domingo, 23 de janeiro de 2011

Então eu conto o que eu quiser. (Já que as pessoas também fazem o que querem)

A casa era a mesma do outro. O corredor era bem importante, era praticamente o foco - mesmo não sendo o local da cena. O que parecia é que eu estava ali de passagem, mas por um certo tempo longo, como se estivesse fazendo uma espécie de intercâmbio - o que, mais uma vez, é igual ao outro sonho. (As coisas deram a mesma sensação, apesar de não terem exatamente a mesma cara). E estava escuro lá fora, e havia também um medo, um tipo de incerteza obscura que apavora: por que eu vim parar aqui se sabia que me sentiria muito, muito mal? Algo como que perverso. Talvez como estar em um buraco gigante onde se abre um outro palco, um quarto guardado abaixo do que é visível - inconsciente? Tem fala mas não se decifra bem a mensagem - olhe a cena e seu corpo entenderá o necessário. Sim: com enjôo e prisão de mente.
Pois bem. Havia um menino nesse lugar, um conhecido, amigo, digamos. Que talvez represente o inalcansável por ser exatamente bom demais para o que se pode querer. É: sutil, gentil, manso, responsável com a sua vida e com o sentimento dos outros - quem sabe não seja por isso mesmo que eu o tenha considerado inalcansável? Só observação. E ele estava lá dessa maneira: impossível. Perto mas distante. Com um amor pairando á sua volta mas que eu não podia tocar, e talvez mais ninguém, justamente pela incapacidade que observo termos com essa coisa. Havia também uma menina ali conosco. Uma menina comprometida, e que entende particularmente bastante de psicologia. Estava dizendo que era apaixonada pelo namorado, mas ao mesmo tempo se deitava no garoto, e sem malícia - isso ficou muito claro.
(Essa foi a última parte).
Em resumo na primeira eu estava na minha antiga escola, no andar de cima (pera aí, isso já apareceu em outro...), e estava com mais alguma pessoas - algumas amigas, o rapaz, e também o garoto de cima, e talvez meus irmãos. Escuro de novo. Tínhamos que pegar coisas e sair com certa velocidade de lá - alguém voltaria? As coisas estavam meio caídas, bem ao acaso. O rosto dele, com o verde-roxo em baixo dos olhos, e a sensação de sou-perigoso-se-aproxime chegando até mim. Tirei meus tênis (all star branco, listra vermelha, talvez o que levei pra Áustria), e pus na minha cabeça: não os esquecerei aqui. Descemos as escadas correndo bastante, e eram muios degraus. Qual não foi a surpresa chegar lá em baixo e perceber que tinha deixado meus tênis lá em cima? Todos eles que estavam comigo saíram, e eu disse que sem problema voltaria para resgatar o que precisava - subiria tudo de novo. E fui. Sozinha. Passei por pessoas tendo aula nos corredores. As pessoas olhavam como se eu fosse estranha e etivesse atrapalhando. Tudo muito macabro. Peguei meus tênis. Encontrei um professor na porta e não sei por que diaxo ele disse para pegar umas máscaras já velhas e caídas que estavam lá porque eu precisaria delas, e eu concordei. Pensei: isso será útil para nós - para mim e para aqueles que já haviam saído. Desci a escada correndo e cheguei lá embaixo com muita dor nas pernas, na verdade uma impossibilidade de usá-las, por cansaço absurdo. Agora estava sol lá fora. Não conseguia andar, fui voando - e para que eu não subisse muito, o professor me deu a mão. Nisso só vi o garoto do quarto passando pra lá do portão e acenando para mim, como se quisesse me esperar mas como se também precisasse ir com os outros.
(Fim primeira parte).


“A vida de um ser humano, entre outros seres humanos, é impossível, o que vemos, é apenas milagre; salvo melhor raciocínio.” Guimaraes Rosa.

Algo de belo entre tantas coisas não-belas (que explodem e que não são evitáveis, já que a natureza ela própria não tem controle e nem experiência, só continuação, só vida..) : "Solidariedade pra mim deve ser falta de crítica; a simples vontade de estar perto, de ajudar."
(Vou retomar o assunto)

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