quarta-feira, 21 de outubro de 2009

gritinho agudo da menina na corda

Que coisa que mete medo mais não: os piás incendiados de grandiosidade. Vá lá, pode ser mais ou menos até, mas Sofia quase que saia da barra da saia deles - estava se limpando. Que não vinham mais pôr o dedão na cara, que a moça começava a levantar voz, e daí por bem ou por mal piavam todos juntos.

Era caso de um, no dia de hoje. O moçoilo fazia de bom-grado ou de mal-grado, dependia do humor, da bebida, ou do fumo e isso só podia ser manha de quem sempre foi de fino trato. Mas Bastião, o de cabelinho pequeno, hoje era tudo isso, não: Sofia estava fora da regra. Nunca entrara na competição fosca que vira anos atrás; sabe como? era gato comendo gato e furando olhos e mordendo bocas - e era feio demais pro seu estômago. Ficara de fininho percebendo os trejeitos - e quantos eram! - e agora quase sabia muito, faltava-lhe mais um pouco, na bem da sinceridade. Mas que a estória foi passando e de tudo hoje já era enxergável (com aquele jeito mesmo de quem tem fome com o olho) e a moça tava quase a acreditar na estória. Garfara no brilhinho dos olhos. Mas não tinha anseio de catar o terrero e fazer maldade ou praticar mal-criação ou egoísmo descabido ou posse cruel; queria só sentir um pouquinho de um pouquinho de alguns, mas vira na vida que só vale o que em si mesma tem um bilhete escrito "válido", portanto não faria besteira de enfiar na pansa coisa que não quer só por ter olho maior que a barriga. Daí mas a questão continua sendo o moço afoito... ele tá tonto. Fica pensando que é bonito pôr o pé, depois tirar, e pôr e tirar e dar as costas e escrever e dizer "sou do tamanho de um prédio, mas com humildade", mas belo isso nunca há de ser, nem aqui nem em lugar nenhum. Tem um nome bem é bonito pra isso: Hipocrisia. Que tal? Engana mais Sofia não, seu moço (bonito). Por mais que a pequena te goste, por mais que te goste muito, a pequena não é assim tão baixa pra ficar esperando a espada cair - ainda que o moço não esteja nem se quer pensando no assunto -, esperando a espada da tua distância cretina cair nela. Tá bom assim? Por que dessa vez tem uma coisa a mais: um esconderijo inabalável. O lugar é mais que blindado, ninguém consegue entrar pra misturar, sabia? É dentro dela mesma. Vai pra lá quando pensam em cortá-la com facão que seja. E ficam (risos), ficam os esfaqueadores esperando aflitos do lado de fora - e chorando! - porque não sabem como entrar - não sabem!

Acalma-se.
Tem respiradores ao lado. Os bandidinhos de açúcar que dão a mão, e tem espírito de natureza feita de altruísmo. São risonhos, os dois. Ou três? E não são de gritar na cara dos outros, nem de estrelismos chulos. Estão perto pra ajudar a respirar. Ou pra passar a mão nas costas ou pra levar nas costas ou pra sorrir. E não vão assim embora sem dizer nada; eles ficam. Que quem fica não recebe prêmio, é verdade, e não vira alto, pras televisões. Quem fica, fica perto. Fica em um quarto menor, mas virado pro mar: dentro do c o r a ç ã o.

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