domingo, 26 de dezembro de 2010

That was my heart in the line

(Por Sofia.)

Desdentados são os caroços que embarcam em nossas bocas
E mesmo assim, são duros e ásperos e frios
Eu não vou mastigar nenhum deles
Nenhum deles
Nenhum deles
Espero que morram antes de estarem vivos

Entraram várias vezes empurrando a garganta
Raspando tudo sem nem dar conta
Eu já senti minha pele arder em febre sem rascunho
- tudo ali, de cara limpa e de primeira -
E ao que parece, era só um desafio

Não importa agora se o mel que veio foi mais doce que nunca
Na verdade, toda aquela sujeira deixada no sangue
Não irá embora de uma hora para outra
Coisas limpas é que perduram.

Mas enfim, não há nada demais - como costumam destacar
A única coisa que sei é que ir embora virou costumeiro
O meu problema é estar aprendendo muito devagar
A virar as costas e deixar partirem sem olhar pra trás
- meus olhos ainda ficam chorando quando você se fecha.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Garden

"O garoto vinha correndo...correndo, correndo, correndo. Queria terminar de escrever antes que a música acabasse - o encanto todo não duraria muito tempo. Ele vinha correndo, correndo, correndo. 'Você pode me dizer pra onde foi aquilo que eu sentia?' Mais rápido, mais rápido 'É por isso que eu gosto da voz rasgante, cantando you did not think when you sent me to the brink, to the brink, e ficando mais forte, mais forte, mais forte a batida'. Vamos confessar que um tempo ficou pra trás, e uma beleza também. O tempo de ficar pensando em história que pudesse (de verdade) acontecer, e a beleza...a beleza do simples acontecer - como naquele instante em que a gente assopra e o ar forma uma bolha de sabão, fina, fina...a delicadeza, talvez, bem ali, que dura um pouquinho, até que alguma coisa se quebra e ela se quebra ali, também onde nasceu. O garoto correu, correu, e veio correndo até cansar as pernas, só pra dizer. Mas quando parou de correr, não precisava mais dizer, e só suspirou - um suspiro cansado de "isso é tudo, então?".
E ele só tinha uma pequena coisa pra dizer: WITH MY WHOLE HEART. Mas não era muita coisa, mesmo. Afinal, essas coisas não são culpa de ninguém.
(Mas é a vida, e sinceramente, é tudo o que a gente têm).

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ratificando Então a Nossa Alegria sem Nome

"Eu não cheguei ao âmago de nada. Não fui agarrando as coisas, nem com as mãos, nem com os pés, nem de jeito nenhum. Eu só fiquei, por perto, assim. E não dá pra dizer como também. Foi só...de algum jeito. Ah, as coisas foram se arremessando, depois se fixando, depor melhorando, depois ficando delicadas, e depois bem brutas, e depois amargas, e depois vagas, e depois mais vagas, e depois mais vagas, vagas...vagarosas, distantes...perdidas. Até que se perderam. Por aí, talvez. E talvez não de vez, sabe? Porque alguém disse 'tu te tornas eternamente responsável por tudo aquilo que cativas' - sublinhando o eternamente. Então talvez esteja alguma coisa ainda vagando no ar - por mais que a perda tenha acontecido de qualquer modo, e aberto algumas vagas -, sim, talvez alguma coisa ainda esteja voando. Qualquer coisa, é só ela pousar em algum lugar, quando quiser, ou quando puder, ou quando simplesmente...pousar. Como a borboleta amarela que eu vi voando dentro do supermercado - sim, dentro do supermercado! - naquele ambiente cheio de plásticos, cores, potes, marcas, preços, valores, incômodos, durezas, confortos, delícias, produtos - lá quis entrar a borboleta amarela leve e quis pousar em cima de uma prateleira qualquer, e quis deixar que eu visse isso, e quis voar de novo depois. Então foi assim, mas como que ao contrário, meio a meio e ao contrário de novo: quis ver, quis se aproximar, o Mundo de várias coisas rudes e também fortes e também afrontadoras, num Mundo mais sutil e mais fraco e mais forte também e mais preocupado com o sorriso do que com o beijo - ou não, ou, também. E daí o Mundo rude mostrou que voava de vez em quando, e podia mostrar as asinhas amarelas de vez em quando, mesmo que fosse num lugar desconhecido - no caso, no Mundo sutil que era menos afrontador do que os Mundos que o Mundo rude costumava frequentar. E então os olhos do Mundo sutil se encantaram com o modo com que as asas amarelas do Mundo rude eram bonitas, tão sem querer e tão fáceis...tão facilmente bonitas. Mas, por causa do vento, ou por causa dos dedos do Mundo sutil que quiseram tocar nas asinhas, o Mundo rude resolveu sair de perto - como que sair da prateleira e ir para outra prateleira, voltar, digamos, para onde estava vivendo, ao invés de voltar para onde gostaria de viver realmente: lá fora, perto do mar. E assim, o Mundo sutil ficou um pouco triste, pois sabia que não poderia mais ficar olhando pro amarelo bonito que vira por alguns segundos, e então, resolveu só entender, só aceitar. Afinal, acontecia que o Mundo rude era um bicho perdido, vivendo dentro de um supermercado superlotado de inflações, e de falsificações, e de embalagens. O que poderia fazer? Talvez um dia o Mundo rude sairá do supermercado, ou talvez não, ou talvez só de vez em quando. Mas, enquanto isso, o Mundo sutil vai ficar lembrando de uns sorrisos e outros - porque a beleza foi bela, e foi clara, mas não foi tão forte e tão dolorida como aquela luz violenta que a gente deu o nome de...amor. "

Não é claro, não é escuro. De algum jeito, dá pra ver. E dá pra entender. É só ficar absorvendo a penumbra do jeito que ela vier. Entende?

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

fyah fyah

no no no
ficando maior mais forte que isso ficando mais alto mais grave que isso, não, ficando mais longe mais protegido disso dele de ti. ficando fora de fora de longe vai bater na rede vai bater, concertando a pedra lascada. já parece uma criança que se dói não é mais no rosto. nada de mal.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Vou me isolar mais quantas vezes eu quiser. É sinceramente bom quando acho bom e quando quero me isolar. Tanto que ninguém imagina. É a mesma coisa que nunca mais pedir. É a mesma coisa que amputar uma coisa que doía. É a mesma coisa que machucar com tristeza e não com raiva. É como dar o troco docemente - não era assim que era melhor?

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Storia, Storia..

Me perdi, me perdi, o que eu ia dizer mesmo? É que começei a ouvir "paz, eu quero paz, já me cansei de ser a última a saber de ti..." numa voz bonita. Daí eu me esqueci. Mas, acabei me esquecendo também de lamentar...não, lamentar, não mais. Dói bastante. É melhor pensar que é o curso da história, da vida, de tudo, não é? Tudo bem que as reviravoltas para mim demoram, mas flutuando é mais fácil seguir. Sabe, comigo parece ser assim: longe, vago, rápido. Pois vá embora por favor! Que não demora pra esta dor sangrar!

Acorda cedo de manhã, não lamenta a onde não, escuta o som do coração, vai em frente com a maré, se tu esquece da minha voz, tua calma que'é felina, não me empurra na contra-mão, não me joga assim no chão, se és moleque então se ofende, eu não vou pular na fonte, eu tenho paz eu tenho santo, eu tenho muito o que andar.

Se eu falasse francês? Seria mais bonito de se falar "Não fique triste porque não é mais tão bonito como era antes, não fique triste porque alguma coisa se perdeu, pelo menos não lamente, existe o sonzinho de uma voz que diz pedrinha, não chore, não chore, menina, você sabe até dançar! Tudo bem, tudo bem, teu amor vem nascendo, o deles é perdido, é remontado, mas tem a história da escola, do menino que não morde, do menino que é vestígio, da tal felicidade. Ele sorri, fica tímido, não se encolhe, passa bem bonito, é calmo, é calma, é esperança mesmo que distante. Não chore, não chore, tudo bem!"

Tanta história pra contar e você deixa isso morrer...

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

das palavras dos poetas

Me desculpe mas eu ainda não entendi. Precipitando-me desde o príncipio é que não farei. A coisa já me pegou pelos braços, mas o que espero agora é pegar-me pelo peito. As palavras entram e saem, e isso eu percebo, mas eu só farei delas vida quando entender que assim ser é que se deve. Não me diga que se expressa de forma estranha, entendo: como ingratidão. Eu vi as luzes no poste, fiquei tão triste, achei que não mais dentro de si mesmo estava. Mas que dor. Entende bem? As vozes ecoam, tão boas que são. Naquele momento em que a gente não está mais um dentro de cada um, mas um fora de cada um, e daí no corpo fica só a alma (digo, o coração) e então conversar é que se pode, bem somente só com os olhos. Se me entende, sei que perfeitamente. Vimos na árvore um olho de azulão, pedistes pra que eu atendesse, e aquilo me entrou. Das palavras saem o som, e quando em música, desse jeito, algo de mais se aparece, e então algum sem nada desaparece, daí a felicidade toma espaço. Pois bem, nessas horas parece pura prece. Tão pouco ainda é, mas se o cansaço chega e espanto, a busca morrer é que não vai. Cresce, só cresce. E chega no céu.

Evapoar.

E ando ainda atrás desse tempo ter, o de não correr, de ele me encontrar...

Não tem muito olá, mas tudo bem. Não tem muito demonstro, tudo bem. Não tem mais (tanta) importância, tudo bem. Eu tenho o que ainda não existe, mas vai existir. Então já existe, e me faz companhia. E ninguém mais vai me dizer que ele não é real... só porque cresce em mim á partir de mim, aparentemente. De aparência vivem os racionais, e fechando a porta pra essa dica é que eu estou. Tudo bem. Faz todo o sentido pensar com a caceba olhando de fora. Mas de dentro não. E se é dentro que estou, o sentido se encerra aqui (o sentido comeca aqui) onde fico a morar.

Evaporar.


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Onde ancoraste?

E eu sei que é louco
Mas eu achei
Que o fim da resposta era amor.
Desculpe, agora é doce
Aquela pessoa era outra
Desculpe, sem culpa
Não se perca, pelo menos
Aquele está guardado
A gente precisou de dor
Digo: eu
Mas ficou uma coisa boa pra cantar
Algo que eu sei
Pelo que esperar.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Deixa, deixa eu dizer o que penso dessa vida...

... preciso demais desabafar.

Deu pau na linha, o sistema chegou. Onde tinha que chegar. Pra não explodir.

Agora escuta o grito, vê se dói no ouvido. A raiva come solta. De onde vem, não sei. Me explica aí se quiser. E se não achar que precisa, abandona, parceiro. Não é assim que a gente faz? Esconder a carta não faz sentido, ou eu to errada, ou eu tô demasiada envolvida. O medo tomou conta do corpo, o que fica é o bloqueio. E a luta pra ele se dissolver. Enquanto me pego na tentativa do amor, vem logo a corrosão. É uma granada aberta - no menor susto, ela tá explodindo. E o acontecido é afastado pra outro lugar. Não morto, mas distanciado. É parceiro, é assim que a gente faz. Vai me dizer que não? Não é fácil, não é de lei também, mas que correr é hábito, é, e cada vez um tanto mais. Ou é intriga da oposição. Mas vê aí na rua, tem sempre alguém pra pagar a conta. E no muito, sempre é o fraco. Então vi isso, de peito quase todo aberto fui rápido pro meio. Da batalha. Encarando - de verdade? - um outro. E o que deu foi bomba. Teve tiro. Não. Teve grito. Não. O que teve foi soco. Sempre no meio do rosto. E daí vem a pergunta: onde é que a gente aprende a se fechar? É pagamento ou é proteção? Saber o caminho é que é o problema. Mas de vez em quando, provocar não vale pouco.
No fundo eu só queria te perguntar. Por que que a gente é assim, vive a se machucar? E ás vezes parece tão inevitável... De qualquer jeito, se fogem e se eu fujo, se gritam e se amam e se odeiam, tem aqui um recado pra alardear: tô no jogo. Se não tem conversa, ah sim, eu vou ter que conversar. E de preferência sinceramente. Se aqui é parede, a bolinha vai voltar.

(Só um sorriso pra mostrar que tá tudo bem, vai?)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

roncou

Nhenhenhenhenhenhenhenhe.

Roncou, roncou.
Roncou de raiva a cuíca, roncou de fome.

Parado, viu?
Alguém mandou.
Fcar assim.
Como se faz, depois.
Pra achar você mesmo?
No meio, dos esconderijo?
Que foram se armando..

