segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Imaginou o que quis.. plantou, cantou, se esqueceu, caiu, ardeu, queimou, sofreu, encontrou amor...

Deixe-me em paz com meus neurônios; hoje eu descobri a arte e o polegar direito apontado pra cima, juntamente com um sorriso desesperado no rosto e um monte de amores relâmpagos encontrados e desencontrados no meio da noite - um pouquinho, de pouquinho em pouquinho, vai enxendo o pote que carece de crença, de depósito, de esperança, de colo. Pois bem, seu Raimundo, eu me despeço. Não te peço mais nada, nem tua voz, nem teu respeito, nem tua consideração, nem nada. Seu Raimundo, o senhor me deixou na estrada, mais uma vez, esperando, esperando, esperando. Por quê? Disse que viria quando o sol nascesse, e pediu desculpas por ter de me deixar dormindo sozinha, mas porque voltaria, eu aceitei sem dores a mais - é assim que sou, tão acreditante nessa humanidade esquisita. OH! Mas o senhor mentiu de novo, vê se pode?
-Mas bem, passe-me o esqueiro, por favor. (Acende, cabelo voando, expressão cômica, despreocupada, mas, no fundo, bem triste, angustiada).
-Sabe de uma coisa? Eu não sou como vocês são. Sim sim, sinceramente, pode me escutar. Eu até que gostaria de entender sobre técnicas, computadores, sons, programas, áudios, vídeos, etc etc etc, mas eu não sei de nada disso, não entendo coisa alguma, sou rudimentar. Em todos os aspectos. E eu bem que gostaria de gostar de passar horas e dias sozinha, sem compartilhar coisa alguma, apenas preocupada com o meu futuro, com o que construirei, com o que farei com tanta coisa para se fazer, mas...ah, diabos, não tem como. O meu lance é a rua mesmo, estando com as pessoas mesmo, lá no meio, vendo o jeito que olham e sorriem e amam e odeiam. Oras, oras, oras, ser assim dói lá no fundo da alma. Acredita?
(Silêncio, olha pro mato iluminado pelos raios alaranjados do fim do dia. Olha, pensa, descansa as vistas, e volta a olhar como se Raimundo estivesse ali, prestando atenção, escutando cada palavra.)
-Vou ligar o som. Uma música sempre cai bem. Ah, ultimamente tenho achado que esse movimento de ar tão belo é a minha melhor amiga.

Onde está a delicadeza? Eu me encontro ali: ali naquele pedeaço rasgado de página que ficou escondido. A mão do músico, bem rápida, e bem lenta. Os olhares doces. "Seu olhar foca, presta atenção, mas também é um pouco triste..." "Triste? Como você percebeu..." "Você se coloca pra baixo." "Adorei seu cabelo."

Pra que ignorar?

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