta-feira, 9 de junho de 2011

E eu, instintivamente, peço distância.

A sinistricidade me visita pouco a pouco. Eu tenho garras nas mãos. Olho ao redor, vejo dentes também, brancos e grandes, e escondidos, com cara de bem-feitores - e isso me irrita. Não são tão bons assim. Podem prender, podem querer algo a mais do que apenas adimirar - desconfia?

Seu olhar não é tão tranquilo assim. Há algo de errado ali, não sei bem o que. Toda vez que olho pra ele, vejo alguma coisa ali dentro acontecendo, fervendo, remoendo. Uma coisa que se solidifica cada vez mais, e quente, quente, quente. E fria, fria também, de dedicação ao quieto amorfo, de estranho e longínquo, que na verdade foca nas pessoas e imagina alguma coisa. Será um ódio enorme por não ser natural como os outros? Será o que, meu deus? Incomoda-me muito, e sempre.
Ás vezes também, parece-me como uma cola preta, que quer grudar em mim. Não só em mim. Em qualquer um que não perceba - e o melhor disso, é que provavelmente o próprio não saiba de seus atributos.
Sinceramente, há alguns dias vi a ponta de sua agressividade disfarçada. Parado e negligente, pouco se importou com o peso alheio.
Parado. Mudo. Inerte.
Medroso.
Fraco.
Ou quem sabe, a sua fraqueza simplesmente reflita a minha própria?
É uma opção - macabra, confesso, mas é.
E algo a mais em seus olhos. Raiva? Como que estivesse pedindo algo - nós, como um pacote inteiro, pra destroçar pouco a pouco com toda sua meiguice forçada - e não quisessemos dar, daí, a fúria.
Perdão por tudo, mas essa preseça cutuca a minha pele irritantemente a todo instante, e eu, insistivamente, peço distância.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Due Tremendi

1."Agora te tenho assim: escuro - de modo que não sabe de quem estou falando, ou presume, mas eu precisava que não presumisse...não presumisse. Quando andava eu percebia algo de desalinhado, e sabia de onde vinha a dureza quando falava de amor, de estar junto, de abrigar...não sei bem. O cheiro que me envolve agora, o jeito que me envolve agora, era tudo algo bem mais sincero do que já havia sido. Não, sem soluços, sem urticárias no estômago, talvez só um pouco de música. Quem sabe? Quem sabe um dia eu consiga então adentrar, sendo eu vento e você oceano, por mais díspares que sejam nossas posições. Mas de qualquer coisa que eu possa dizer, dessa vez absorvi mais beleza do que pensava, justamente por não pretender, eu acho... Só escuto a música, sua continuidade, sua continuidade. Não importa o que, só é preciso avançar para viver, e não foi isso o que resolveu fazer um dia em tua vida quando entrar na sala, na cozinha, no quarto, no banheiro, apertava-te as veias e também o coração, de tanto vazio, de tanta falta...falta...falta.... fal t a. Falta. Podia me dizer que sim, com toda voz que tem, ou com toda pouca voz que tem(os) para falar dessas coisas mais enroladas, mas...é mais difícil, logo para, percebi. Sonhei com uma escada, em caracóis, eu subia e descia, escondida, pra fazer alguma coisa. Era você? Era você? Sem respostas. Mais uma vez. Mas já estive tantas vezes nesse lugar silencioso que não me abandono mais estando em sua ausência.... acho que me perdi do continente, acho que estou vagando agora, acho que não estou te vigiando agora, acho que não posso mais te enxergar... acho que nadei demais, acho que me afoguei demais, acho que fugi demais, acho que estou longe demais. E logo agora ouço que está a gritar-me. Não: a chamar-me, calmamente, calmamente, com cuidado, o cuidado que nunca teve, pedindo-me para virar. Não, não vou me esquecer do bicho preguiça, tudo bem, essas coisas eu chamo o tempo todo para que elas pelo menos não nadem tanto quanto eu. De repente eu não espero. De repente, eu não sei mesmo."





2. Não queria misturar mas mesmo assim...


Não sou um princípio, nem nada assim. Ás vezes me acolho em asas e ás vezes, ás vezes, o que me resta? Pedidos, pedidos tão carregados. Que mal fiz em pedir e não percebi... desculpe. Quando me canso agora, quando fica frio demais, ah, então é melhor o silêncio. Não sei mais dizer nada explicitamente. Não sei mais ficar placidamente cheia. Peço que entenda a distância. Peço que não se aproxime tanto assim. Peço que mude de olhar. Peço que não sugue nada porque é horrível sugar - meus dentes, já tão corroídos, dizem isso pra você, se não acreditar em mim. Mesmo que tenha tanta coisa boa aí, por favor, guarde um pouco, por favor. Ás vezes é lava demais, quente demais, e arde. Não queria dizer isso. Teoricamente, preferia nunca deixar espaços....mas eles são tão necesários... pelo menos por um tempo. Até que haja tempo, pro tempo do tempo, deve ser.





3. Então, por que estou chorando? Ninguém pode ver, mas está todo mundo dormindo, mas estou com o aquário e as plantas e o silêncio, e suas músicas, e o meu pensamento - não, o meu sentimento - de ter algo não palpável querendo sair e nem imagino de que jeito posso. Quando perto, não sei. Quando longe, parece mais perto. Quando aqui, quando? Quando aqui? Um dia, um momento? Talvez eu só pudesse dançar. Não acredito mais que existam explicações. Cada vez mais prefiro o silêncio, cada vez mais prefiro a mente quieta, cada vez mais prefiro algum desenho torto, sem linhas retas, sem precisão, sem certeiriedade, sem técnica, sem conjugação, só um movimento um movimento um movimento...antes que as lágrimas saiam. Porque vocês nunca dizem Sim. Quando pôde eu hesitei - mas era em vão como sempre. Como-sempre-em-vão já não me leva pra frente, eu paro, eu reflito, eu prefiro outro jeito de preparar a história, de me achar.