Você tá falando comigo?
O que se desmancha é difícil de concertar.
Pecado nisso, tenho.
E hei de arrumar.
Pera lá.
A gente fez errado junto.
Agora temo de se ajudá.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Silêncio

Ah, como dói o meu pescoço. Você sabe disso? E há tanta gente passando por aqui. É tudo tão mais importante - o sonho, os papéis, os salários, os fins - e eu só acho isso aqui bem melhor: o meio. Você entende isso? Mas teho estado tão cansada, tenho que me sentir forte, lutando, o tempo inteiro. A gente vai se machucar, baixinho é que não se pode falar. E no entanto, continuo. Você entende, meu querido? Se fosse possível, tentaria fazer com que entendesse... então eu vou, antes de perder algo.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Longe perto

É um negócio difícil, não é? Mas tá quase lá, não vai se meter no meio dos caminhos e se perder, vai? Sabe bem que tá fazendo isso - esse outro caminho - por puro medo. De quê, fia, exatamente? Parou já pra ver que o tal do céu é grande mesmo? Se lembre daquela coisa que as coisa tua não vai embora não, vai não. O que é pra ficar fica. Pensa nas alegria dos otro, e na tua também, menina. Daí vai longe, vai sim. Se desgarra, se desgarra. A vida nem é tão complicada assim...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Nothing is gonna change my world

- Papai, qual que é mais forte, quando arde ou quando dói? Porque a coceira, a cócega, quando arde, quando dói, é tudo dor, mas com intensidades diferentes, não é? Mas qual que é mais forte, quando arde ou quando dói?
- Ah, eu não me lembro, mas acho que é quando dói.
- É, é quando dói né? Como quando tem um hematoma, não é? Porque daí as veias estão todas estouradas...
- É, as veias estão todas estouradas, tá tudo traumatizado...

Num carro rápido, rápido como o vento, o motorista me diz que nada vai acontecer, que não vai me machucar, pede pra eu confiar, diz docemente, e o carro vai rápido, correndo, correndo, correndo. Ele vai correndo, mas eu não pedi pra sair. Ele sabe que talvez não possa cumprir, e eu sei que talvez acabe me ferindo. Mas acreditamos, eu e ele, nisso. Que nada vai acontecer. Nada de ruim. Mas no fim das contas, alguma coisa acontece. A gente bate, numa árvore, em alguma coisa. Não deu pra ver. É que eu já estou a essas horas sem poder perceber nada. Antes senti medo, senti que algo estava errado, senti, senti... mas nunca consigo sair do carro. Alguma coisa estava errada e eu vi. Agora já bateu. Primeiro ardeu tudo, o pânico era quente subindo na cabeça, havia um desespero enorme, queria evitar como pudesse. Mas não estava no controle de carro nenhum - estava sentada ao lado. Indo. Agora, já está doendo. Não tem volta. Já batemos. Já batemos. Não tem volta. Ao menos não há ansiedade - já aconteceu. Já batemos. Mas batemos do meu lado. Eu é que me feri. E o motorista eu não sei pra onde foi...
Tá roxo, tá estourado, mas está tudo bem. Só preciso ficar quieta, está tudo bem. Só não me peça para fazer a mesma viagem de novo. Só não me peça para viver aquilo de novo. Só não me peça para enxergar que a promessa foi quebrada. Não, por favor. Não me peça para ver aquela beleza ser disperdiçada. Por favor.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Deixa, deixa o verão pra mais tarde?

Só de passagem, não me fale assim, fazendo de conta que não está, por perto, de perto, tá é longe, lá no fundo, escorregando na contra-mão, do que a gente combinou. Faz isso não, não? É pra pedir sim, tu sabe que é, mas quero adequar a situação, me aguentar em pé - pois que dentro de mim é furacão que tá a me levar, pra outro, outro lugar. Tem como ser bonzim? Não vou te fazer chorar, se quiser ver, dê atenção ao que tô a falar. Eu digo que se fosse eu criança, de inteiro todo, mais fácil devia de ser, pra entender as coisas, como ficam no minuto que a gente tá.

"Não to muito afim de novidade, fila em banco de bar. Considere toda hostilidade que há da porta pra lá..."

domingo, 19 de setembro de 2010

Bate

Vixe nossa, queria eu escolher a delicadeza, sabe como? Essa coisinha linda aí dentro de ti, eu vi, eu vi sim, e a proteção, sabe bem? Mas tu se assustou comigo, com essa coisinha minha, que eu também tenho. Sei não dosar, sei não. Vai entender de que jeito? Volta não tem mais não, eu entendo. Agora quer que eu desgarre por pegar medo do cê, mesma moeda e tal. Que besteira não? Sendo assim tenho que escolher ficar com a cara hostil, sabe como? Pra assustar mais também, pra furar também, pra aliviar...entende? É isso, é só isso. Mas eu lamento tanto, meu deus. Queria saber o porquê disso, minha nossa. Queria entender de onde que vem isso em mim, queria muito. Acha que ficaria mais fácil de passar o pânico que brota na cabeça? Que deixa as orelhas todas quentes? Acha? Me explica o seguinte, e aquela promessa de não machucar? Disse que não faria isso, meu deus, tu disse sim, eu ouvi com essas mesma orelhas, que estavam frias e calmas e agora estão quentes. Mas por que tá com a faca na mão? Tem como me dizer? Eu num queria desacreditar de todo o resto com uma coisa pequena que acontece, mas isso me ocorre. Que triste que é. Pra recuperar um calorizinho demora de tanto. Pra mim as pessoas somem. Somem. Somem. Abandonam. Todas elas. No fundo. Sabe? Só me sobra aquele olhar de descaso. Não entendo isso, do fundo mesmo, não entendo. A menina ainda aprende a sentir que talvez alguém tenha como amar ela. Juro. Mas na verdade te digo, pra tu mesmo: tenho eu medo do amor.
Tudo bem, respire fundo, é isso mesmo, mas é só aceitar, a gente já tinha combinado isso. Calma, fica calma. Depois passa, passa com certeza. Ache um jeito, não seja refém - lembra que a gente entendeu que isso era torturante? Calma, calma. Sai disso, fala pra alguém, esquece esquece, esquece. Fala pra alguém que vai escutar. Entende? Sai do suspense. Amigo verdadeiro? Tem algum pra falar isso? O problema é todo esse, é todo esse. O mundo interno cheio cheio. Calma, por favor não cai no vazio. E isso que você sente, é normal? Será que é? Será que é normal? Com quem vai falar, com quem? E agora, como vai fazer? Pelo amor de Deus, pede pra alguém te ajudar. Lembra das coisas com carinho, talvez? Sim, por favor. Não entra em pânico. E esse traço compulssivo? Será que ninguém percebe? Com que você será obrigada a ficar? Com o que você será obrigada a ficar?

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Quem vai correr, quem vai ficar?

E se a palavra não condiz com o que parece? Porque eu sinto que, na verdade, pode ser que as coisas não sejam bem assim? Cá da Terra eu me pergunto, meu Deus, onde fui que aprendi ter medo assim? Foi lá fora mesmo, foi no mundo feio mesmo, ou foi mais dentro? Faz favor, senhor, de me retornar o recado. E se num acaso, eu estiver no fim, juntando os pedaços, duma arte que parecia certa, mas que não era? Quanto espinho me sinto por dentro, coisa demonienta, ou coisa que é necessária, pra entrar no mar, chegar na vida, pra ser inteira? Ah, que raio que toda lembrança vem, vem pra perto dos olhos, me faz confusa tempo todo. Eu só quero pedir que no final da batalha a gente possa ser amigo, eu e quem luta comigo. A raiva vai passando devagarinho. Quando ouço voz eu me animo, eu me encanto.

Sabe que ninguém nunca fez algo cruel achando que fazia algo errado? Seria mais fácil pensar que era por maldade e era consciente - mas não era. No fundo, tinha algum ideal. Vê-se bem, então, que ás vezes a gente tortura, sem pensar que tortura, dizendo que não, dizendo que é preciso? Mas tortura, machuca, fere, deixa marca. E no depois é que percebe, só se alguém batalha pra abrir o olho nosso. Eu digo isso do fundo. O que é meu, o que é teu, o que a gente pode? Ah meu Deus, que dor. É como andar todo santo dia numa corda fina, suspensa entre uma cordilheira e outra - o abismo sempre ali presente, a todo minuto, a todo segundo. E uma voz grita de todos os cantos: estou aqui pra te ajudar, estou aqui para o que precisar, eu nunca vou te julgar, você pode contar comigo. Mas você não vê a pessoa. Você não vê de que modo ela poderá te socorrer. Você não sente (pior) o medo ir embora. Algo muito forte te diz que a voz mente - sem nem saber que mente.
O que é que se faz com isso?

"É chegada a hora, a idade de enteder, que se ficar lá fora o bicho vai comer. Agora vou lá fora, outra jistória vou viver, e vou ficar lá fora, vou pagar pra ver. Quem vai pagar pra ver, quem vai? Quem vai correr, quem vai ficar?"

terça-feira, 14 de setembro de 2010

As lágrimas que tu chora

Que bondade que nada, isso tudo vai emboa em alguns segundos. Eu sei disso. O amor de vocês é tão enraizado quanto a folha seca que cai da árvore no outono.
Me desculpe, estou rude. Mas não por caso de gosto meu, mas porque vejo as coisas meio assim, entre nós. A impressão que dá é que no mais leve ressoar de invasão, o diamente é esfarelado pela pressão dos dedos. Como podia, então, diamante ser? Isso que bate sem parar na minha cabeça.
Me desculpe, estou rouca, não vou falar muito. No fim das contas, tenho me esquecido de considerar tudo uma parte de mim - por pior horrível terrível que seja. Então, estou na fase dos testes. E esse é mais um. (Que pecado dizer isso). Mas mesmo assim, essa violência sutil a que me submetem - e é violência sim, mesmo que não percebam ou não saibam - ainda bate aqui dentro e entra como uma agulhinha incandescente, que vai queimando e ao mesmo tempo doendo. Dizer que não posso fazer parte, por mais que eu já desconfiasse, fez crescer um rio perto dos meus olhos. "Não pode". Para tudo há restrições. Para tudo há elites. Para tudo há perigos. Para tudo há distanciamento.
Cada vez ais? Cada vez maiores? Cada vez mais feios? Desculpe, mas ainda não dá pra sentir com gosto tudo isso. Nem com, pelo menos, neutralidade.

Podia estar passando uma música daquelas em que é uma flauta tocando, e só uma flauta, mais nada, não é? Parece bem perto do silêncio. Mas para mim é isso que está tocando agora. Sabe que depois de correr muito, eu fiquei cansada. E ás vezes eu gosto muito de estar cansada. Posso ficar parada, frágil, sabendo que não há necessidade de me proteger - ninguém vai me atacar, verão que só quero dormir, deixarão, portanto, e poderão até, quem sabe, sentir algum carinho. As pessoas gostam das criaturas mansas, e a gente é mansa quando tá imóvel. Toda aceita, sem pretensão de rir, de chorar, de mergulhar. Quando a gente tá só ali, bem parada. Bem sem vontade de sofrer também. As pessoas gostam. Também porque assim não precisam sentir medo.
Mas sabe que tem me machucado ficar muito próxima. É, dizem que a gente nunca quer ver a parte ruim do outro, mas ás vezes ver essa parte, e assim, tão claramente, dói um tanto mais do que precisava doer. Bem estampado nos olhos. Transparente. Berrante. É, é uma coisa que berra, e enxe os meus ouvidos. E enxeu e eu vi e tá como quando eu cai e machuquei muito os joelhos.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Que hostilidade besta?

É o sonho. Assim, e ao mesmo tempo, o jogo. Digo, eu me digo "Por que diaxo não posso tentar encantar o menino no tempo que bem entendo? Simplesmente porque talvez ele não entenda?", e então eu penso, mas e se o rapaz estiver fora do apego - das idéias rudes de desencanto? Então, se sim, poderia eu, de repente, ir dizendo sem sufoco os meus feitos do coração. Mas juro, já não acredito que tem muita gente fora do ciclo da jogada, sabe bem como? É triste, é sim... daí minha cabeça me diz: entre na roda e aprenda como é que se joga. Mas isso dói, dói no peito que nem te contar posso. A hositilidade me quebra. E o problema é que não to mais de cara aberta querendo pagar pra ver. Teve uns e outros que murcharam minha capacidade de fazer isso. Mas no fim, to recuperando. O pessoal que faz circo vai me ajudando a ver que pra mim, crescer é se desarmar. Falando bem de leve, bem suave.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Em forma de protesto, seguia seguia seguia. Pra ninguém entender - entendendo. Uma levinha indiferença, sabe, já era o bastante: pra fugir correeeendo.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pra gente ter um pouco mais de riso.

Vá com calma. Na rapidez eu perco, fico em susto. Não entendo nada. Sobe uma coisa, uma coisa meio errada. Tudo acaba por chegar no muro. Então vem a sensação de "já passou?". Mas também, não vá embora. Fique um pouco. Umpouco mais. Quem sabe, você não acha algo novo, sim? É que na distração, encontrei um ponto...vai que acontece o mesmo, contigo? Eu sei, ainda não acho que possa, mas quero acreditar, que nessa vida nova que chamo, e que há de vir, eu possa, sem culpa, pedir: tem um pouquinho de paciência, tem? E digo por favor, sem ter que aceitar. Mas se quiser, seria mais fácil sorrir.

