segunda-feira, 13 de junho de 2011

Estouro

Puta que pariu. O tom baixo afagou-se no rio. As águas do estouro tomaram a sala, invadiram nossas cabeças.
Vieram confrontar meu comportamento - que é inegavelmente diplomático -, dizendo que sou negligente, e pior, que visto uma máscara limpa - quando na realidade estou mesmo é completamente cheia de borrões pretos nos olhos, da noite passada - e não pude corar as bochechas, abaixar os olhos e sentir as lágrimas chegando. Tive de enfrentar.
Alardeei a quatro cantos o que me vinha há tempos, foi preciso deixar o outro quieto diante da própria ironia. Como assim atacas sem saber? Sem nem perceber o que quero dizer, o que tento fazer, como tento agir? Como assim esperar de todos o mesmo comportamento que usa para si mesmo? Sinceramente os berrões prepotentes e impulsivos já não me pegam mais. Sinto muito, mas é necessário que eu jogue, clara e sinceramente, na mesma roda em que me crucificas, o tamanho da traição que cometes ao entregar de bandeja um segredo importante que te confidenciei. Já é tempo de dizer aos fortes que quem falava baixo por medo, agora só fala baixo por gentileza, e nas horas devidas, não se acanha em subir o tom e mostrar o peito: quem apanha muito, de repente cansa. E aprende.
E nesse furdûncio, algo de bom fica. E a arte é toda nossa: a de dar uma reviravolta e deixar que o outro sinta o balanço ruim de uma fúria desmedida, que feriu quem não devia ferir, quem não merecia ser ferido, quem sempre deu mais carinho do que dívida, e recebe então, o mistério de ver um pouco mais do que um possível erro de comportamento. A gente é mais do que só um ângulo, né?





Mas quer saber mesmo?
Enxeção de saco é foda. É, é F-O-D-A mesmo.
Dane-se que não ajeito as minhas coisas, não faço as unhas, durmo na sala, não lavo as roupas no dia certo, não sou padrão para comparações, não uso toda maquiagem necessária.
O próximo que vier me dizer que ajo errado com a porra da minha vida vai ouvir. O próximo que vier dizer que tenho que mudar um milímetro que for vai ouvir. O próximo que resolver falar o que quer, bem a vontade, como se mandasse no mundo vai ouvir o que não quer mesmo...poxa, eu sei apelar, quer ver? Mentira. Se eu apelar, estarei sendo o que não quero ser. Tá bom, eu te livro desse constrangimento - não é por nada não, a volta seria pior do que o que veio. Beleza?
Uma coisa que já me enjou, que não me desce mais, é me sentir um lixo só porque não sigo os comportamentos exímios alheios. Olha, deixar alguém se sentindo assim não é coisa que se faça. Ninguém tem a razão, não. Será que era preciso falar isso? Não era pra ser óbvio?
Então o lance vai ser eu arrumar a vida sozinha mesmo, cada vez mais na minha, cada vez mais no meu caminho, pondo na bagagem da memória o que eu bem entender. Poxa, poxa vida.

[Um lugar com paredes brancas, bastante planta - margaridas, rosas, pimenta, árvore da felicidade, bonsai, figueira, etc etc etc -, tela pra pintar, cozinha com xícaras penduradas, laboratório de fotografia, incenso, café quente, almofada fofa, música serena e mais.]

Por hoje é só.
Se é que já não foi muito.
(:

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