(...) eu me perco nesse universo de vocês. Não sou tanta coisa assim. Cheia de graça, de saberes, de entenderes? Eu nasci, e ponto. E isso nem é tão suficiente assim. Logo digo, aqueles passarinhos sem jeito que não sabem voar, só querem, só querem, sou eu assim. Minha vó gosta de mim, e ela é um amor. Lê livros. Diz sempre que quem dá a alegria de levar para ela coisas bem bonitas para ela ver de filme sou eu. E ela fala poeticamente, com calma. E isso é importante pra mim - não pra vocês. Se me contassem da vó de vocês, seria importante pra mim também, mas eu falar da minha, assim, pra vocês, sei que não é. A gente virou muito mais rude do que precisava, sim? Pra sair ás ruas e tomar cerveja, e frequentar qualquer lugar, a gente tem que pôr carapaça e fingir que é desatento, ou...muito atento. Ligado no que realmente importa....que é: ser bom. O melhor. Mas sabe? Não quero mais entrar pela porta da frente, se for preciso vou sozinha mesmo, eu e minhas mãos. Talvez um piano, um piano podia me ajudar... talvez um amigo, que não ria tanto assim, que não se importe tanto assim com a melhoria dos talentos, com a clivagem dos nossos quartzos pretenciosos, tá bem? E eu querendo chorar, querendo chorar. Outro fala comigo agora e não quero me soltar da música, não quero mais. Não sei, a calma me pegou. O que eu faço, se não quero ir embora?

4. Due Tremendi apagou-se... queria que estivesse aqui mas já é tarde.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

1.Eu desconsidero a astúcia e peço pela claridade; poderia fazer o favor de parar de falar assim? Assim, como quem sabe de tudo, assim, como quem ganhou o mundo pra si, assim, como quem quer atenção, assim, como quem acha que consegue enganar a própria carência com um tom de voz acima do nosso.
2.E eu ainda não o fiz, ainda não sai do que nunca deveria ter entrado, mas o farei porque prefiro fazer isso. Amanhã, quer dizer, desde hoje já, mesmo sem comunicar, começarei a me afastar do seu círculo de uso-não-uso-escolho-não-escolho, em que todo mundo ou serve ou não serve, ou é algo que presta pra te fazer bem, ou simplesmente não presta. Sinceramente, não sei se realmente não entendi o seu jeito desde o primeiro instante, ou se entendi foi é muito bem: muito me assusta pessoas que vão com toda voracidade e avidez em cima do que querem, com déficit de sutileza, e de...delicadeza, por que não? Escrúpulo é uma coisa que ainda me encanta - se bem que nessa história não há muito o que eu possa apontar sobre esse quesito -, mas que me encanta e que me fere quando falta, isso é verdade. Acho que provavelmente pensei estar enganada. Agora, já nem tanto. Ponto pra intuição.
3. (...)

terça-feira, 31 de maio de 2011

Acabou chorare.

Ah sim, a situação agora é um tanto prática.
Há e sempre houve aqui um rio de sutileza, um rio que corre e espera o encontro com o mar, esperançosamente. A água é clara - não posso mais negar -, mas em certos pontos, tudo se aprofunda (e é bem de repente, sem avisos, sem solicitações) e o buraco se alarga, dá pra se perder, dá pra parar de respirar, dá pra desmaiar.
Dá medo, aliás. Muito. Sabia?
Mas o rio é manso, pode-se dizer. Não vai empurrar nada nem trazer a força nem coisa assim. Mas sabe? Se você judiar muito, o vulcão subterrâneo explode.
E hoje, a situação é mais prática, como eu ia dizendo.
A situação é assim: vem um vendaval, um dar e um não dar, uma chateação-quase e pronto, este novelo envenenado está pronto para ser jogado pra fora do rio. Por mágoa? Por tristeza? Por fúria? Por, então, falta de paciência?
Não.
O rio decidiu continuar correndo, mesmo quando alguma barreira insiste em fechar o seu desenlace.
Tudo bem, meu amigo. Venha com suas flores e bocejos e inquietudes e qualquer coisa, e depois se mande se quiser, faça como preferir mesmo. Porque agora a praticidade diz o seguinte: se algo der errado, eu não sou mais um fracasso, uma vítima. Não um ser menor do que era antes. Não uma semente que perdeu seu chão. Eu deito, choro, choro, choro e amanhã não me lembro mais.
Faço questão de não lembrar mais.
Fico agora sendo um grão de areia a flutuar no mar - existem faunas e floras lindas simplesmente esperando para serem descobertas.
(Há quem diga que isso é proteção de aço em volta do coração, e que, em paixão real, ela não funciona. Pode ser. Mas enquanto isso, pelo menos enquanto isso, que não é nada disso, não é qualquer chuvinha que vai desmanchar o organismo).
Porque, além de tudo "Nunca peça o que devia ser oferecido".

domingo, 22 de maio de 2011

Canguru

Que eu fique um pouco menos calma, assim, tudo bem também. Mesmo que ainda continue tentando proteger meu coração, colocando encalços e ensinamentos orientais, pra entender que tudo tem o tempinho certo, pra não me abandonar á ansiedade toda, também, tudo bem. Porque eu precisava de um pouco de batimento cardíaco, e isso me trouxe. Eu precisava, ao mesmo tempo, da fumaça azul e fresca que envolve aquelas pessoas, e aquele lugar com plantas e passarinhos, pra ter o sentimento de que, com certeza, de qualquer jeito, vou estar bem. Com ou sem jeito, com ou sem, vou estar bem - só porque eu e o mundo e as vidas e as moléculas estão sempre em movimento, e ele me dá a mão.

Give the hand.

domingo, 15 de maio de 2011

Árvore, pão e música.