No Oriente eles gostam de frutas, e das árvores. E é lá que nasce o Sol. Então eu queria ir pra lá. Talvez pra andar na vagareza, sabe? Ou não, vai que é tudo igual? Mas o que ando pensando é que nas nuances é que anda o sonho. Bem naquelas pessoas mesmo, que são bastante coisa. Principalmente os que falam devagar. Sabe de uma coisa? Um dia eu vi o menino lavando umas coisas, uns talheres, e ele foi tão dócil quando o pediram, e ele estava só ali, em pé, fazendo aquilo, que não consigo nem entender o porquê de ter visto tanta delicadeza - mas vi. E era mesmo muito doce. Ainda bem que isso existe...

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Diga mais pra cima, pra parecer verdade, pra eu pensar em vivida.
Egoistamente.
Não importa, tu que não se importa primeiro, então posso eu - também.
Eu me importo. Mas.
Tira o riso da cara.
Te entendo.
Quase. Que bem.
A família, a dureza, o medo.
Mas você magoou. Um tanto.
E sou ridícula por contar. Mas me fez mal, mal, mal...
Choro ainda. Ás vezes. Por pouco. Eu sei.
Sei que "não tem nada com isso". Talvez. Pus na cabeça. Não tenho direito. Não posso. Não devo.
Mas não.
Que seja responsável.
Com o que cativou.

(não sei o que devia ter dito se devia se não mas foi e pensar liquida trucida mas eu vou fazendo força pra não achar que fiz mal em dizer o verdaro-paradeiro, que se ocorria por dentro - mesmo que não fosse para.)

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ai por favor responda qualquer coisa não me deixe jogar. A gente, que anda muito tempo sem andar fica com sede de vida de bebida de vitrola e depois quando aparece uma pessoa a gente fica com medo da demora com medo do embora com medo de não ficar. Primeiro, sem saber, a gente fica com medo da pessoa não ficar. Mas segundo, a gente fica com medo de a gente não ficar.
Meu querido eu vi flores, eu entendo de amores, mas eu não sei saber sem pensar. Se me entende agora, fique por aqui, por algum tempo, quem sabe, não é mesmo? Porque quando eu corro sem prestar atenção nos pés eu corro por muito tempo, eu vou longe. Eu corro rápido. Só. Se. Eu não. focar.


aaaaaaaaaaaaaaaaai

sábado, 24 de julho de 2010

Ceder não é tão ruim assim

Eles dois têm a cara distante com medo de alguma coisa, de uma espada, de um elefante, de um não de um sim de um talvez de um som, de um parecer, mas me comove as ventas pensar que um dia na vida teve como estar mais próxima de dois rostos tão longínquos que passam a vida a pensar em deus-sabe-o-quê, talvez numa moto, numa garota bonita, numa fortuna, num jeito prático de ser melhor, mas que dói, dói - e agora mesmo. Agora mesmo que já quase amanhece e eu lembro que eu tentei me aproximar mas me lembrei que de coisas ariscas não se pode querer aproximar e que ás vezes é preciso se contentar com algum minuto de sabedoria divina que possam oferecer só por descuido do acaso ou da vida ou da morte ou de nós, que despregamos a licença da força e passamos um segundo a pensar em amor. Um segundo apenas que faz todo o resto rodar. Toda a minha paciência e o meu perdor, que passa tempos e tempos pensando que vale a pena lutar por algo tão importante...mas será que a vida é pouco assim? Deixe estar, meu bem - não, não me chame assim jamais, porque se não eu choro muito - não olhe pro lado enquanto eu tento me comunicar, não finja que não vê, não vá embora correndo, não olhe pra trás, pros lados, pra tevê - eu quero saber o que se passa dentro de você. Será tão ruim assim tentar ver que a fome é dura e grossa e que é dificil de passar? Eu nunca entendi, nunca na vida, mas até hoje me vem a primeira imagem na cabeça e o que eu penso é que talvez eu não esteja apta a participar sem perceber. Meu bem, meu bem, meu bem, diga sinceramente, seja sinceramenete, peça isso também, por favor. É só um pedido, fraco, fraquinho, mas não vê que tem poder? Gostei do gosto, muito mesmo, não sei o porquê. Mas eu me encanto com mãos dadas, com coisas ligadas, com pessoas feitas de algo a mais que coisas vãs. É um deitar no mesmo quarto, um acordar na mesma casa, um fazer café pra todos, um dia a amenhecer. É disso, é disso que eu tento viver. Volte atrás. Diga sim. Por favor. Ceder não é tão ruim assim...

domingo, 18 de julho de 2010

Eu não preciso que seja caro

Não vou mais dizer, meu bem, vou não, que vo pra tua casa, não não, tu me deixa na rua, a pár de tudo do mundo, menos do seguro, o de fora é meu, o de dentro, tu não me deixa vê.

eêeeeêêlerelerelere

Mostra a tua cara pra poeira bendita batê, o meu nome é fácil, a sua cura não é sofrê, e, e se eu pudesse entendê, da besteira do escuro, da falta, do chorerê, ah, se eu pudesse entender, só pra aceitar, só pra concordar, talvez, talvez, talvez, talvez, cadê a paz do santo dendê, que a gente pede a noite, só pra ajudar, só pra parar, a maldade, o não amanhecer. Cadê, cadê?

É sol é sol é sol

E e o que eu posso fazer
Da loucura,
da pouca trégua?
hm hm hmmm
um dia bonito
e e e
um dia bonito
e e e
pra quê?
a gente nem é mais criança
pra entender
e e e
da alegria de mim
e de você

eu vou inventar
só pra não mais sofrê
would you let me
see?

sábado, 17 de julho de 2010

(Dudé, aqui é Lóli.)
Pelo menos aquilo voltou, e ao menos por agora. Acho que é por causo de mamãe. Me fez um bem bom. Ontem e hoje já sinto mais as coisas, não tá travado, não tá tão vazio.
Bem, e ontem, eu só queria conversar, juro mesmo. Olhar mais pra alma dele, poder saber o que vai no dentro. Eu não ia fazer nada, juro que não. Só queria respirar a delicadeza, só um cadim, só um cadim... mas ele fica relutante, parece. Que será? E dá vergonha, mas tem um negócio aqui dentro dizendo pra eu ir pra frente, sem medo nem nada, porque eu preciso - e quem sabe eles também, desconfio. Que o errado foi tentar criar orgulho que eu não tenho... Que o errado foi pensar que eu não estava preparada. Que o errado foi tentar deixar quem não vê pra trás, por motivo da raiva que fizeram n'eu. Mas, pode não. É de necessário ir fazendo por mais que não saibam bem o que to a fazer, pra poder dar um jeitinho melhor.

Dudé, vem falar hoje comigo. Brigada.

Olá pro mergulho

Você num sente ás veiz um precisar de ser bom, Querêncio? Ah que sinto, sinto sim e bastante, mas que é difícil, é. Toda hora fico eu com minha besta lutando de foice, uma mais braba que a outra, face a face querendo o guidão pra ficar com o ser todo pra si - mas pelo visto isso não há de ocorrer nunca (in)felizmente. Sabe bem, dia e noite tô eu querendo achar pedaço bom em mim e nos outros também - só que de menos nos outros por causo da partezinha difícil - e acho e desacho. Taí o problema: toda hora é hora de prova, alegria pura parece ser nos dias de festa quando tá tudo rodando na cabeça, e isso é bem ruim, não é? Porque daí a vida fica num embaraço só, uma tortura onde a qualquer tempo a montanha toda pode virar ruína - isso é ser ruim? Entende a minha pergunta? É grave ou não é?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Que então não é pra ninguém entender com mais jeito do que entendendo sem jeito, e então se começa a dizer passando por cima de timidez e do fechamento da alma só porque é o único jeito de se aguentar os ventos fortes que sopram por dentro. Daí, começo. Então você acorda num rápido levanto porque não quer mais ficar imaginando, e então vê uma mangueira esquixando lá fora e se lembra de umas cenas daquelas horas em que realmente é uma coisa tão importante acontecendo que a rotação da terra não importa mais e nem nada mais também - só a história. E pensa que de repente poderia acontecer de estar num viveiro acordando cedo porque se quer e que mais pessoas acordariam junto e veriam o sol lá longe - e aqui perto - crescendo alto e forte e bonito para nós.E que de repente, também, poderia não haver medo e nem receio e nem regras e nem mais nada, e que eu e a gente poderia de repente sentir mais coisas. Mas é tão ruim voltar a realidade e pensar que a gente fez o favor de sufocar tudo com muita violência, porque ficou com medo de risada, e que agora é tão difícil encontrar um sentimentozinho forte no coração quanto uma agulha num palheiro. Não é? Diz que não que eu não acredito. Mas se tem uma vantagem é que ao menos não existe mais desespero e eu vou indo pensando que no meio do caminho, a qualquer momento, eu arranjo uma cura pra toda fala que eu inventei e pra toda falta que me inventaram.

Hey, Jude, don't make it bad, take a sad song and make it better.

"For well you know that it's a fool,
who plays it cool,
by making his world a little colder.
Na na na na na na na na..."

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Meia Volta

"Did they get you to trade
Your heroes for ghosts?"

- Tudo bem, eu sei o que você está fazendo.

A menina se desvencilhou da briga que estava tendo e olhou muito fixamente para seu corpo. Tinha muita coisa quebrada mesmo ali por perto.

- Antigamente ardia tudo, não é?

ton ton

- Agora não.

-Agora tem fé de pouco
E tem uma mão toda quebrada
Se escapar um suspiro de pranto
É só dar uma abafada
O que ficou, ficou de canto
De principal, não tem nada
O canto se tornou rouco
E logo então, um grito alto
Se brincar pega a arma
Acerta em cheio
Um tiro na cara
Não tem dó nenhuma
A imbecilidade dos bons
Ruiu
Restou só potencialidade
Pra porrada
E se duvida
É só vir pra ver
A raiva cresceu, meu irmão
Estou toda armada.

- Mas eu não quero ser assim.

- É ruim.

- Né?

- O que se faz então?

- O que se faz nessas horas e perdoar.
De graça.

-E o que se faz com a ira?

- Se desiste dela.

- Desiste como?

- Não de tudo o mais também.
Só dela.
Ouviu bem?

- Mas eu já tava no meio do caminho...

- Volta atrás.

Aprende
de novo
(ou pela primeira vez)
a

amar.

- Obrigada.

domingo, 27 de junho de 2010

Sabe de uma coisa? Tudo bem se já faz tempo que ela não me escreve, e se já faz tempo que não me lembro bem do sorriso doce que nele desabrochou - para mim - num dia muito bonito, e também se não há indícios de que sentem a minha falta, ou algum tipo de carinho por mim, assim como sinto por eles. E sinto que agora também fica tudo bem, mesmo quando eu olho aquela paisagem do lugar frio mas com sol e sinto aquela coisa quente e também aquela coisa, talvez uma saudade, de algo que podia ter sido tão bom, bem confortável mesmo,e que quase foi - que chegou muito perto - mas não foi. Não sei, não sei o que é, mas cresceu em mim alguma coisa, acho que uma vontade de não ficar olhando pro que tá distante demais e que talvez nem exista, uma vontade de não esperar mais nada, de ir pra cima, correndo, voando, vivendo...agora, agora mesmo. Agora mesmo que deu vontade de olhar pro céu limpo sempre, estar num lugar quente, achar aquelas almas que acham as mesmas coisas importantes e que talvez queiram contato de verdade e tudo mais. Tudo bem mesmo, se eu escutar algo bonito e sentir medo de que seja tão, mas tão tão passageiro que chegue a doer na cabeça - tudo bem, porque eu vou deixar que entre o cheio e que a falta fique de fora, e então eu não sentirei mais medo. Na verdade, tudo bem porque a gente começa a ficar tudo bem e então as coisas começam a ficar tudo bem, e então a gente consegue por algum milagre, talvez, ver que existem umas criaturas e uns seres e umas pessoas nesse lugar que chamamos de casa que são a comprovação de que a esperança é real e também, com certeza o amor, e também com certeza a felicidade. É que é tão estranho mas é como se... por enxergar com os próprios olhos que alguns são tão gigantes que fazem todo mundo aprender que há dentro da gente uma coisa muito boa, que eu acredito. Mas é, acho que a gente tem que ver pra poder crer. Mas tudo bem. Tudo bem porque pra acreditar só precisa ver a primeira vez e essas coisas sempre acabam aparecendo. Mas tá tudo bem.
Obrigada.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

tudo bem

(silêncio)

- Você não precisa gostar de mim.
- Eu sei. Mas tem coisa que a gente não precisa fazer, mas a gente faz. Né? O professor me falou ontem de amor gratuito, e é, deve ser isso. E a minha vó falou pra sempre lembrar mais das coisas boas que alguém tenha feito ao invés das ruins. E é com essa parte que eu fico. Escolhi, sabe? É, tem gente que também diz não acreditar em melhoria, em mudança, em milagre, até, mas pra mim é um caminho sem volta - já tô com aqueles olhos que querem ver beleza. E ah, não é por nada, é só por isso mesmo, pelo fato, sem querer parecer nada, te juro. E sabe por que eu tô dizendo isso? Porque hoje ficou muito claro, porque vi muita gente sorrir, e dançar, e sem arma na boca, e muita gente sendo gentil mesmo, pra valer, só na tranquilidade, e vi muita gente alegre, e feliz... e sabe o que eu entendi, de repente, talvez? Que, ah, dá, sim, pra ser feliz: é só escolher mesmo. Porque é só isso mesmo.
Mas sabe? Acho que dá pra entender melhor quando se olha pra uma criança sorrindo. É, acho que dá pra entender tudo.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

AAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH

E que se foda quem vir a ler isso aqui - se é que vai acontecer - e quiser achar ruim. Tem lugar que é pra aliviar tensão, pra isso mesmo. E no final das contas, uma novidade pro pessoal: eu falo muita, muita bosta.

