terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Embaralhou-se em tristeza, dúvida, raiva e afeição.

Eu morro de medo das coisas que posso perder. Sei que isso é comum para a gente, mas receio abrigar essa idéia por mais tempo que a maioria. Parece que é uma personagem fixa no palco da minha cabeça; de vez em quando um pouco escondida, atrás de árvores ou postes, mas sempre presente - e é isso que preocupa. Tudo bem, eu sei: bem normal abrigar algo do tipo nos pensamentos, visto que somos pequenos seres, ingênuos e perdidos, dentro de uma bola que flutua num espaço infinito; e que, além do mais, não sabem o que acontece quando um ser amado fecha os olhos e simplesmente insiste em não abrir mais. Parece uma carga psicológica e tanto para não ser carregada entre nossos pertences mentais, mas tenha dó: em todos os momentos?

(Passa)

Estou com sono, olhos pesados e pacientes. Nenhuma palavra, nenhuma demonstração. Poxa vida, mais uma lacuna, durante mais um dia - e só uma otária como eu para não perceber todos os milagres que se desenrolam a cada minuto em nossa frente, se formos capazes de analisar, não é? Mentira! Desculpe, eu sei que vejo essas coisas; eu sei porque presto atenção. Se houvesse um trabalho desse tipo, se eu vivesse num filme fantástico e me perguntassem qual é o meu trabalho, eu diria: investigadora-dos-milagres-diários-ocorridos-em-cada sorriso-lágrima-gesto-choro-grito-voz-de-cada-bicho, ou então: colecionadora-de-expressões-emotivo-corporais. Está bem? Quer uma pista? Eu dou. Sabe qual é um dos meus maiores prazeres? É fazer um amigo novo. Juro, sei que é clichê e todo mundo gosta, mas eu gosto tanto quanto gosto de tomate - e quem me conhece sabe que esse é um peso e tanto.
Mas hoje, e ontem e mais um dia, a gente diz um monte de coisas feias um pro outro - um monte de coisas que, aliás, nunca poderiam ser ditas -, e também um monte de coisas que não importam , e, ainda mais, passamos várias horas, e vários dias, e várias semanas, e vários meses sem dar notícias a quem gostamos - ou, pelo menos, a quem sabemos que nos ama -, e preenchemos todos, todos nós, juntos, a vida um do outro com dúvida, dúvida e dúvida. Sinceramente eu não sei se é fácil compreender o que estou dizendo - até porque essa minha linguagem é pra lá de confusa -, mas garanto que se estivesse olhando nos meus olhos, entenderia tudo. Não por eles serem expressivos demais, ou atacantes demais, ou fugazes demais: nada disso, eles não são. É só por estarem com uma aparência cansada e úmida, e juro, esse tipo de coisa, quando vista, de algum jeito, sensibiliza. (Na verdade, não seria essa a tal coisa tão impactante nos olhos dos velhinhos?).
Não sei por que estou tão triste. Assim, coisas corriqueiras acontecem, famílias brigando, pessoas que gostamos indo embora, nos dando as costas, agindo como se não fossem capazes de nos enxergar, ou sei lá, erros técnicos, gritos não pensados, acidentes, etc etc etc. Mas de vez em quando - até por eu estar dentro do momento, vivendo -, não consigo simplesmente olhar e achar normal, passageiro. Acho que nada é. De alguma forma, é alguma coisa indo embora, ou algo que devia ficar, e...dói.
Tá bem. Não é simples assim mesmo... é uma coisa meio...
Sabe o que acho? A vida é muito violentas ás vezes. Bem, ás vezes não. É sempre. Rasgante, corrente. É que ela nasceu assim. As coisas precisam explodir violentamente pra nascer, se não não nascem...

(Preciso concluir depois. Por hoje, o que sinto se embaralhou em tristeza, satisfação provisória e raiva, por fim raiva...)

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