Sinceramente, eu não quero mais ficar com a Depressão, ela já tomou por tempo demais o meu corpo e a minha história. Não quero mais achar tão difícil qualquer caso ou qualquer discplina, peço licença a tudo isso e prefiro seguir reto, ou em curvas, ou em atalhos, por outro caminho. Quero ficar respirando, e de olhos abertos, vendo o horizonte.
Licença, noites ruins, que se afundam e apertam meu peito sem nenhuma explicação aparente, trazendo agonia onde deveria haver calma, ou no mínimo silêncio. É só esfriar pra que eu começe a sentir um barril preto se aproximando, querendo me engolir e me deixar dentro do seu fundo, bem lá sozinha (muito estranho isso, será que é trauma?) - agora eu já sei que é só recriar meu mundo e pegar um pote de sucrilhos com leite pra que as coisas começem a melhorar.
Licença a vocês alguns, que não tem culpa alguma mas que me desnorteam, com certeza por total culpa minha, isso sim - mas desnorteam, mesmo assim. A encrenca interna em que me botam tem um bom tamanho, e nem imaginam o quanto...tudo se limita. Escuro fica, sem sentido fica, sem ar fica. E eu me perco num lugar apertado que não existe, mas, pensando bem, é só olhar adiante, pro novo, pro que nasce, pro que vem agora e está aqui, planta verde que busca sol. É que é isso: essa atmosfera em que estão circundados remete a mim, ao eu velho e entristecido, a todos os problemas de estar perdida, por razões mil, psicológicas ou fisiológicas, em que sempre estIVE. Desculpe mas preciso pedir licença e deixar a semente ir nascendo, que quando eu já for planta, volto pra conviver...
Então que haja vôo, e pulmões cheios, e amor livre e amor principalmente, sem tanta dificuldade. Então que eu me perca e me encontre na mesma noite, e acredite no próprio barco pra me esconder de toda tempestade. E que haja mar e árvore e arte e algo que aceite o meu doar, algo que também deixe eu receber - porque o que eu quero é trocar, marjoritariamente. Tudo bem se são farpas ou abraços, estou, e estamos, enfim, vivendo, e depois a gente pode deixar tudo bem, afinal não precisamos ser tolos e portanto rígidos como metal, certo?
E só queria dizer que há algo a mais na beleza, e isso há. Obrigada.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

And by protecting my heart truly, I got lost in the sounds...

Por favor esqueça dos meus dedos como dedos apenas. Queria que os visse então como dedos dançantes, assim está bom. Porque eles, os seus, quero dizer, assim são para mim - sempre os vejo desse jeito. (Sempre achei tão bonito alguém compartilhar algo com alguém, e ultimamente venho me fechando pra isso...em cada esquina, cada risada, é preciso estar armada? E a doçura que sobra é tão mecânica, sem organismo...)
Eu sempre achei tão bonito o que é bonito, e preferi as palavras cantadas, mas agora estou como um livro de Dostoievski. Tão dura e sarcástica, e pedindo licença para que não encostem... mas na verdade foi um pedido, não? Tornar-me independente, de qualquer amor, de qualquer necessidade, estar apta a sentir frio e agulhadas sem dor - e quem não sente dor, também tem um pouco de morte, não?
E que sonhos estranhos tive. Adormeci a noite e de dia, e prossigo adormecendo sempre...mas nos sonos sonhei, e sonhei feio. Eram lugares desconhecidos, passos sonâmbulos, eu fora de mim, e todo o resto de fora úmido, muitas pessoas, pouca roupa, bolo, arruaça descabida, sem nada, sem nada de presença.
Dura, dura... dura, pedra dura. Sem olhos cativos, nada de alegria. Nada de companhia, nada de lago profundo. Estou vivendo uma casca nova, toda sem contorno. Por que tanta risada? Por que tanto interesse? Eu costumava me preocupar com os seus sentimentos e agora estou como você... distante, egocêntrica. Um rosto esquecido, perdido nos desenhos, nos poucos apegos, nos vários medos, nos vários devaneios, e na fuga de achar que a liberdade é falta de cuidado e falta de pudor. Eu quero meu mundo de novo...
Então eu vou em busca de Yael, em busca do hebraico e do russo, e do garoto desprovido de lembrança, que falou em abraço antes de beijo.
The fact is that I'm still a child...
Ich bin noch eine Kinder.
E que erros são esses? Não sei o porquê do sentimento ruim... como carrasca, como estúpida. E sou isso? Entorpecida pelas más energias que não sabem que me são más... e as culpo, ainda por cima. Não quero ficar, mas não quero repudiar. E preciso, no entanto, aceitar a parte ruim que me vem, a fase pela qual passo. A verdade é que tento distanciar o que se aproxima, e que não quero que se aproxime, com voz alta e dureza, mas talvez eu deva tentar apenas ficar quieta. Sim? E mesmo assim, ainda existem presenças sublimes mesmo em um lugar tão novo... e eles não estão sempre por perto, mesmo eu querendo que estivessesem.

All my friends says that it's gonna get better, better better, better, better...

Por isso hoje, fiquei cansada de seriedade, tá bem? Não quero conversar sobre nada tão científico, nada tão masculino. E não quero também manter uma conversa falsa sobre egos que se aumentam...acho que pra mim foi demais. Acho que gostaria de estar naquele lugar aconchegante, tomando café e escutando little joy. Só preciso da risada de vocês, acho que seria esse o meu remédio... carinho que vem de longe, e já estabelecido.

domingo, 1 de maio de 2011

Blue

Desdobra.
Nasce sem saber como caminhar.
Mas percebe o mundo.

Eu sei que estive furando as paredes pra passar para outros lados, sem saber ao certo o que poderia cortar, o que poderia engrandecer.... mas agora, estou aqui sangrando como devia, de repente aprendi.
Não há pra onde fugir,
Não há onde se esconder...
e isso é tudo o que eu poderia querer.
Deixe-me enfrentar.

E só essa música transmite o que se passa agora.
Desculpe. De verdade.

Nada nem ninguém entende, e isso é mais do que normal.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

I'm a boat I - monólogo de construção, um barco a planar.

Enquanto névoa, só sei pairar. Nesse lugar que a gente vive, não há pra onde correr, o que fazemos é ficar - juntos. Mas se a matéria te empurra pra longe, se o monstro do medo te impede de construir qualquer coisa, se nada é suficiente, então está bem. É tormenta, e pra quando houver corrente, no meu barco estarei, e sei que dá pra me recolher e ficar bem. Não vai revirar, não vai ficar nada errado - e se ficar, depois eu só vou dormir. Enquanto aceito a dor, a felicidade ganha condição pra existir.

Fragmentos desconexos, sem pretensão, sem julgamento, só sinceridade.