"Se é pra brigar, briga direito. Arranja argumento decente, fala do que a gente tá falando...então eu vou de pau e você de metralhadora? E eu é que sou a ridícula? Vá pra puta que pariu! A questão agora é massacrar então? Que merda, não dá pra falar nada que já vem atirando tudo que tem na mão, pra machucar mesmo, com força e tudo mais. Porra, que isso? Tá, eu sou mesmo uma puta de uma intrometida, tenho que parar com isso, mas era pra tanto? Era pra tanto, poooorrraaa? Precisa agredir assim? Olha, eu vou falar, começa gritar que eu te digo que eu também sei, e mais alto ainda, tá bom assim? Se quer saber, enfia essa possa desse cinismo em qualquer lugar menos na minha cara! Então eu não tenho mais o que falar. A impressão é que você não faz questão nenhuma de parar a língua e deixar de dizer umas coisas e outras que ferem mais do que a sua cabeça provavelmente pode imaginar. Se quer saber, você tá piorando o problema. A culpa não é sua de verdade, mas tá piorando essa merda dessa minha auto-estima. Que que é isso? As pessoas acham que podem chegar e ir despejando toda e qualquer coisa assim sem pensar em consequência nenhuma? Certo, não é obrigação de ninguém pensar nos outros - isso é verdade. Mas daí é nessa hora em que a gente escolhe em ser chamado de bicho ou de gente."

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

acorda, acorda, acorda, não dorme, não dorme, não dorme, resiste, resiste, resiste! fica aqui, não vá embora! lembra, lembra, olha pro cenário, não esquece da verdade, de você, por favor. toma água, recupera sobriedade, lembra o que tá fazendo. OLHA PRA MIM. o que tá acontecendo? pelo amor de Deus, o que tá acontecendo? não afasta, não afasta, não afasta! o que é real, o que não é? qual o limite?
THEY PUSH HUMAN RACE FORWARD.

ooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo

segunda-feira, 14 de junho de 2010

É só pra dizer obrigada.

E eu não sei demais nada a não ser o sol, a janela aberta, a onda forte quebrando alta, a voz doce, o caminho cheio de árvore, o senhor colocando a meia no pé da senhora, o dia calmo, o sorriso no rosto, o seu pedido pra eu ficar, o insistente lembrete discreto de que há ligação. Eu não sei de mais nada além de doação, de abraço, de alegria, de amigo de verdade, de gente de verdade, de amor de verdade. Sabe por que? É rapidinho o que vou dizer, mas hoje eu vim pensando... realmente, é muito muito mesquinho pensar que doar uma ajuda, trabalhar por alguém, ouvir uma criança, seja algo dolorido e que te diminua. E é tão feio, mas tão feio justificar um erro seu com o erro do outro que eu prefiro nem me abalar com essas coisas. E é muito, muito ruim ser pela metade; digo, é muito ruim dizer que sim, mas pela metade, e sabe-se lá por quê - por medo, talvez? De qualquer forma, para as forçassões, para as falsações, para as mesquinharias, eu estou me fechando. Freguesada que aproveitava da minha boa vontade para isso, eu sinto muito, sugiro que tente em outro estabelecimento. Roubar admiração e carinho, nas costas no senhor do caixa, era uma crueldade, n'era não? Sabe do quê? Hoje eu vejo uma rosa tua desenhada, uma frasezinha dizendo que tá triste por estar sozinho e nem me comovove - juto pra você que não. Ah, não dá pra acreditar, mas nem um pouquinho só. Não dá nem pra ler sem dar risada - numa coisa que era pra ser triste - porque é assim, algo que você olha sabendo que tem grandes chances de ser mentirinha, sabe? Tipo a história do menino que falava que tinha lobo e quando teve mesmo, ninguém acreditou. Então, é assim que se corta algo dentro de alguém: empurrando empurrando empurrando cada vez mais pro abismo até que a ponta, que parecia tão longe, chega...e daí, o algo cai, lá embaixo.
Tô feliz pra burro. É só sair do casulo pra descobrir que tem muita flor colorida onde morar, não só o escuro da casca, não.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Na Selva o macaco vira fera, só pra não morrer.

Cura-te, asno, que do meu sangue não te alimentas mais. Se eras meu amigo, se és meu amigo, adimito: sim. Pois que agora continuas sendo, mas não está mais em condição de rei. Uma coisa é certa e o sinal eu entendi: se meu corpo dói e se cansa e se minha mente em demasia pensa que deve te agradar, mesmo que tu não saibas, estás a sugar, e nisso, creio fortemente. E um aviso lhe dou: por mais que enganes mundo inteiro com a capa doce, haverá sempre alguém a desconfiar e a te entender. E se vierem me perguntar "não ajudas mais?", direi que não. Ou melhor, palavras boas menciono, mas as minhas mãos estão lavadas. E se vierem novamente me perguntar "por quê?", então eu responderi: porque eu não quero mais. A ti, eu declaro guerra. Sinto muito se me faço de mal, mas de que para mim demasiadamente egocêntrico parece, tenho agonia. De toda forma, é melhor que esteja no perfeito estado e eu prefiro que estejas bem assim do que a sofrer sendo de outro modo. O que fiz foi mudar de ângulo - simplesmente dou o meu parecer sobre a situação, e se alguém quiser cair em teu poço, que esteja a vontade.

Mas, quer saber? Eu continuo dizendo que se tiver vontade de conversar ou outra coisa assim, estarei por perto, de verdade. A única coisa que não adimito mais é que me habite. Nunca mais. De resto, estou por perto sim, se quiser entrar e ficar um pouco, por mim, tudo bem.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pra ser sincera, acho que hoje em dia muita coisa me causa um mal estar. Acho que estou começando a odiar certas coisas. O que antes me parecia tão correto, e me parecia o caminho melhor, está se tornando tão...ditador, ou algo assim. Fico um tanto incomodada ao ler sobre difinições, ao escutar uns e outros repetirem o que é bom e o que é ruim, feito reis, colocando regras e escurecendo todo o resto. Ás vezes, prefiro nem discutir. Prefiro nem penetrar na bola magnética de certos aí que com a voz adestram centenas de pessoas. Sei lá, será que estou começando a desenvolver uma resistência ao controle que querem me impor? Espero do fundo do coração que sim. Sabe de uma coisa? Eu juro por Deus que gosto de quem ás vezes é incoerente, mas sem machucar muito nos outros, algo nesse sentido.

Saco. E daí se eu falo errado, se me visto errado, se faço as refeições de forma errada, se enrolo a salada com as mãos, se não corto o cabelo, se não organizo meu guarda-roupa, se não durmo cedo, se não tomo leite todo dia, se gosto de garotos barbudos e de brincos, se não gosto de competir, se não gosto de correr, se não gosto de sofrer? Saco, sabe? Qual o problema em não me importar se terei um civic ou um jipe? - aliás, tenho certeza de que preferirei ter um jipe. E também, e daí se eu odeio ouvir sobre "como alguém é ruim em tal coisa?". E DAÍ SE EU NÃO AGUENTO? E por que é necessariamente ruim não gostar de ir pra escola? Quem é que disse que sou pior só porque prefiro pegar uma bicicleta e seguir por uma trilha arriscada ao invés de ficar em casa numa porra de um computador? Jogando e aumentando a minha capacidade mental para usar sabe Deus em que vida? Preferindo uma porra de um amontoado de fibras óticas e de ondas eltromagnéticas e sistemas binários ao invés de olhar pro olho de um ser humano? E, já que entrei no mérito, por que sou tão crucificada ao dizer que realmente não gosto nenhum pouco de passar o dia em cima de cadernos e livros descobrindo sobre o PH das coisas?

Mas pelo menos eu tô descobrindo umas coisas. É, pelo visto, eu gosto mesmo de perigo, do extremo, do improviso. É o único jeito em que me dou bem, creio. Tenho boas idéias até. Penso. Gosto de música também, sabe? E de dança e de teatro também, e de escrever, sabe? Aham, tenho talento, pronto, falei. Por mais que venha me dizer que é "preciso nascer com o dom", sou resistente a acreditar.
Odeio limites, aliás. "Até lá você pode ir". Digo, interprete, por favor, o que quero dizer.

Vou dizer. Pra mim, quem é cheio de definições, é porque tem dificuldade em interpretar cada coisa que aparece á frente. Realmente, é muito mais fácil resolver todas os problemas da vida com as mesmas soluções. Realmente é muito mais fácil usar a mesma resposta para todas as perguntas. Só não sei se isso é verdadeiro.
E, aliás, não suporto mais ouvir "você SÓ conseguirá se fizer ASSIM". Uma ova, uma ova.
Espere um pouco até eu melhorar a minha ansiedade e a minha dependência e o meu medo, espere até eu pegar uma linha e ir de encontro ao monstro maior, assim como já fiz pegando um ônibus, pra ver.
Sinto que não estou muito mais nas mãos de ninguém/nada.

Isadora-fora, escute bem. Estou te enfrentando e logo você se tornará menor dentro de mim.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Um dia de Sol, um dia de Chuva.

Quando eu ando na rua, e vou olhando para meus pés, bem devagar, e de repente passa uma folhinha correndo, vermelha, meio amarelada também, daí eu entendo que tudo tem uma vida e uma alegria por dentro. E quando eu não sei mais em que acreditar, não sei o que fazer com tudo que tenho na mão - todo o caminho, toda liberdade -, com toda cabeça conflitante que tenho no pescoço, e ligo para a minha amiga, que é minha amiga desde o sempre-não-lembro-quando, e ela me diz simplesmente pra ficar bem, pra não pensar nas coisas antes que elas cheguem, pra não me preocupar e ser feliz, e que cada pequena coisa dará certo, eu entendo que certas criaturas nascem com um dom divino de acalmar.
E eu achei tão bonito o que o garoto disse, calmamente, sem querer, sem medo, sabe? Não era nada, e era muito. Era alguma coisa, enfim. Parecia verdade, pareceu, parece verdade, mesmo que já não exista mais. O que acontece é que cresce em mim nessas horas e em outras e ao presenciar exemplos de sincera consideração por outro ser humano, uma coisa muito grande, que eu acho que se chama...se chama... amor?
Eu tô na sala agora assistindo á tv e assistindo á algo que todo mundo acha imbecil mas que na verdade, não é não - só porque não entra na roda-padrão, é porcaria? Então, a moça gentil do programa e toda a equipe fez uma ação muito boa: ajudou uma pessoa, uma outra moça. Eles estavam pensando "será que ajudar essa moça não vai fechar-lhe algumas portas?" e um moço, acho que o principal, disse "toda escolha tem uma renúncia, mas a gente espera que a vida dela melhore com isso".
E quem diria, hein? O meu professor, o menino-sabe-tudo-bonitão, a menina-correta, milhões de pessoas sabichonas e milhões de pessoas doutoras criticam o superficial - o estilo do programa, no caso - mas não fazem muito esforço pra ver o que ele está tentando fazer de bom, não é assim? Diga que não, eu duvido. "Olha, olha como ela é fútil, olha como ela fala besteira, olha como ela não tem nada na cabeça, olha como ela só faz loucura". Então, olha o que você tá falando e olha depois pra moça gentil, que você tá considerando ignorante, e olha o que ela tá fazendo. Ela está sorrindo com a alegria da outra moça, da moça que foi ajudada, ajudada a ficar mais bonita. A moça gentil agora tá pegando na mão da outra moça, tá sendo tão sincera, tá dizendo "você tem beleza interna e isso ninguém nunca vai tirar de você". A moça gentil tem um coração muito grande mas você prefere dizer que ela é burra. Você prefere acreditar naquilo que diz não acreditar: em idéias pré-determinadas. Já parou pra pensar que é a mesma coisa que os outros fazem e que você recrimina? Eu não sei se conseguiria ser tão bondosa quanto a moça gentil. Eu sei que eu gostaria de conhecê-la agora. Eu sei que sempre tenho vontade de chorar ao ver algumas pessoas que fazem palhaçada o dia inteiro fazendo coisas maravilhosas por outras pessoas, coisas que quem passa o dia falando o que é certo e o que é errado e o que é bom e o que é ruim não faz. Eu quero ir pro lado dos palhaços. Que fazem, sabe? Que não são ban-ban-bans, mas são bons. Só isso, assim mesmo, e ainda riem, ao final de todos os dias. Umas pessoas que riem por elas e pela alegria dos outros também. Sabe o que eu sinto ao ver essas pessoas iluminadas? Sinto gratidão, fé, uma fé gigante mesmo, maior que eu e que o próprio mundo. Eu pesso a Deus - A DEUS! - que me permita ter a coragem de romper com todos os gêneros, mesmo esse que todos consideram o melhor - esse gênero inteligente que a gente vê explodindo por aí-, ir embora e não me agarrar mais a essas regras que dizem "seja assim e seja livre". É fácil amar algo que é do jeito exato que você gostaria que fosse, o difícil é amar algo errado e difuso, incoerente de tudo. Quem pede regra, tá machucando, machucando...causando dor. Pra mim, não dá. Desculpe, mas não dá pra ser amada mediante cumprimento correto dos pré-requisitos. Pra mim, não dá pra viver - nem pelo menor tempo possível - nessa piscina que pede meu sangue em troca de oxigênio. Não dá pra entender e mergulhar nessa hipocrisia funda, não dá mesmo.
Acho que quem é corajoso o suficiente para se doar a algo, a alguém em quem acredite muito e portanto ame muito, e que é corajoso pra se livrar dos conceitos e dos preconceitos e da rigidez dos pensamentos, ganha o prêmio que todo mundo quer: a felicidade.