Esse era o jeito que estava procurando ficar: vazia.
Agora, não há mais o de sempre aqui. De algum modo, a tontura de anos passou, uma tormenta enorme que foi embora - sinto. Ou não. (Sonhei com uma onda maior ainda que as de outros sonhos; o mesmo mar, a mesma praia, eu dentro da água, e o volume dela quase me comendo. Até senti o frio na barriga que se sente quando caimos de uma grande altura. O que será?) Mas eu continuo com a mesma conversa....
Não sei em que momento o encanto se quebrou, e será que me sinto melhor justamente por causa disso? Paixão, a gente só entende quando está dentro... qualquer coisa, a gente só entende quando está dentro, vivendo... se não, de fora, é tudo aparente, superficial, por mais óbvia que pareça essa observação.
No momento sou um barril-incógnita, com muitas células adormecidas, com muitos pensamentos sonolentos. Não quero pensar. Não quero sentir - ou quero? É que quando a gente chega ali, e vê que dali pra frente não há mais nada a se esperar, a gente perde o rumo, não sabe pelo que mais procurar, afinal.
A mesma coisa acontece com as pessoas, não é? Por pior que pareça o que vou dizer, não sei se se pode usar a hipocrisia de dizer o contrário. Não existem pessoas que são "até ali"? Parece um mundo raso, tão raso que dá um desespero. E não é por maldade, não é por nada disso... é por natureza apenas, e pronto. E quando eu topo com isso, entro em confusão por vários motivos. Primeiro: que desgraça que sou por pensar/sentir/achar isso. Segundo: o mundo é assim tão pequeno? Por isso que prefiro a dúvida, ultimamente. É melhor que haja o tempo e a vontade entre a gente e que possamos descobrir mais alguma coisa nesses intervalos... porque, o meu problema começa exatamente na limitação da dimensão. É melhor ser uma partícula solta no oceano, do que estar presa no encalço de uma semente pequena. Eu gosto desse espírito, só preciso que ele enxarque cada vez mais a minha alma... e eu pare de me desesperar com infinito que é na verdade a solução.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Ludovico

Ninguém desgosta do que se faz com poesia, e eu interfiro nisso, eu me encaixo nisso. Não me deixe desaprender a reza só porque de longe tudo parece tão pequeno...

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Um desenlace em meio ao turbilhão.

Eu preciso de algo que desconecte os fios vermelhos e deixe-os frouxos, feito linhas mal entrelaçadas, que não seguram, e que não vão mais me amarrar por dentro.
É preciso que seja possível haver o desvencilhamento do que aperta o ar, e não deixa que as coisas corram contínuas como uma música... eu preciso me esclarecer.
Por que esses sonhos latejam incessantes durante a noite, sem explicar tanta coisa, sem me livrar verdadeiramente? É necessário atendê-los, mas por outro lado, a vida fica tão pulsante nesse momento. Mas talvez tudo ainda esteja errado - menos o meu mísero ditado enlouquecedor, que por anos prendeu o que havia de amor pela vida, e pelo novo, a um único ser, e que agora não prende mais.
Você não sabe do que eu estou falando; talvez nem eu mesma saiba. Eu só tenho que continuar procurando o que é.
Agora estava branca...


Não escafurdie nos meus temas - de tanto viverem, tornaram-se vivos. É um experimento, não me reprima. As coisas voam de todo altas, passam pelas nuvens e caem perto, pousam, melhor dizendo. Lá no céu há um milagre, uma chuva clara caindo no seu rosto.
Eu não sinto, podes tu sentir? De cara sabia eu que não menos que muito eras: sim, muito! Palavras doces não são postas em bocas, delas saem por lá terem nascido...ou por antes, antes mesmo no coração, ou no que chamam de alma, por lá terem germinado. Tu não me assustas. Tu não me matas. Não! Matas. Derradeiramente, assim que permites que eu não saiba... mas eu sei. Daqui pra frente é por dentro que sei - é com olho interno que olho.
Se as coisas belas demoram pra crescer, então assim deixo tudo: quieto. Por mais que não me engane mais de que não sou quieta, procuro aquietar as palpitações. Melhor: acalmar o ego inflamado, irado por não alimentá-lo de satisfação. Até que agradeço, agora, agora que o violino trouxe mais eu para eu mesma, por irritar o ego palpitadeiro. Preciso da arte, e da mão, e do gosto de alguma coisa, mas nada de exibições, nada de obrigações. É um favor que me fazes: deixar que te experimente por verdade, com teus rumos e aflições. Algo demonstra o vento, isso me alegra. De nada me adianta expectativas...e quanto mais quebradas, mais realmente a realidade poderá me tocar. Quebre, continue por quebrar. As coisas tem de acontecer com liberdade, nada de consentimentos e aberturas para o ditador entrar.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Nada aqui é bem feito, fique com o que é bom de se entender.

Ficar triste mais uma vez, nada mal. Um zumbido melódico no ouvido, milímetros soltos mais um orgulho ferido, e eu nem me importo mais. Era uma tentativa, no começo, que se expandiu pra milhares. Quem sabe um pote de carinho por um tempo? Mas, que nada, as coisas vem e vão... explodem de repente. But than, don't come along, I'm gonna keep my secret, Well, weel, well. Deixe-me gritar em tom grave, deixe-me cantar um pouco mais alto. A dor fica pra depois. Cuz love is a losing game anyway... Blues, blues, blues. That's what I am. Um líquido engarrafado. Ácido no fundo. Não queria tanto, mas vamos lá beber.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Círculos em volta traçam um envoltório complexo, e eu me perco... eu me perdia. A vida enumera, sem chance e sem preconceito a gente encontra, alucinados, desligados, e vem, o que quer que seja. Um punhado de flores, um punhado de carinhos, um pouco de alguma coisa que a gente queria. E quando começa a ser anti-natural (eu sei, por minha culpa), então é hora de não ser mais... que pena. A minha cabeça, o nosso pacto não estabelecido, não recíproco, é tudo um pouco disso. Tolere a minha tentativa então? Ou não, só preciso entender se posso ou não ne aproximar, tá bem? Mesmo assim... Ás vezes é duro pra mim entender os cortes nas molezas nossas. É, bem, faço isso, então, é próprio da nossa natureza? Não dá pra entender alguém só por fora, por nada. E depois eu continuo, porque é preciso...

segunda-feira, 21 de março de 2011

stronger than me

Well, I'm in trouble man, yeah, I am.
You sent me flying and I saw the hell
Well...
Fine.

Não, não há acesso para as suas portas
Quem?
Quem pediu pra sair?
Eu não pude deixar de ver
As ruínas que se sucederam
Quando você sumiu
E há quem diga que depois
De tanta encrenca,
De tantas encenações
O peito fica bruto
Se esquece das lamentações
Mas eu resisto em acreditar
As admirações é que vão pro ar
O vulnerável continua andando
Forte e cego como todo bom romântico.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Para o nu, e para o choro.

Eu não sou eterna. Eu não sou nada. O que eu tenho são dois olhos que te observam e observam o mundo, e ás vezes têm vontade de chorar.
Já me considero distante e longe de todo esse contato emocional que as pessoas podem ter. Sinto-me muito bem, e é verdade. Vou dormir tranquila, comigo mesma. Não espero delicadeza, tudo o que posso esperar é ser delicada. Ser mais ou menos isso que eu gostaria que existisse no mundo - e sei que existe, porque vejo -, mas talvez seja mais raro para comigo. Tudo bem. Sabe resignação? Mas uma resignação calma, de cabeça baixa e erguida ao mesmo tempo? É isso que possuo agora, e juro, quero continuar sentindo. Estou feliz sem ter raiva de quem é arrogante, de quem é seco e descuidado, de quem não se importa com uma lágrima a mais nesse mundo já inundado delas. Fico feliz por querer compreender a falta de momentos mais próximos que poderiam acontecer se estivessemos mais acordados para a vida, que fica agora e já já passa, muito provavelmente para o Nada. E sinto-me feliz por querer deixar feliz, por sentir-me feliz com uma felicidade a mais, apesar da minha inveja e da minha falta de capacidade para a pureza falsa que ostento.
E no mais, que bom que a natureza tem seu curso, e que eu posso acreditar nela. Porque sinto que, enquanto eu a observo, ela também me observa. E isso consola. Essa atenção já é uma grande demonstração de amor.
Amo mãos e sempre amarei. Nelas tem mais alma do que se parece.

quarta-feira, 2 de março de 2011

De fora, de dentro.

Eu não quero roubar a sua vida, entrar em tudo que te liga, cercar todo o seu terreno. Se o fizesse, não seria por obsessão, mas por pura curiosidade, mas nisso, não acho que vá acreditar, não de coração pelo menos.
E o que mais que eu podia dizer?
Gostaria de mais um café quente, porque a minha garganta está doendo bastante. E também de um amigo aqui nessa cidade. Afinal, tudo é lindo por aqui, mas preciso de um pouquinhozinho de voz cara-a-cara pra recuperar alguma beleza interna. Ou então sairei fotografando coisas aí, sem nem pensar em mais nada, porque nesses últimos tempos descobri uma coisa que serve pra eu recuperar um pouco do meu centro e da minha alma quando só sei olhar pra fora e indentificar distância de mim para com o resto do mundo e das pessoas que nele vivem, e essa coisa é olhar o que eu faço, de vez em quando, com o meu sentimento: arte. Olhar como se fosse de fora, e identificar algo leve ali, algo que eu não consigo identificar quando estou olhando como se fosse de dentro.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Embaralhou-se em tristeza, dúvida, raiva e afeição.

Eu morro de medo das coisas que posso perder. Sei que isso é comum para a gente, mas receio abrigar essa idéia por mais tempo que a maioria. Parece que é uma personagem fixa no palco da minha cabeça; de vez em quando um pouco escondida, atrás de árvores ou postes, mas sempre presente - e é isso que preocupa. Tudo bem, eu sei: bem normal abrigar algo do tipo nos pensamentos, visto que somos pequenos seres, ingênuos e perdidos, dentro de uma bola que flutua num espaço infinito; e que, além do mais, não sabem o que acontece quando um ser amado fecha os olhos e simplesmente insiste em não abrir mais. Parece uma carga psicológica e tanto para não ser carregada entre nossos pertences mentais, mas tenha dó: em todos os momentos?

(Passa)

Estou com sono, olhos pesados e pacientes. Nenhuma palavra, nenhuma demonstração. Poxa vida, mais uma lacuna, durante mais um dia - e só uma otária como eu para não perceber todos os milagres que se desenrolam a cada minuto em nossa frente, se formos capazes de analisar, não é? Mentira! Desculpe, eu sei que vejo essas coisas; eu sei porque presto atenção. Se houvesse um trabalho desse tipo, se eu vivesse num filme fantástico e me perguntassem qual é o meu trabalho, eu diria: investigadora-dos-milagres-diários-ocorridos-em-cada sorriso-lágrima-gesto-choro-grito-voz-de-cada-bicho, ou então: colecionadora-de-expressões-emotivo-corporais. Está bem? Quer uma pista? Eu dou. Sabe qual é um dos meus maiores prazeres? É fazer um amigo novo. Juro, sei que é clichê e todo mundo gosta, mas eu gosto tanto quanto gosto de tomate - e quem me conhece sabe que esse é um peso e tanto.
Mas hoje, e ontem e mais um dia, a gente diz um monte de coisas feias um pro outro - um monte de coisas que, aliás, nunca poderiam ser ditas -, e também um monte de coisas que não importam , e, ainda mais, passamos várias horas, e vários dias, e várias semanas, e vários meses sem dar notícias a quem gostamos - ou, pelo menos, a quem sabemos que nos ama -, e preenchemos todos, todos nós, juntos, a vida um do outro com dúvida, dúvida e dúvida. Sinceramente eu não sei se é fácil compreender o que estou dizendo - até porque essa minha linguagem é pra lá de confusa -, mas garanto que se estivesse olhando nos meus olhos, entenderia tudo. Não por eles serem expressivos demais, ou atacantes demais, ou fugazes demais: nada disso, eles não são. É só por estarem com uma aparência cansada e úmida, e juro, esse tipo de coisa, quando vista, de algum jeito, sensibiliza. (Na verdade, não seria essa a tal coisa tão impactante nos olhos dos velhinhos?).
Não sei por que estou tão triste. Assim, coisas corriqueiras acontecem, famílias brigando, pessoas que gostamos indo embora, nos dando as costas, agindo como se não fossem capazes de nos enxergar, ou sei lá, erros técnicos, gritos não pensados, acidentes, etc etc etc. Mas de vez em quando - até por eu estar dentro do momento, vivendo -, não consigo simplesmente olhar e achar normal, passageiro. Acho que nada é. De alguma forma, é alguma coisa indo embora, ou algo que devia ficar, e...dói.
Tá bem. Não é simples assim mesmo... é uma coisa meio...
Sabe o que acho? A vida é muito violentas ás vezes. Bem, ás vezes não. É sempre. Rasgante, corrente. É que ela nasceu assim. As coisas precisam explodir violentamente pra nascer, se não não nascem...

(Preciso concluir depois. Por hoje, o que sinto se embaralhou em tristeza, satisfação provisória e raiva, por fim raiva...)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

My Beliefs.

"I gotta find peace of mind, I gotta find peace of mind...
He says it's impossible, but I know it's possible..."