ACREDITO EM CONTO DE FADAS, EM DOENDES, EM PAPAI NOEL, EM ANJOS, EM HABILIDADES VOADORAS, EM HABILIDADES DE SUPERAÇÃO, EM VITÓRIA DE QUEM NADA CONTRA A CORRENTE (EXTERNA). É TUDO VERDADE. EU JÁ VI MUITO: SÃO AS PESSOAS Á SUA VOLTA. SÓ QUEM QUER VER, PODE.

sábado, 22 de maio de 2010

Amanhã eu conto sobre os vampiros.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Se eu soubesse o que fazer...

a menina chora atoa o rapaz inventa a leoa o amor se desabrocha em junho as primaveras crescem junto. com a gente, que decide mudar num dia de batente, pegar vôo c'o beija-flor ir parar num lugar de sabor.

Se eu soubesse o que fazer...

o professor não me diria o quê eu não pediria o porquê eu não me preocuparia se sim eu não me acharia em solidão eu fugiria pra fora morararia em outra flora não entenderia a dúvida não pensaria no certo errado gostaria do meu gosto amaria a minha decisão sorriria sem receio acabaria por roubar um beijo se eu soubesse o que fazer eu não mentiria pra mim mesma eu estaria numa represa comendo castanha e descascando cereja eu saberia concertar estilingues eu subiria em árvores todos os dias me encontaria com o rapaz da esquina esconderia a armadura numa piscina, funda e preta pra não achar, eu mataria o sufoco afogaria o nojo rumaria para o sem-dono. se eu soubesse o que fazer não aceitar o ditador gritaria sem pudor me esqueceria de tudo o que não tem cor iria hoje sem pensar esqueceria sempre do pesar e no fim conseguiria do mesmo jeito acertar.

Mas como é difícil ser livre num Mundo limitado, eu ainda tô presa. Só por não saber ainda o que fazer.

ainda
ainda

ainda


ainda





ainda
a
a
a.




ROMPEU.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Pra falar a verdade eu não sei o que é que eu tô fazendo. Devo estar mesmo irritada e só. Vamos ver, pra quê tentar ser racional? Tentar explicar agora tá só piorando. É, é que eu fiquei irritada com eu fazendo o que devo fazer e você não, foi mesmo. Fiquei nervosa ao ver (de novo) a sua displiscência. Agora, se era porque eu queria fazer o mesmo, ou se era porque quero que faça aquilo que eu faço para validar a minha história, daí, já não sei. Pra falar a verdade, deve ser. É, eu também me irritei por ela ter me enfrentado. Tem razão não. E ah, eu me irrito que tentam me subordinar. É, não tem razão, é só isso mesmo: não gosto e fim. E daí? Então qual o certo que preciso fazer? Vou tentar ser dona dos princípios mais não. Ah, falo mais nada. tem coerência eu falar nada não. Não devo, não é minha vida. A única coisa com que posso continuar me irritando é com aquilo que me atinge... então, vou continuar não querendo pagar impostos até eu ter direito de não parecer um tigre enjaulado num lugar com mais 300 animais variados tendo de aprender o show que os domadores querem que nós aprendamos todos os dias.

(E tá, que é amor? Como parar de justificar as tentativas de posse com essa palavra?)










Piada da vez.
O mundo gira de verdade:

-Ei, quanto tempo, não é? Eu estava pensando, vamos sair hoje?
-Hm, acho que não vai dar. Sabe o que é? Estou realmente muito estimulada aqui em casa... contando o número de bolinhas da parede. Então, acho que não vai dar. Fica, quem sabe, pra próxima vida. Tá?

(precisava ver a entonação!)

domingo, 16 de maio de 2010

o ano inteiro

dê um bocado de coração
foge pra rua devagar
pra eu correr atrás e pedir perdão
dá sua mãozinha
se esforça pra entender minha canção
desculpa se eu fui vazia
vê se volta agora
tô querendo dividir um pão
bem-me-quer vamos dançar?
tô na janela sorrindo sempre
tô aqui pra te esperar
ó querido perdoa o lavrado
que fiz ocê fazer
não quis machucar
fica bem, vem pra mim
pra gente vê se sabe esquecer
do mal que fizemo
e tentar acender
a beleza da lareira sendo forte
o ano inteiro

Que era ruim a sensibilidade

Quem sabe do que não parece e pode parecer e talvez um dia pareça e seja e não sei?

Houve um dia uma máquina. Tinha cabos, muitos, muitos, e vivia numa comunidade cheia de máquinas parecidas com ela: também tinham engrenagens que se encaixavam do jeito mais perfeito possível, e todas as suas partes eram feitas de pequeninas unidades que também eram como universos minúsculos, e no topo da máquina, havia o controle e no meio, havia a energia. Mas cada máquina era diferente por alguma coisa a mais que sabiam fazer. Essa máquina parecia conseguir captar as menores nuances possíveis de se captar no mundo. As menorzinhas de todas até. A coisa é que a máquina não sabia se podia registrar o que captava como verdadeiro, porque começava a calcular que podia ser irreal e precisava de uma comprovação, - e isso levava tempos grandes - mas no final das contas mesmo, no finalzinho demorado que se seguia, a máquina vinha a descobrir que estava captando uma percepção real da situação. "O mundo dá voltas de verdade", se seguia em sua caixa registradora. O tempo lhe desgastava muito, lhe causava ferrugem e cortes e era obrigada a não se auto-destruir por saber que na frente a comprovação chegaria. Conseguia energia do sol, por assim dizer - como se fizesse fotossíntese - a maioria da energia, melhor explicando. Conseguia do jeito natural também, mas era pouquinho que só e lhe dava uns trancos fortes que chegavam quase a quebrá-la quando lhe negavam as migalhinhas. Pois então ocorreu: um dia lhe disseram que isso de captar coisas a mais e etc era ruim. Também outras máquinas, mais que qualquer coisa, lhe mostraram que captações por demais e acreditações por demais e energia latente no meio por demais não era bom não. Então a máquina começou a cortar isso e um dia (triste) percebeu que não estava doendo mais. Que não esperava nada mais. Que fizesse chuva ou sol, ela estaria bem. A porta estava fechada.
Mas isso era triste e ela tentou mudar porque trabalhava muito nessas questões. E no fim não sei o fim porque foram em outros tempos e parece-se que tá apagadinha essa parte da história, como se não fosse para saber ainda.
Mas...

o que é que tá batendo de verdade dentro deles? O que é que pensam mesmo?

(não tem limitação. se a gente fosse sincero...)

sábado, 15 de maio de 2010

amanhã não perturbo mais

Joga a chave meu bem
Aqui fora tá ruim demais
Cheguei tarde perturbei teu sono
Amanhã, não perturbo mais...

Adoniran.

terça-feira, 11 de maio de 2010

se nao eu grito

Me diga por que isso acontece. O pobre homem sobe a rua, lembrando-se dos pais que ficaram para trás numa camâra de gás, do país que deixou, das horas sozinho que teve de passar, sem nenhum olhar, nenhum sorriso, nada além do possível. Embora pareça claro e simples e portanto certo, dizem tanto que o que precisamos fazer é só...o possível. Mas dá pra fazer melhor. Dá pra ser melhor. Me diz? Papai ás vezes fala de um jeito muito amigável, dizendo que tenho direitos, e o professor diz pra não tomar decisões á noite, e nunca se matar por alguém; ele disse assim: "verdade meninas, nenhum garoto merece que você morra por ele. verdade". E tão bobito que até dá vontade de chorar. É, dá pra ser melhor. Não dá? Dá pra ir além do que consideram bom e fazer algo verdadeiro. Sei que sim... sei que sim. (tentarei não me trair).
E um bilhão de pontas apontam pra um caminho, por que pareço querer simplesmente o outro? Enfrentar milhões de risos e tudo mais, só pra ter a certeza de que fiz o que podia fazer. E o que quero é só que me respeitem, e respeitem as pessoas. Não forçem nada, por favor. Deixem que nós, crianças, crescamos com um pouco mais do que o pobre homem que subia a rua conformado...e distante.

(se não eu vou gritar). HAHAHA

sexta-feira, 7 de maio de 2010

eu tô andando numa rua pulando

- Uuui, que sono. Blablabla, minha filha, dá pra inventá conversa nova não? Pois digo que o frango tá fritando, puts grila, que assação de batata, hein? Vá me contar uma história, quaqrqué uma, mas uma dum jeito mais ajeitadim, por favor.. hein hein? Ô gente, que canseira doida.
você tem que. você tá errada. eu te amo. você é uma excelente pessoa. eu tô com dor de estômago. eu fiz mais que você. meu umbigo é lindo. meu namoro é lindo. meu menino é lindo. eu tô por cima. não venha me contar nada, eu não vou ouvir. é hora de passar por cima. você precisa passar por isso. você não sabe fazer nada. você é fraca. você não entende o mundo. você é sensível demais. se você não estudar, não vai conseguir nada. se você não se matar de trabalhar, até os tímpanos estourarem de tanta pressão, será pobre e infeliz e ninguém te amará. se não seguir o protocolo, vai se fuder. se não obedecer á risca as autoridades, será humilhado. se não se arruma, não brilha. se não pula na frente dos outros, ninguém te percebe. se não compete, não é gente. ai que amor. ai, que vida perfeita. ai ai ai. ai que linda a foto posta na parede pra mostrar a exatidão da falta de sinceridade da vida. que beleza. que be-le-za. é amor de hipócrita, e amor de hipócrita não conta.
qué sabe, broderagem? meu preto no branco tá nascendo, to sincerando? prestenção, vai. vão pra puta que pariu essas merdas de regras. o respeito é esse: compreensão do outro. né? e na escola, na maioria dos meios, na rua, no mercado, no etc e etc, cadê a história do respeito? aha. se você tem que fazer a mesma coisa que todo mundo faz, sem ninguém nunca ter te perguntado o que pensava daquilo, se achava que tinha sentido, então... isso é respeito? e agir diferente, também não causa bilhões de burburinhos empurrados sem licença ouvido a baixo? que coisa. enquanto todos gritavam pra fazer o que queriam, minha vó só tentava entender, por mais que não totalmente concordava. ninguém percebe, mas ela é a mais quieta da família, quase ninguém estuda e é, pelo que tenho visto, a mais esperta e perceptiva de todas.






Ordem nova.
Vinda da TV.
Descobri essa semana.

Pela primeira vez na vida, ser a cigarra. Você não atinge o sucesso e depois fica feliz. A alegria, a brincadeira, é que te levam ao sucesso. Você tem que sempre resgatar a criança interior. E o que eu chamo de enfrentamento, agora, é ter coragem de dar a cara a tapa. fazer o que o coração manda mesmo, mesmo que todo mundo diga que não é pra fazer assim. "Você tem que passar por isso, não tem jeito. Depois melhora." Sim, e depois e depois e sempre depois. Não. Se eu não resolvo agora, o problema se estende. E eu não tenho que nada, falou? Como assim seguir uma coisa que não tem sentido e que ninguém me explicou? Que que é isso.. nasci com cérebro pra quê? Hipocrisia me corrói, falou, gente boa? A ignorância e a autenticidade são as coisas mais lindas da vida. É nelas que mora uma coisa preciosa: o genuíno.
Hm, provoco mesmo. Daí perde-se o medo.