Eu não me fiz entender, receio... tudo bem.
Não é isso. Não, não, quase nada disso. Não quero que o que digo soe prático, e soe agressivo e chicoteador como as palavras de um senhor da inquisição. Não é pra levar como o esporro de um jornalista político, onde o trabalho é ser crítico. Eu queria ser apenas...sincera? Acho que estava pedindo algo. Ta bem, talvez eu estivesse reclamando um pouco, mas não era nada muito grandioso. Era, era simples, era pequeno - e gigante -, como a relação entre duas pessoas, e daí pra mil, e depois pra todas, sei lá. Queria que as minhas palavras soassem sutis, do mesmo jeito, acho, como essa música que estou ouvindo está sendo para mim. É isso, é isso: qualquer coisa que entre sem querer. Acho que é essa a minha busca. (Acho esse tipo de coisa que acontece, simplesmente acontece, tão...brilhante, tão sobrenatural. É como perceber uma borboleta se mexendo em cima de uma flor, e ficar ali parada, impressionada com isso.)

E vou misturando os assuntos, mas tudo bem...

Já nem sei mais o que queria dizer. Sempre penso em muitas coisas mas na hora de dizer, simplesmente parece não encaixar.
Eu não quero dizer. Não assim, em palavras, pra ninguém entender.
Não quero responder. Quero corresponder.

(Que bonito.)

Qual é a palavra que você mais gosta? Acho que realmente gosto de "Perceber". Ela é bonita, o som, e tudo... mas é o seu significado... ele é tão delicado.
Fico observando, nunca paro de gostar. É tão difícil perceber alguma coisa, alguém, algum sentimento. Eu sempre vou me lembrar desse rosto (e você não sabe de quem estou falando), que eu percebo, em algum mínimo segundo, de vez em quando. Qualquer coisa ali, compreendo - nesses momentos. É como estar próxima de verdade da pessoa.
Confie a alguém isso, por que não? Só chegar mais perto, por que a gente tem que ser tão bruto? Como me disseram esses dias "um olhar tão...paciente" - o do meu cachorro. Estávamos falando sobre cachorros - "se todo mundo fosse como eles são". "Confio, entrego e agradeço". Fiéis, amigos, carinhosos, defensores.

E eu já nem tenho mais tanta coisa assim pra dizer. O que? "Acorde".
Acho que não, não é mesmo?
Mas eu descobri uma coisa que deixou passar...sem querer eu vi. Eu vi.
É tudo do mesmo jeito. Antes não era, mas agora, eu acho que é.
E o que me resta dizer?
(Também gosto de "Por favor". É muito bonito.")


Ultimamente tenho estado tão estranha. O que antes me parecia tão impossivel de largar de repente me parece tão vazio...
Um dia desses, observando meus tios falarem coisas espontâneas demais e engraçadas demais, percebi um bem estar muito forte em mim. Tá certo que algo - daquele tipo que sempre me prendeu - havia ajudado, havia me feito sorrir, mas percebi que estava bem especialmente por causa do momento.
Pensei "Nossa, que bom, posso ficar com essa felicidadezinha essa noite."
Mas depois, me veio também "Mas...qual é a graça? Na realidade, não tem conexão nenhuma..."
Não sei. Parecia vazio. Vazio e silencioso.
E vendo algumas coisas, algumas pessoas, vejo que ainda posso continuar procurando essa coisa especial, essa coisa realmente especial, que tenho chances de encontrar.
Não preciso me apegar ao que está tão longe, tão afeiçoado por outras coisas, tão desligado do mundo em que eu fico vivendo.
A verdade mesmo, a verdade que acredito, e que tenho visto, por mais imbecil que pareça - porém não hipócrita -, é que a gente consegue vivenciar alguma coisa real com alguém, e com as pessoas, que, de alguma maneira, falam a mesma "língua". Prestam atenção em coisas parecidas. Digo, não que tenham os mesmos interesses superficiais parecidos, mas pessoas que se importam, tocam, se emocionam com o mesmo tipo de coisa. :
Quem sabe, ir embora doa no outro. Bobagens: motivo de humor descabido. Arruaça infantil: por que não?

É quando eu paro e digo: é disso que eu to falando.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Rabisco.

Talvez eu esteja dentro disso, mas muito provavelmente não. Esperança? Um pouco, quem sabe? Enquanto é regada, enquanto ainda úmida, algo existe ali...

Depois, depois murcha. Encontrou já em alguma voz melancólica aquele último sopro de vida? Sim, é isso. Trovões, chuvas, terremotos, vulcões...pisões, pisões, pisões, uma lágrima, um sorriso de contentamento, um olhinho triste, e é isso, só isso. Depois, depois o fim. Inevitavelmente, naturalmente, quando a vida gastou, ela acaba, por assim dizer. Não por vontade, mas por acabar.
Assim é com o amor.
Assim é com a tristeza.
Assim é.

Entende?

(Sob a beteria, o baixo, a voz do Blues.)
De que saudade você está falando?
Não era pra sentir a derrota por dentro, não?
Mas os mansos ficam assim no final: sérios.
Só um esboço de riso
Só um pedaço de frustração
E partem fechando a porta.
É que cresceram, por fim.
Ficaram maiores que os seus vilões
E, principalmente, que seus heróis.
"Adeus pra sempre. Ou com sorte, a gente se vê por aí.
Fique com seus mistérios. Eles lhe são mais importantes, certo?
Mas fique bem."

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Imaginou o que quis.. plantou, cantou, se esqueceu, caiu, ardeu, queimou, sofreu, encontrou amor...

Deixe-me em paz com meus neurônios; hoje eu descobri a arte e o polegar direito apontado pra cima, juntamente com um sorriso desesperado no rosto e um monte de amores relâmpagos encontrados e desencontrados no meio da noite - um pouquinho, de pouquinho em pouquinho, vai enxendo o pote que carece de crença, de depósito, de esperança, de colo. Pois bem, seu Raimundo, eu me despeço. Não te peço mais nada, nem tua voz, nem teu respeito, nem tua consideração, nem nada. Seu Raimundo, o senhor me deixou na estrada, mais uma vez, esperando, esperando, esperando. Por quê? Disse que viria quando o sol nascesse, e pediu desculpas por ter de me deixar dormindo sozinha, mas porque voltaria, eu aceitei sem dores a mais - é assim que sou, tão acreditante nessa humanidade esquisita. OH! Mas o senhor mentiu de novo, vê se pode?
-Mas bem, passe-me o esqueiro, por favor. (Acende, cabelo voando, expressão cômica, despreocupada, mas, no fundo, bem triste, angustiada).
-Sabe de uma coisa? Eu não sou como vocês são. Sim sim, sinceramente, pode me escutar. Eu até que gostaria de entender sobre técnicas, computadores, sons, programas, áudios, vídeos, etc etc etc, mas eu não sei de nada disso, não entendo coisa alguma, sou rudimentar. Em todos os aspectos. E eu bem que gostaria de gostar de passar horas e dias sozinha, sem compartilhar coisa alguma, apenas preocupada com o meu futuro, com o que construirei, com o que farei com tanta coisa para se fazer, mas...ah, diabos, não tem como. O meu lance é a rua mesmo, estando com as pessoas mesmo, lá no meio, vendo o jeito que olham e sorriem e amam e odeiam. Oras, oras, oras, ser assim dói lá no fundo da alma. Acredita?
(Silêncio, olha pro mato iluminado pelos raios alaranjados do fim do dia. Olha, pensa, descansa as vistas, e volta a olhar como se Raimundo estivesse ali, prestando atenção, escutando cada palavra.)
-Vou ligar o som. Uma música sempre cai bem. Ah, ultimamente tenho achado que esse movimento de ar tão belo é a minha melhor amiga.

Onde está a delicadeza? Eu me encontro ali: ali naquele pedeaço rasgado de página que ficou escondido. A mão do músico, bem rápida, e bem lenta. Os olhares doces. "Seu olhar foca, presta atenção, mas também é um pouco triste..." "Triste? Como você percebeu..." "Você se coloca pra baixo." "Adorei seu cabelo."

Pra que ignorar?

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Pinguinhos

Ah, que isso, só uns pinguinhos.

Imagine projeto
Céu aberto
Eu trocando falta por violão

Escreve canção, põe medo na letra
E deixa assim a treta
Estourar em bolha de sabão

A agonia vai embora
A gente no fim
Para e olha
Se vale a pena chorar por pavão

BUUUUU
Esquentei a chapa com o capeta
Discuti
E aceitei a careta
E seu riso cínico
Empurrando demência
Pra dentro do meu porão

Mas dormi pensando em anjos
E acordei menos pesada
A maldade do dito cujo
Já tinha sido levada
E lavada
Com arruda
E fúria de leão

Falando em alegrias
E companhias
E melhor situação
Eu abro um parênteses
Pra apresentar
Uma comunhão:

Se prestar aenção
Nas vozes queridas
Vais entender
Que a liberdade
Ás vezes quer lhe dar a mão

Aceite.
É amiga
Vem em paz
Só quer te oferecer
Um pouco do gosto bom
De ser feliz
Apesar do socos secos
De um marmanjão

Não sei onde li, eu vim falar da vida, e de se soltar essas amarras que ficam segurando a gente, presa naquele negócio sujo do pavor. Bem, "pra saber se uma pessoa é anjo ou demônio, apesar das aparências e das palavras que diz, e do que parece, preste atenção na sensação que ela deixa em você quando vai embora."
Genial.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Ao amor, ao ácido, ao amparo amargo, á áurea afetada, ao aquecimento atrevido e ambicioso, á ansiedade angustiante, ao ardor ancorado. Obrigada.

Hoje nao tem acento. Hoje tem urgencia.

(Saia da minha pele pra sempre agora. Por favor. Sem mais torturas pra mim, obrigada.)
O canto soou triste, ja vinha nos sonhos. Dizia abertamente que a delicadeza verdadeira nao era aquela, que aquilo podia ser mentira. E entao, havia algo de real naquela voz serena e calma que pedia perdao? No fundo, as coisas ficam marcadas - na carne, no osso, no sangue e no transparente. Eu fiquei assim. Nao consegui sentir qualquer coisa ao ouvir as coisas. O trauma ficou. A angustia ficou. A saudade ficou. E a sensaçao estranha, uma mistura de buraco e também de crueldade, ficou mais ainda. Mais que tudo. E isso vem a tona, e vem com tanta força, que acabo acreditando que é a unica verdade nessa historia vaga e úmida.
É pra se lembrar das coisas boas, sim, tudo bem. Mas é melhor ainda esquece-las todas, com toda garra e coragem (principalmente) que houver aqui dentro.
Chega um dia em que a gente dá de cara com uma encruzilhada e precisa entender pra que lado quer ir mesmo. De repente, brincando com onças e se ferindo com elas, começamos a aprender como posicionar os braços na frente do rosto, ou em que lugar se esconder, para nao acabar mutilado por uma unha afiada qualquer.

Obrigada pelo lago inteiro que eu consegui formar. (E por servir de cobaia para que eu pudesse ver que esse inconsciente pode mesmo sentir coisas).

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Hoje

Um desespero a mais, um a menos. A música no meio. Pra mostrar um abismo mais calmo, mais claro, mais possível de se jogar.
Um dedo no rosto. Eu queria agarrar o restinho.
Será que dessa vez fui eu?
Mas e o restinho? E o empurrãozinho?
Porque uma ducha fria nessas horas não pode resolover?
Ah, que judiação.
Dois patos puxando a corda pro lado oposto, mas os dois tem o mesmo propósito: o meio - que faz um tocar o outro. (Mesmo que a idéia seja burra).
Ou então, eu não sei de mais nada.
Meu irmão é que sabe.
O difícil é pelo menos pensar que a atitude de um, que significa um terror pra mim, talvez não mostre a mesma coisa pro um.
E agora, o que é pra pensar.
(Tenho tido resistência pra abrir os olhos...)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Então eu conto o que eu quiser. (Já que as pessoas também fazem o que querem)