Cutuquei a onça com a vara mais cura que eu tinha...

quinta-feira, 6 de maio de 2010

nothing can be ruled, I try to understand,

pai do céu, tu se importa que eu sei, eu tava no chão, ouvindo, dormindo, cantando, feliz, feliz, feliz, brigada. aquele dia mudou muito, hoje a dor passa e não fica, o que é certo se acerta, a ferida cicatriza. eu to tentando, a mente ta quietando, tem gente boa do meu lado, agora eu sei que sei. o demônio tá indo embora, te juro juro. nao vou contar vitória, mas eu acho que to vencendo. o medo, o desespero, o apego. tá bom que só. entra a vida e sai o nó. que fique o verdadeiro. tirei o meio e tô achando o que é inteiro. a criancinha sorri e eu dou risada. lá fora é sol, eu saio e brindo. não me ofendi esses dias. não fiz nada de mau não. o rumo dagora é a alegria, entendi. na primeira vez então, pensar tá pro segundo plano. o mundo tá girando. a vida tá andando. o peso saiu. fui sincera. quem vem primeiro agora é a vontade, e depois o fazer. nascendo por dentro e expelindo pra fora. do jeito bom de ser... indo na fé e comendo fruta. vô esquecer não, que o que gosto é sossego.

If we admit that human life can be ruled by reason, then all possibility of life is destroyed.

aruarera

Ah, eu deixo de canto
meu menino baiano
as coisa foram dissolvendo
e a sorte boa, doía doía

ah, menino
menino
meu olho tanto ardia
as ferida
eu nem nunca ma'iscondia
tu ficava na janela
sem observar
passeava todo belo
e eu me punha a chorar

mas tu que sabe
menino, menino
ve que as coisa ja se acerta
meu mundo ta feitinho
se tirando o vazio

tome conta

do meu conto

fiquei feliz
eu te juro
que a tormenta passô

sábado, 24 de abril de 2010

Vai embora.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

o vento de calmaria que a vida vem dizer

Enquanto eles dormem, menina, deixe-os dormir. Não se sente mal em tentar acordá-los á força? Sim, sente-se sim. Não sabe nunca o que fazer, não sabe nunca o que está acontecendo... não ajoelhe-se, está bem? Tem-se machucado demais, e machucado demais também. Venha cá, sente-se aqui...venha, sente-se aqui. Deite a cabeça em meu colo, escute, eu vou cantar. Está bem? Descanse um pouco, deixe-se cair nos braços das árvores como sempre quis. Fique calma, é da sua natureza, fique calma. Seu sofrimento deve vir disso, de não estar funcionando do jeito certo, entende? Tudo bem, fique com a música sim, fique com a humildade sim, fique com o seu desejo mais íntimo sim. Não brigue, pare de brigar, minha querida. Não vê que isso de nada adianta? De nada, nada mesmo? Escute, meu bem, pare de gritar, não mais chacoalhe ninguém, não queira que ninguém desperte por atingir algum limite. Olha, eu preciso lhe dizer: as pessoas acordam quando o sono acaba. Eu juro que é assim. Tente entender isso também, por favor. Eu sei, eu sei que vive pensando que o tempo é curto demais para perdas tão longas e para desperdícios tão nítidos, mas...pensar isso só piora tudo, é como um peso a mais para carregar, além da certeza do desperdício em si. Ah, se soubesse como dói em mim ver a sua ansiedade crescer, ver a sua dedicação em tentar salvar algo que vai se exvaindo, indo, indo embora tão depressa, tão sem notar a pena que é.. deixar de viver algo. Uma coisa que vai ficando rala, dispersa, cega, surda, pálida, vazia... sem notar ao menos. Um acontecimento sutil. Portador de um mar de potencialidades para uma gama de tormentas a mais a serem geradas. Eu queria pôr dentro de você uma coisa, uma pequena coisa... e eu vou continuar tentando, o tempo que for necessário, só para ver um sorriso sincero teu. Minha querida, conseguirei ainda que receba a certeza do amor, está bem? Porque você precisa disso. Sinto tanto que ainda não a tenha... pois olhe, olhe para cá. Eles estão voltando a dormir, não estão? Agora, quando sentir a necessidade de acordá-los novamente, não o faça - e saiba que será difícil. Olhe para cá, para mim, e olhe também para ali, logo ali onde está claro...veja: têm mais algumas pessoas acordadas, e você até conhece algumas delas. Vá lá viver o que quer viver, o que é capaz de viver. Por favor, dê a si o direito de fazer o que a natureza lhe pede para fazer, vá fazer o que as suas mãos sabem fazer. Entenda, está bem? Sem medo, sem medo. Estou aqui. Não sinta medo. Não há de quê. Não enxergue o véu negro, não mais. Vá pelas beiradas, alinhe seu coração, passe a mão nos enfermos, cante a eles uma música...assim está bom. Olhe, minha flor, por favor, não sinta receio em tocar; as pessoas são bondosas, elas serão capazes de aceitar o ser amor, não, não irão te rejeitar, está tudo bem. Pense nisso, por favor, veja isso. Como hoje o toque em seus cabelos...tão rápido, empregnou tanta coisa, não foi? Me admiro de ver como se importa tanto com tudo isso. Sorria, está bem? Pense naquilo que foi bom, pense nos instantes em que você e ele estiveram os dois acordados, e puderam conviver. Agora, ele voltou a dormir, como faz normalmente. Não chore, não sinta-se tão saudosa. Já lhe disse, há mais pessoas acordadas, esperando por você. Acalme-se, deixe-me conduzir as coisas... você não acredita em mim? Sim, não é? Minha querida, você logo entenderá tudo, e logo também conseguirá sentir-se menos perdida. Só deixe-me te ajudar, não vá tão sozinha, não pense que carrega todos em sua bolsa amarela nas costas e que, grande, ao seu lado, não há ninguém - porque há. Além de mim, um monte. Agora, sim? Permita que eu lhe tire essa armadura do corpo. Espere, só um pouco - eu sei que machuca -, pronto. Agora doerá um pouco porque fecharei as feridas, mas é rápido. Pronto. Viu? Está tudo bem. Pode levantar, querida. Beba um gole d'água, enxugue o rosto, seque a fúria. Pode olhar para aquele lado...está vendo? Eles te chamam, vá lá. Mas antes passe e dê um beijo nos teus amados que dormem. Acarecie-os a fronte e reze para que tudo melhore, e se alguém tiver febre, venha socorrer - mas não tente mais arrancar o sono de ninguém. Lembre-se do que mais quero que aprenda: se há dor, há algo fora do lugar. Cure isso e então haverá saúde. Fique bem, minha querida.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Do nosso mal, eu não sei mais o que dizer; num grito alto - você entende -, duma enxorrada de palavras voando furiosas em nossas direções e em sentidos opostos, dum gesto tão burramente não feito, dum orgulho tão fortemente construído do nada, eu quero me esquecer. Eu tento sempre, sempre, toda vez... é difícil - e fácil. Uma luta até que boa. E que aos poucos vem. Ruim é essa minha luta de não querer aceitar. Por que, por que diabos, por quê? Por que é que a natureza escolheu um método tão negróide para ensinar? Se no universo só existe esse tudo mesmo, e mais nada, então, ora pois, por que diaxo...ferir? Olha que eu penso muito, eu penso muito mas eu não consigo entender: qual a razão lógica para isso que tanto tanto tanto existe, o sofrimento? Então eu logo imagino que sim, será sempre difícil a minha existência nesse mundo, rejeitando muitas das regras que a natureza impõe. Primeiro de tudo: a minha ideologia está me machucando podridamente muito. Não quero provocar mal para provocar bem. Mas meu irmão disse - e isso eu aceito -: as pessoas só aprendem quando sentem na própria pele o que causaram. Isso, é, eu entendo: não há osmose de aprendizado. Você aprende vivenciando. E, portanto, quem te causa mal só entenderá esse mal quando senti-lo. AH! Que dor é pensar isso. A natureza diz por baixo: tá no lamaceiro querendo puxar ferido, terá de se sujar também. E é esse o caso. Esse é o caso por quê? Segundo: "na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". Isso. Então esse meu gosto amargo de culpa raiva nojo só vai passar quando eu transformá-lo em algo. (amanhã eu continuo...) mais feliz.

sábado, 17 de abril de 2010

um guerreiro não quer mais sua armadura pesada

Se eu pudesse ao menos um pouco mais, ao menos um pouco, entender a não-separação das coisas, a microscospiosidade de tudo, tudo, tudo... e de tão pequeno, tão invisível, tão indivisível, tão corruptível, por isso, em minha cabeça - por quê? Eu não queria ser assim, ou não quero (mais) agora, se de todo caso for. É ruim conseguir sempre sujar o todo inteiro multiplicando em minha própria mente a sujeira que é apenas parte do corpo... manchando coisas bem bonitas de alguém...para sempre (?). Já que triste é mais quem não sabe amar. Mas mesmo assim, eu mancho eu mesma também, toda vez, toda vez... controlando todos cálculos que deveriam ser naturais. Mas... queria ajuda, sim. Sabe, nunca me senti muito inserida ou totalmente confortável (em lugar algum), mas nunca tive a consciência de que talvez isso seja óbvio. É difícil um estrangeiro sentir-se em casa no país que não é dele...mas isso não é o que tento dizer agora. Começo desde algum tempo pensar que talvez as minhas lentes estejam muito desfocadas. A imagem do real que tenho talvez não seja a resultante verdadeira do mundo, da vida, das almas. Penso que pode estar tendendo pro lado torto, achando torto em tudo, tornando todo pequeno torto de um tudo num todo inteiro torto. Claro que não vai machucar ninguém isso... só eu mesma. O limite disso está beirando o transbordamento, tenho medo de ver em que lugar pode chegar o próximo passo - e se for naquilo onde termina o rio e começa a cachoeira? Não quero isso... quero começar a respirar o ar - já que criaturas da minha espécie enxem os pulmões de ar - e não mais permanecer fechando o nariz para não morrer afogada.
Moço, por que eu não entendo as incoerências? Penso ás vezes que se há silêncio agora, então sempre houve, e a fala nunca foi real... é isso? E se fosse isso, seria tão dolorido quanto descobrir que após a morte realmente não há vida. É isso? Pediria a você que me dissesse, já que com as minhas lentes certamente enxergaria algo errado, mas receio que daria na mesma... porque...pessoas mentem. Por um motivo, por outro, com motivos, é claro - quase sempre tão cruéis quanto as próprias mentiras - e então eu não saberia identificar se a sua boca estaria expelindo algo verdadeiro ou não - e começaria então a crescer em mim uma maior certeza ainda de que, se é capaz de dizer coisas para poder se proteger de alguma culpa ou coisa assim, também deve ter encenado coisas muito talentosamente para ter algo que queria no momento...não sei. Ah, é ruim acreditar no não-amor, na não-vida. Ah, é isso que eu quero entender. Como, como pode algo que um dia foi vivo...morrer? A morte é feia por isso. É como se, por causa das desconsiderações, desconsiderasse as considerações um dia existentes. Eu não entendo a morte como parte da vida. Eu entendo o afastamento para dar lugar a outros e depois o retorno, para que todos tenham vez. Mas a morte não entra na minha cabeça. E eu entendo as transformações. Como um sapo um dia vira adubo e depois um dia vira flor. Mas não entendo a transformação de um sapo em vácuo. Existe isso? Por isso pergunto: se há vácuo agora, então, nunca existiu sapo? Não tome o seu posto antigo de lenda. Responda, e vá embora. "Vire" vento soprando em outra direção como sempre foi. Tá bem? E aos deuses, eu peço muito: deixem eu separar sim, o bom do ruim, pra guardar na minha caixa de lembranças...como separar o joio do trigo, sim? Aham, só pra que a vida fique mais leve... e também, deixem eu me desgarrar, tá bem? Como deuses são, saberão. E...deixem as minhas lentes se acertarem, os tímpanos vibrarem na frequência certa, as mãos perceberem o real quente e o real frio... porque, essa desconfiguração me deixa tonta, tão tonta, a rodar feito em furacão, virando a cabeça muito, causando náusea desnecessária. E então, no mais, eu sei: eu peço, por tudo, para vós, para eles, e para mim: perdão.

terça-feira, 13 de abril de 2010

isso eu chamo de vingança. eu preciso vingar. sem te ofender, eu preciso vingar: preciso matar a fraca e presa e amamentar a forte e a livre.

now i feel the strenght growing up inside me!
now i feel the strenght growing up inside me. HA