A casa era a mesma do outro. O corredor era bem importante, era praticamente o foco - mesmo não sendo o local da cena. O que parecia é que eu estava ali de passagem, mas por um certo tempo longo, como se estivesse fazendo uma espécie de intercâmbio - o que, mais uma vez, é igual ao outro sonho. (As coisas deram a mesma sensação, apesar de não terem exatamente a mesma cara). E estava escuro lá fora, e havia também um medo, um tipo de incerteza obscura que apavora: por que eu vim parar aqui se sabia que me sentiria muito, muito mal? Algo como que perverso. Talvez como estar em um buraco gigante onde se abre um outro palco, um quarto guardado abaixo do que é visível - inconsciente? Tem fala mas não se decifra bem a mensagem - olhe a cena e seu corpo entenderá o necessário. Sim: com enjôo e prisão de mente.
Pois bem. Havia um menino nesse lugar, um conhecido, amigo, digamos. Que talvez represente o inalcansável por ser exatamente bom demais para o que se pode querer. É: sutil, gentil, manso, responsável com a sua vida e com o sentimento dos outros - quem sabe não seja por isso mesmo que eu o tenha considerado inalcansável? Só observação. E ele estava lá dessa maneira: impossível. Perto mas distante. Com um amor pairando á sua volta mas que eu não podia tocar, e talvez mais ninguém, justamente pela incapacidade que observo termos com essa coisa. Havia também uma menina ali conosco. Uma menina comprometida, e que entende particularmente bastante de psicologia. Estava dizendo que era apaixonada pelo namorado, mas ao mesmo tempo se deitava no garoto, e sem malícia - isso ficou muito claro.
(Essa foi a última parte).
Em resumo na primeira eu estava na minha antiga escola, no andar de cima (pera aí, isso já apareceu em outro...), e estava com mais alguma pessoas - algumas amigas, o rapaz, e também o garoto de cima, e talvez meus irmãos. Escuro de novo. Tínhamos que pegar coisas e sair com certa velocidade de lá - alguém voltaria? As coisas estavam meio caídas, bem ao acaso. O rosto dele, com o verde-roxo em baixo dos olhos, e a sensação de sou-perigoso-se-aproxime chegando até mim. Tirei meus tênis (all star branco, listra vermelha, talvez o que levei pra Áustria), e pus na minha cabeça: não os esquecerei aqui. Descemos as escadas correndo bastante, e eram muios degraus. Qual não foi a surpresa chegar lá em baixo e perceber que tinha deixado meus tênis lá em cima? Todos eles que estavam comigo saíram, e eu disse que sem problema voltaria para resgatar o que precisava - subiria tudo de novo. E fui. Sozinha. Passei por pessoas tendo aula nos corredores. As pessoas olhavam como se eu fosse estranha e etivesse atrapalhando. Tudo muito macabro. Peguei meus tênis. Encontrei um professor na porta e não sei por que diaxo ele disse para pegar umas máscaras já velhas e caídas que estavam lá porque eu precisaria delas, e eu concordei. Pensei: isso será útil para nós - para mim e para aqueles que já haviam saído. Desci a escada correndo e cheguei lá embaixo com muita dor nas pernas, na verdade uma impossibilidade de usá-las, por cansaço absurdo. Agora estava sol lá fora. Não conseguia andar, fui voando - e para que eu não subisse muito, o professor me deu a mão. Nisso só vi o garoto do quarto passando pra lá do portão e acenando para mim, como se quisesse me esperar mas como se também precisasse ir com os outros.
(Fim primeira parte).


“A vida de um ser humano, entre outros seres humanos, é impossível, o que vemos, é apenas milagre; salvo melhor raciocínio.” Guimaraes Rosa.

Algo de belo entre tantas coisas não-belas (que explodem e que não são evitáveis, já que a natureza ela própria não tem controle e nem experiência, só continuação, só vida..) : "Solidariedade pra mim deve ser falta de crítica; a simples vontade de estar perto, de ajudar."
(Vou retomar o assunto)

sábado, 22 de janeiro de 2011

Então percebam de quem essa música está falando - e não é óbvio.

Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Eu vou denunciar a sua ação nefas-
Você amarga o mar, desflora a flores-
Por onde você passa, o ar você empes-

Não tem medida a sua ação imediatis-
Não tem limite o seu sonho consumis-
Você deixou na mata uma ferida expos-
Você descora as cores dos corais na cos-
Você aquece a Terra e enriquece à cus-
Do roubo, do futuro e da beleza augus-


Mas do que vale tal riqueza? Grande bos-
Parece que de neto seu você não gos-
Você decreta a morte, a vida indevis-
Você declara guerra à paz por mais bem quis-
Não há em toda fauna um animal tão bes-
Mas já tem gente vendo que você não pres-

Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Bom entendedor, meia palavra bas-
Bom entendedor, meia palavra bas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-

Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Eu vou denunciar a sua ação nefas-
Você amarga o mar, desflora a flores-
Por onde você passa, o ar você empes-

Não tem medida a sua ação imediatis-
Não tem limite o seu sonho consumis-
Você deixou na mata uma ferida expos-
Você descora as cores do coral na cos-
Você aquece a Terra e enriquece à cus-


Mas do que vale tal riqueza?
Grande bos-
Parece que de neto seu você não gos-
Você decreta a morte, a vida indevis-
Você declara guerra à paz, por mais bem quis-
Não há em toda fauna animal, um tão bes-
Mas já tem gente vendo que você não pres-

Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Não vou dizer seu nome porque me desgas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Bom entendedor, meia palavra bas-
Bom entendedor, meia palavra bas-
Pra bom entendedor, meia palavra bas-
Tá?


Eu vou denunciar a sua ação nefasta!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

me traz um pouco de silêncio?

Ponha a sua cabeça em algum lugar,
eu só estou falando besteiras
e além do mais, gosto mesmo de escrever em versos...
você se importa?
Bem, é que os miolos ficam voando como um balão
quase nunca dão uma trégua e pousam pra descansar
-e pra me descansar-
ás vezes parece provocação.
É que eu queria facilidade de vez em quando
quem sabe, um pouco mais de contato
mas as coisas andam no seu tempo
(é o que dizem)
ah, as coisas precisam do seu tempo.
Sabe, começo mesmo a me assustar
de repente parece que os trovões vão ficar por aqui
atormentando,
deixando os neurônios tão cegos
tão inquietos,
tão perturbados...
não consigo me concentrar
as coisas ficam com um gosto amargo de lacuna, de nada
será que teria um remédio pra curar?
Aliás, um dia teve...
mas agora nem isso mais resolve
era tão forte, eu sabia pelo que procurar
agora receio que o efeito tenha sumido
isso apavora, pode apostar
mas será que poderia continuar mais ou menos por perto?
vai que, sem querer,
a dor passe sem que eu nem perceba?
Se tem como entender disso que falamos
então bem, há esperança mesmo
então bem, logo arranjo um jeito.