My fever burns me deeper than I've ever shown to you

Ninguém tem culpa mas ainda assim eu quero jogar todo o meu lixo em algum lugar. Sendo bem egoísta mesmo - foda-se é o que eu quero gritar na janela pra rua toda escutar, e trainar a voz pro mundo inteiro ouvir também. Com potência máxima. Rasgando. Aliás, vendo as bocas boqueabertas rasgando de tão abertas também. Olha, olha pra minha cara, escuta: ninguém, ninguém tem culpa, eu entendo. Entendo também uma pessoa cretina não ter a mínima culpa de ser cretina. E falsa também - e maldosa. Não tem. Entendo do fundo da alma. Mas porra! Eu não preciso ficar feliz com isso. Nem fingir felicidade. Feito? Feito o trato?
É, eu quero, então: esquecer muuita coisa. Pra começar, começar a desaparecer. E não voltar pra ver a falta (ou a não-falta) que eu fiz - perde um pouco a graça mas é mais saudável certamente. Eu quero: mudar de cidade. Aham, ir pra essa cidade bonita e ensolarada e esverdeada mesmo, e cheia de gente que deve ser bonita por fora (e por dentro) pra variar um pouco esse seu gênero. E aí é que vem o toque bom: nunca te avisar, jamais, nunca mais, nunca na vida mais. Aniquilar a esperança. (Pra que ela possa renascer mais viva voltada para outro lugar - um lugar mais merecedor e...vivo, é claro, verdadeiro. Não uma mentira inventada pela minha cabeça). De repente, depois de ter conseguido matar a esperança, eu até aceite, talvez, ver a sua cara de surpresa. Mas por pouco tempo pra não cansar a beleza. Hm, bem. Eu quero: escrever o livro pra deixar o vômito sair de vez. Eu quero: ir pra lugares quentes, ir pra África, pra Austrália pro Hawai (pensando bem Hawai é melhor: tem lembrança nem no nome...). Quero: gostar muito de alguém e de alguéns. Ver a parte boa da vida sempre. Sempre. Fazer algo pra mudar o mundo e parar de ronronar apenas (como temos feito). Conviver com crianças. Cantar bastante. Sentir mais amor do que revolta. Sentir mais presença do que ausência. Sentir mais sol do que frio. Nadar no mar. Dizer com o peito aberto: e u e s t o u f e l i z e dane-se você. * até lá serei capaz de mudar as últimas palavras: criarei amor por algo que praticamente só me fez mal.

domingo, 28 de março de 2010

dá até um alívio:
"daí você troca de vida..."
"eu nem digo que foi porque tá sendo. mágico. bonito..."

sem nomes, ela implooora!

Que a menina quis ir para um lugar onde ainda não tivessem dado nomes, nem tentado dominar classificando. Sabe o que pensava? Hm, na verdade, o que sentia? Um reboliço no estômago, que por aqueles tempos, mais e mais lhe causava náuseas, toda vez que ouvia algo muito concentrado, prezinho que só em um conceito, coisa assim. Tinha no pensamento que aquilo devia dar-lhe angústia empedrada na garganta porque ela mesma fazia isso com ela mesma dentro dela mesma e vindo dela mesma, ela mesma bebendo a coisa ruim. Ah, doía que sim. Sabia por muito bem que fazia essa coisa com tudo e todos: enjaulava tudo tudo tudo em potinhos de ah-você-é-bom-portanto-é-médico ou ah-você-é-ruim-porque-é-egoísta ou ah-a-vida-boa-é-ser-hippie-como-ele e etc etc etc. Tudo entipado. Vício dos brabos. Que tristeza sentia toda vez que ia lá e começava a perceber que fazia o inferno toda e mais uma vez de novo. Parecia por muito que comprava uma droga e usava e depois passava mal como algo que apanha e vomitava tudo tudo porque nosso corpo não quer ficar com coisa podre dentro...e depois, lá tão logo, era como se seus passos lhe guiassem sempre pro mesmo caminho, sempre pra mesma estante vermelha que indidava "produtos perigosos" e ela levantava as mãos também obcecadas e pegava um dos produtos (uma das drogas) chegava em casa, abria o frasco e mesmo chorando, soluçando, rebatendo, bebia tudo, sem deixar gota pra ninguém mais. E aí ficava sabe como? Como o efeito queria: como que presa numa bolha opaquinha, cor de cinza empretecido emputecido emburrecido, onde o sol entra poquinho, onde a comida era café marron e arroz branco e nada mais e lá ficava a formular palavras e depois frases e depois livros sozinha, aborrecida vendo fora um mundo por vezes feioso demais e por vezes bonito que demais e sempre isso tudo junto, e ela lá na verdade dela presa sozinha sem poder t-o-c-a-r nada lá de fora. Nem sabia como. Aliás, essa coisa da bolha vinha mesmo da droga ou da natureza da sua cabeça de nacença por assim nascida mesmo? Ai, como fazer pra saber e como daí pra curar? E ajuda? Tinha tinha como alguém notar a real dimensão da coisa? Porque de fora tudo parece tão escondido - a bolha era invisível pra quem estava fora. Eca, eca, que enjôo.
E dum baque fez-se em sua visão uma possível saída. Choque com chute trotando em frente pra afrontar a parede própria e arrancar ao menos fresta onde coubesse pra passar pra fora e fugir. Num murro forte iria tão logo explodir a parede que desde sempre fora de cimento e aço, porque ela foi arranjando força - fúria - ao decorrer da vida e já agora tinha um pouco de vida e sabia que em si não era mais úmida e pesada - e portanto de difícil locomoção - a capacidade de se deixar dominar. O bicho ficava cada vez mais desobediente e aumentava a brutalidade latente pronta pra arrebentar quem estivesse bem afim de impor. Chega de curvar-se. Chega chega. Chega de curvar-se ao vício. Chega de curvar-se a necessidade de podridão. Chega de sujeira. Chega e só. Agora ela ia pra fora, onde não houvesse nomes e sim flores e não medos mas amores e não pulos de dor mas de alegria. Como descobrir uma terra nova - descobriria: as coisas boas que sim seriam eternas sim. E mais que tudo acharia uma coisa nova que nunca havia achado antes: a li-ber-da-de. Pra ser livre do ruim do mundo e do pior ruim de tudo: o que vinha dela mesma e comia seu saco vitelino. Acharia seu mal e morderia até triturar e depois cuspiria e queimaria e nunca mais deixaria nascer.

segunda-feira, 22 de março de 2010

limpida. (que palavra bonita)

- Moço, muito boa tarde.
(levanta o chapeu, o seu moço)
-Moço, por caso es o alfaiate masgico-descolador-feitor-solucionador de que ouvi falar? E que eu ando ha muito procurando alguem que soubesse fazer um serviço parecido com o seu, mas pensei que impossivel de achar fosse, dediquei um bocado de tempo a aprender a arte por mim mesma, eu por mim mesma, fazendo um monte de bocado de coisa errada mesmo, ate aprender como se faz... (ele interrompe):
- Sou eu sim.
- Quanto fica?
- O que quer exatamente? Tudo depende... se vai querer que eu so tire...
- Tudo. Tudo, moço. Tire por favor tudo.
- Voce quer ficar sem nada?
- Moço! Rasga tudo! Corta, descola, descola, descola essa nhaca de miiiim!
- E perigoso moça, ficar sem nada... querer amputar toda a roupa. As vezes vêm uns malucos com essa ideia, e o fazem, e as vezes se arrependem, outras vezes nao, mas bem raras vezes, pra ser moço sincero eu.
(uma duvida lhe surge...)
- AH, minha cabeça e tao pequena...nao sei como explicar o que imagino moço...
- Assim nao poderei ajudar...
- Moço! Olha pra mim! Eu to chorando! Eu to pedindo ajuda! Eu nao sei, eu nao sei! Por favor, nao me deixe so nisso...
- Moça... o que foi?
- Voce tem coração, então?
- Hm... talvez?
- Moço, qual a sua opinião? O que seria melhor?
- Olha, senhorita, vou lhe dizer uma coisa. Todo mundo na rua - olha pra rua..
(ela olha)
-Sim?
-Ta vendo? Todo mundo ta cheio de roupa amontoada, uns mais, uns menos, uns com muuuita roupa, tanto, mas tanto, ate as tampas, que nao conseguem nem mais enxergar a luza do sol. A roupagem tapou-lhe as visoes, empreteceu tudo, tudo. Mas eles se protegem. Assim sao mais fortes, entende? Nao e muito facil causa-lhes mal. Soque-os com todas as palavras que quiser, com todas as tentativas de abrir uma frestinha que seja para que possam ver... e nao vai adiantar. O ego ta forte, gordinho que so, varias e varias camadas...so podem (so podem!) ver a propria cabeça. Mais nada... e voce jamais conseguira rasgar, voce, a roupa deles, entende? So quando eles quiserem...por alguma mutação estranha da natureza que dai eu ja não conheço...
- Mas moço! Muita gente me chama de incompreensiva! Olha, eu to cega, pode ver! Eu grito a quatro cantos "sejam olhos-abertos" e eu mesma tampo os meus! Com a roupa suja feia negra fedorenta que gruda. Ai, e as vezes eu nao percebo! Mas agora, agora eu to chorando, porque a roupa ta pesando taaanto em mim, ta grudando, feito parasita! Mas e meu! Eu sou meu proprio parasita? Eu sou o proprio monstro?
- Moça...
- Moço! Por favor, eu to pedindo ajuda... Não ve? Estou bem aqui, dentro do meu proprio mar sem redias...e eu ja nao sei onde e norte e onde e sul. Me ajuda a achar ate que ponto eu preciso soltar o peso de mim, pra poder nadar mais livremente, mas sem soltar tudo, a ponto de sumir, e, entao, ja nao existir mais? Voce acha que pode me ajudar?
- EU ja sei.
- Ja?
- Vamos trabalhar juntos. Voce quer se tornar limpida...

sábado, 20 de março de 2010

Oia, eu chego sobria pra agarrar teu erro
Lhe mostro um mundo tolo
mas inteiro
Tu, que jamais mereceste coisa alem de meio

Mas de repente penso uma coisa
Que culpa gigante tens
de fazer-me assim, tão cheia de receio!

Penso: eu sei voar pro abismo
Pense: sem nem mesmo asas ter
Que estranho mesmo isso
De ir longe sem se perder...
não? Não. Não eh coisa pouca ser formiga, andar no meio de elefantes, e ainda assim, sobreviver.

insatisfeito?

Ainda bebo na derradeira fonte
Caçando o limpo no ceu de sol tolerante
E chego devagar crendo estar so
e provavelmente estando
Então bebo rapido
engulo cada gota de amorzinho hidratante
Antes que tu chegue e roube minha agua
Batendo de frente
Esfregando o desprezo na fronte
Sugando qualquer coisa ainda em mim umida
Descortinando a barreira impenetrante
Então ja no chão, levanto e pergunto:
- Insatisfeito roubando apenas minha sede?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Fiona Apple: No. I really don't think anything I do is a mistake. It could be if I didn't learn from it. But in the long run, no matter what I do for the rest of my life, I'll know I did something wonderful by saying what I felt. That's what I said up there: "Go with yourself." And that's what I did.
Essa coisa de ser vulnerável...encanta.
O que queria agora? Eu queria um chocolate quente, um café, uma palavra quente - tanto faz, eu acho. Acho que o importante mesmo era ser quente e estar vivo. Porque eu venho estando viva demais e querendo achar alguma coisa viva demais para se fazer coisas que se fazem quando criaturas estão vivas demais. Ou talvez já mortas? Como se essa coisa de orgulho não importasse mais, como se a espera já não fosse possível, já não mais. Eu digo, será que está disposto? Eu vi que não, sabe? Eu vi isso, eu vi tão bem visto que agora não conseguirá mais me convencer. Essas histórias de evolução, de inteligência, de revolta... tudo está resolvendo mostrar o verdadeiro significado e eu resolvi ver e acreditar e dizer "está certo". Entende? Então não tem muito como mentir, eu sinto muito. Muito. Sabe? Eu entendo também que, ás vezes, a mentira é boa; tão realmente boa que nos faz sentir felicidade...incrível, não? E ninguém entenderá, nada, nada do que estou a dizer. Mas, pra quem passou já um bom tempo assim, sendo nada mais do que "uma coisa á parte", não faz diferença. É, talvez não faça mesmo diferença... (talvez não faça mesmo sentido...)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

-Por que uma formiga, duas, ou todas, que passam a existência inteira atrás de migalhas e coisas para acumular, sempre correndo, cansadas e em prol de alguma coisa a mais, não simplesmente param e esperem morrer? A nossa programação é essa, estranha, mas é. A gente é a nossa vontade. As coisas giram porque querem girar - ou deixam de girar porque não querem girar. Não há leis. Não há obrigação nenhuma. E além do mais a inteligência real é o bom senso e saber interpretar - e isso não é fácil de ser aprendido. O algo a mais é o que faz e sempre fez a diferença.
Merda. Não sei como explicar e nem ligar o que tô pensando... parece sem sentido.

(pensando ainda sobre)

O mundo se move em volta de desejos. Será que tudo é assim?

domingo, 31 de janeiro de 2010

"Wayne Westerberg: In the wild.
Christopher McCandless: Just wild!
Wayne Westerberg: Yeah. What are you doing when we're there? Now you're in the wild, what are we doing?
Christopher McCandless: You're just living, man. You're just there, in that moment, in that special place and time. Maybe when I get back, I can write a book about my travels.
Wayne Westerberg: Yeah. Why not?
Christopher McCandless: You know, about getting out of this sick society. Society!
Wayne Westerberg: [coughs] Society! Society!
Christopher McCandless: Society, man! You know, society! Cause, you know what I don't understand? I don't understand why people, why every fucking person is so bad to each other so fucking often. It doesn't make sense to me. Judgment. Control. All that, the whole spectrum. Well, it just...
Wayne Westerberg: What "people" we talking about?
Christopher McCandless: You know, parents, hypocrites, politicians, pricks.
Wayne Westerberg: [taps Chris' head] This is a mistake. It's a mistake to get too deep into all that kind of stuff. Alex, you're a hell of a young guy, a hell of a young guy. But I promise you this. You're a young guy! Can't be juggling blood and fire all the time!"

Muito, muito mais pra dizer e pensar. E eu entendi agora. Entendi...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

cisco no olho do mundo

"O desejo sincero e profundo do coração é sempre realizado; em minha própria vida tenho sempre verificado a certeza disto."

Tem um cisco no olho do Mundo, não tem? Eu sei que deve ser isso. A vista fica toda embassada, daí a gente que dorme e acorda todo dia assim, fica na dureza de achar que é a coisa mais normal de todas. E então feito cabra cega entristecida e emburrecida e enfurecida pelo medo do pretume, esbarra em tudo, em tudo, e ás vezes corta, arranha, quebra costela, veia, cabeça, coração dos outros - e na dureza de achar que tá fazendo a coisa mais normal do mundo. Agora tô aqui pensando bem, por que diaxo que tem que ser assim, e não me cai tão rapidamente nada no pensamento - nem um fiozinho de resposta - pra apaziguar esse barulho remoedor que tá batendo, batendo, tum-tum-tá-tá-tá-tá. Tem uns tempos que a gente se permite estar magoada, daí as pernas ficam tão molinhas, dá uma quentura ruim e uma tontura também, um pouco de raiva, de ansiedade, de medo, de tristeza, de vazio...de que mais? Feito um abandono, um corte seco de alguma coisa boa que resolve ir embora, e vai. E vai bonita, ainda por cima, e deixa um casco meio sujo, meio fosco, quebrado, feitor de delitos. Um casco até maldoso, que bate bastante na clavícula nossa sem muita dó, sem muito bondosiar. E daí o que fica em mim mesmo, é um algo no dentro, que sinceramente parece tempestade, ou bicho cheio de dentes. E morde, morde, morde o dia inteiro. Martela a existência lá em cima, na cabeça, também, o dia inteiro. Se mexe e se remexe, de um lado pro outro, pra gente bambolear ainda mais na frente dos outros, e todo mundo notar. Coisa ruim essa. E tão não compreensível, tão feia, por assim dizer. E ai que culpar não é bem a precisão do momento, não é, não. Isso tudo é o tal do cisco - tenho muito pra mim que é isso mesmo. Um cisquinho pequeno grande atrapalhador. Ele que faz o pessoal ficar e não ficar, usar a língua pra dizer umas coisas e depois também apagar as coisas, com essa mesma língua - que, no caso, oferecerá uns vácuos de vez em quando. O cisco é que faz um sorriso se desabrochar cínico, uma palavra soar grosseira, uma mão ser levantada para um corpo. Uma eternidade de não-respostas ser jogada na platéia ansiosa que é uma pessoa. É o maldito do cisco. E também - também tenho pra mim de jeito forte - que tem outra coisa no meio; também tem a distância. A distância entre nós. Entre eu e você e eles e meus pais e meus amigos, entre eu, eu, e eu e você aí dentro de você, tudo junto num mesmo lugar, sendo possível isso mais vezes - porque ás vezes percebo que é possível de vez em quando. Distância entre você dizer uma coisa e eu ouvir e eu dizer e você ouvir e você chorar e eu querer chorar no seu lugar e isso acontecer com você também. E eu querer saber da sua vida, de verdade, e você querer saber da minha - de verdade. E eu fazer perguntas sobre a sua infância e você responder e também perguntar porque tem muita vontade de conhecer quem eu sou. E passar umas tardes olhando para os pés, e eu poder tirar o sapato pra que durma melhor e ter a certeza de que faria o mesmo, mas nem se quer pensar nisso, porque te fazer mais alegre me torna muito mais alegre ainda. Uma distância maldita mesmo, que deixa todo mundo sozinho em algum lugar que eu não sei, nem você, nem ele, nem nós, nem muito menos as autoridades sabem. Essa mesma que deixa uma pessoa normal olhar para uma triste e não se importar, porque está longe e intocável a qualquer tipo de qualquer coisa que se possa chamar de emoção. A distância de não pegar na mão de ninguém, nem de olhar nos olhos de ninguém, nem de deixar a voz ser gravada no ouvido de ninguém. É um acanhamento isso, isso tudo que eu faço mas que todo mundo - ou quase todo mundo - faz do mesmo jeito. Uma coisa de gente encurralada e amedrontada por algum motivo. Coisa da coisa nossa mesmo: coisa de cachorro arisco, defendendo-se de algo. Ou também coisa de quem nunca teve coisa boa e não sabe como se faz pra fazer coisas boas e bonitas - ainda que o faça meio que exporadicamente do nada. Eu percebi isso. Por que é que você disse "primeira vez que alguém se preocupa com a minha vida..."? E por que é que ficam falando "anjo, anjo, anjo"? Eu sei, tá? Eu sei que vocês gostam e querem isso, isso de querer estar perto, por pura vontade e solidariedade. Ou por puro não-entendimento que é o amor. Ás vezes vocês são feras mansas, mas é porque passou-se um certo tempo pra chegar a isso. E depois, com uma espécie de memória de pomba, esquecem-se da moleza de peito e voltam a ser a estrutura fechada de antes. E é bem nessa parte que dói. Dói pelo jeito que essas coisas são; uma hora atrás, uma beleza, tão tão bonita que só podia ser verdadeira - não seria possível algo que não se é assim por natureza, ser interpretado com tanta maestria. E na outra hora, ou uma capa preta escondendo a cara bela, ou um sumiço - ou derretimento - daquilo lá. Mas agora já tá passando. Já tá passando porque eu sei que isso é assim por enquanto, só. Só até eu e alguns eus a mais do mundo mostrarem que o bom mesmo é não ter memória de pombo, e tentar ir tirando o cisco do olho devagarinho, mas ir tirando - pra não bater em mais ninguém, não ferir, não machucar, sabe? Tá, também sou esfaqueadora, eu sei. Mas com o tempo tô perdendo isso, porque tõ com muita, muita vontade. E ah, não tem problema, não... acho que sou meio cahorro burro e fraco, mas bem fiel ao dono - mais do que deveria - : por mais que espanque e maltrate bastante, nunca vou embora, não. Tenho precisão do'ces, é, tenho mesmo. Mas amor, muito mais. Muito mais...

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

papapapapapa used to say to me

Então papai me disse que para conseguir entender o ser humano, a melhor coisa mesmo é se tornar médico. Porque o médico é treinado para isso - para entender o ser humano como ele é. E cuidar dele. E só agora entendo mais profundamente isso... o maior pavor de um médico é perder um paciente, deixar que uma vida vá embora. Ele tem isso nas mãos, e sabe da importância. Está muito próximo do limite que é viver e morrer. Então ele não será irresponsável de pensar que pode errar. Não será cego e maldoso a ponto de achar que, qualquer coisa, é só se desculpar. Já que olhando de longe, uma vida a mais ou a menos, é só uma vida a mais ou a menos, que a gente não sente de perto. Mas estando no centro da história, percebe-se que não é bem assim; a minha vida é tudo o que eu tenho e nada mais, assim como é para todo mundo. Então se eu me agarro a ela, eu me agarro à dos outros, também. Cuidando para que não percam a única coisa que têm.
(deve ser por aí...)

ter cuidado com tudo que é vivo

Que agonia que dá essa falta toda, todo esse descaso e descuido e desencanto e agressão da gente. O que eu e todo mundo procura não é encanto? Eu sei que a gente procura isso. Eu sei que o que queremos é se aquietar e sobreviver de, sei lá, pão e mel e boca e perfume e um canto calmo pra dormir. Mas não sei que que acontece, de repente tudo se arma e vira castelo intransponível, cheio de soldados com fuzis e canhões pra atirar e quebrar tudo - matar qualquer coisa que seja. Matar. Qualquer coisa que seja. Daí não é muito fácil sobreviver mesmo, a qualquer forma de ligação com qualquer pessoa - ou é? Tudo fica muito cansativo, e eu me canso de tentar não cansar, de manter a boa calma de sempre, de segurar os meus demônios. E então fico com um desespero, num buraco bem fundo me perguntando onde é que é a saída. Onde é que é a saída nossa pra tanta falta de vida? Como assim dizendo, é possível de se ver, que a cada coice, o outro fica com mais medo de chegar perto, e se afasta, e vive menos ainda do que podia viver, vê menos, come menos, anda menos. Se acovarda num mundo bem vazio, e escuro também. É tanta falta de vida - essa que digo - que há uns absurdos que acontecem de vez em quando, e daí é bom tentar lutar contra, mais por pensar do que por setir na hora mesmo. É um horror chegar ao abismo de achar bom não estar mais vendo beleza em alguém, só porque, pelo caso de ela resolver soltar a tua mão de novo, e deixar você caindo, caindo, naquele velho precupício, você saber que não quer mais precisar da ajuda dela - ainda que precise - mas o não querer, é a parte mais importante. Horrível isso. Horrível mesmo, e terrível e abominável e cretino e miserável e medíocre e todos os sinônimos pra isso. É que tô mais que convencida que a gente tá aqui nessa bola flutuante azul pra ver beleza, sentir beleza, comungar, cheirar, florescer, tudo junto, e se isso é perdido porque se dá a exaustão do músculo preferido - o coração -, daí, onde é que está mesmo o sentido de estar aqui sem estar dormindo? Fugiu. Sumiu o sentindo, a qualquer estrada que possa existir. Não é nada bom isso, mas ás vezes você se abre e dá um órgão teu e a pessoa aceita. Aceita pra cuidar mal. Pra deixar num pote cheio d'água e de vez em quando pegar na mão pra acariciar por uns minutos. Isso é triste. É disso que falo. É triste, sim. Ninguém quase tem espírito de médico, pra estar ali a hora que for, de cara mergulhada na eternidade; todo mundo é ladrão, quase. É isso que tenho pra mim. E é bem daquele jeito, tem muito ladrão pimposo cheio de charme, e bonito também, com algum traço de bondade como se vê em qualquer coisa no Mundo. Mas ainda assim, é ladrão. Que vai olhar pra você já pensando no que pode tirar pra ele. Daí faz umas artimanhas, vai daqui até ali, e pega algo teu. Suga uma energiazinha, te usa pra aumentar o próprio ego, e quando não estiver muito mais precisado, dá um tapa na cara. Ou fica quieto. Ou então resolve ir embora. Por mais que tenha adquirido um certo amor por você, o mais importante é vencer, seguir ganhando, sendo o maior - para o ladrão. E acho só que estou me tornando realmente magoada com isso... com esse jogo que todo mundo joga. Quero descer. (vai ser melhor ser criança pra sempre, desarmada mesmo e com ajuda grande de alguma coisa pra poder aguentar as consequências disso.)
E tem outra coisa também. Ter uma boca que possa pedir desculpas não é a desculpa para não fazer o possível para não errar. Perdoar é uma coisa, é verdade, a ferida aberta cicatriza - mas a pele não volta a ser como era antes.
E no fim das contas, talvez eu faça tudo errado do mesmo jeito. Coisa ruim. Mas no fim da história mesmo, se é possível encontrar alguma desculpa para esse galho bem torto, é essa: me toquei da precisão de ter cuidado com tudo que é vivo. Então é só isso, tudo que me dão deve ser tratado com grande jeito. E não posso me apoiar na torpe idéia de que, se algo ruim acontecer, é só dizer "sinto muito". Porque não é. As coisas precisam ser levadas com mais importância; tudo no mundo é muito frágil, tudo muito pequeno, inofensivo, perdido. E tudo se quebra e então as cortinas fecham. Só que não temos pra onde ir além do palco. E por algum motivo, tudo vibra pra poder viver porque isso é bom, e pelo visto o gosto e a vontade são o sentido de tudo.
(sem saber como terminar)..
idéia 1: que as pessoas adquiram um espírito mais materno, e de médico.
idéia 2: desarmamento
idéia 3: sem usar ninguém nem nada
idéia 4: perda da necessidade de ser maior
idéia 5: mais proximidade.